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Edição 596

Trump, a escrita e a tecnologia

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Esta foi a semana que viu acontecer um marco histórico. Donald Trump foi eleito o 45º Presidente dos Estados Unidos América. Conversas políticas à parte – não é a minha praia nem a minha área – há um ponto aqui que me parece importante e relevante, até porque, de certa forma, envolve a escrita.
A comunicação social, principalmente a de grande dimensão, tem um impacto enorme na opinião pública. Com a dimensão que as redes sociais atingiram e com a utilização, inteligente, desse veículo pelos meios de comunicação social, a opinião do público, daquela fração dele que é, infelizmente, grande demais, e que não se dá ao trabalho de pesquisar e formular um argumento concreto e preciso, é facilmente manipulada e influenciada.
Donald Trump foi alvo do maior ataque pessoal que alguma vez presenciei. A maioria não era a favor de Hillary Clinton, (nem sequer dos restantes dois partidos que provavelmente a grande, grande maioria não conhece) mas sim contra Trump. De todos os lados choveram críticas e opiniões e autênticos bilhetes de identidade do candidato (que, diga-se, pôs-se a jeito, pela postura que assumiu e pelo teor das suas intervenções, apesar de tudo), de pessoas que até só conheceram Trump por causa destas eleições. Isto faz-me refletir no poder que a palavra, aliada à tecnologia, tem hoje em dia. Não tenho a menor dúvida que uma grande vantagem e uma das principais razões da vitória do candidato republicano foi precisamente todo o espetáculo que se montou à volta dele. Beneficiou disso, cresceu na opinião pública (bem ou mal) e acabou por tirar vantagens disso.
O grande problema da eleição de Trump não é o candidato em si, que foi eleito em democracia, o sistema político que, afinal, (quase) todos defendemos. O problema foram os milhões de votantes (e apoiantes noutros países) que o elegeram e aclamaram. E isso deve-nos levar a refletir em duas questões muito importantes.
Em primeiro lugar, a questão da mentalidade mundial, do seu estado atual e para onde caminha. A democracia é um sistema político no qual, em teoria, elegemos os representantes com que nos identificamos para que nos governem da melhor forma. Se a maioria se identifica com este perfil ideológico… É grave. O que podemos esperar, ao nível das artes, da literatura, de um povo assim, se o propósito destas artes é, em teoria, fazer passar uma mensagem? Que mensagem passamos, assim?
E isto leva-nos à segunda questão, mais ligada à escrita. Os meios de comunicação social, os famosos, todas as pessoas com poder devem ter cuidado na forma como se dirigem às massas. São facilmente influenciáveis e é extremamente perigoso a forma como a retórica foi substituída por meia-dúzia de frases postadas numa rede social.
Esta quinzena não recomendarei um livro. Deixo o repto para darmos uma vista de olhos nas nossas redes sociais e pensarmos se aquilo que vemos escrito é realmente o que pensamos… ou queremos pensar.
Literariamente, estamos conversados.

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