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Edição 588

Trofa perde mais uma parte da sua história – Parte II

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Na passada edição partilhei a tristeza de ver desaparecer uma ponte que encerrava em si uma parte da história da Trofa, relembrando a todos os que lá passavam, que a Trofa não nasceu da Rotunda do Catulo ou do cruzamento da estrada Porto-Braga com a estrada Santo Tirso-Vila do Conde. Efetivamente a Trofa viveu o seu crescimento à custa da passagem do caminho-de-ferro e de todos os movimentos comerciais e económicos que este meio de transporte potenciou para a Trofa e a Região.
Os mais desatentos ou tendenciosos, terão como única conclusão desse texto, que eu defendia a manutenção da “Ponte da Peça Má” a todo o custo, tal como estava, sendo um defensor do património e da história contra o progresso e a melhoria da segurança e condições de mobilidade. A minha condição de membro de oposição ao atual executivo camarário, impunha-me que não pudesse ter outra opinião, dirão alguns.
Como se ENGANAM e TOMAM CONCLUSÕES ERRADAS.
Não defendo a preservação do passado tal como está, quando este obstaculiza de forma castradora a melhoria da qualidade de vida das populações. Sou defensor do progresso e que o mesmo seja potenciado. Potenciado numa visão do futuro a 4 anos, a uma década ou uma geração, mas com memória e valores do passado.
Mas potenciar o futuro, é também saber oscultar as diferentes visões e numa cultura democrática conquistada há longos anos (para alguns apenas), permitir-se avaliar, discutir, divergir, para se encontrar um consenso mais amplo e fundamentado no rigor, que nos permita tomar decisões, irreversíveis muitas vezes, mas que não nos possam no futuro, como no passado, fazer “chorar” e lamentar por decisões tomadas, sem acautelar interesses futuros.
Mas falar de democracia participada, leva-me por ironia, a uma Assembleia Municipal de 24 de Abril de 2014, onde o trofense Manuel Silva, na sua qualidade de cidadão, dirigia-se a essa Assembleia, na freguesia de Covelas, para alertar para o risco da «(…) demolição da ponte junto aO “Peça Má”, argumentando o seu valor histórico, patrimonial, arquitetónico e, possivelmente prático. Para o efeito, partilhou exemplos de personalidades e empresas que se opõem à demolição e que são da sua opinião no que diz respeito ao valor da mesma ponte. Terminou a sua intervenção, apelando à sensibilidade do Executivo Municipal para que “ não se voltassem a cometer erros idênticos aos do passado”.»
O Sr. Presidente da Câmara, Dr. Sérgio Humberto, após agradecer a comemoração do 25 de Abril, respondia: «(…) sobre a ponte da “Peça Má”, tendo em conta que a referida ponte é propriedade da “Metro do Porto” que avançaria com a sua demolição ou passaria a ser da responsabilidade da Câmara Municipal da Trofa a sua manutenção.(…)»
Fonte: Ata n.º 5 da Assembleia Municipal de 24 de abril de 2014, aprovada na Assembleia Municipal de 27 de junho de 2014
Perdoem-me os leitores pelas citações e descriminação das fontes, mas como compreenderão serei seguramente acusado de tentar manipular opiniões, e tal como afirmei na anterior edição, quero apresentar-vos alguns factos que poderá ajudar cada cidadão a deter uma opinião própria e imparcial, mais esclarecida, sobre a forma como este processo foi tratado.
Assim sendo, este tema não foi levado uma vez, isoladamente, a uma Assembleia Municipal, tendo sido esquecido, e em ambas as situações ocorridas e distanciadas no tempo, ficou patente por parte do executivo municipal atual um compromisso de estudar as alternativas e tomar decisões fundamentadas e partilhadas.
Conhecem os estudos mencionados pela câmara que evidenciem o estado de degradação dessa ponte? Qual era o orçamento anual para a sua manutenção? Quais os reais perigos à circulação? Onde estão esses estudos e porque nunca foram partilhados com a população ou com os órgãos legitimamente eleitos onde estas questões eram colocadas?
SEGURANÇA É UM VALOR QUE SE SOBREPÕEM A MUITOS OUTROS VALORES, mas existia alternativas de deter segurança sem destruir a ponte? Estas alternativas eram financeiramente comportáveis? Quando custavam?
MAS A PONTE FOI DESTRUIDA… Faço parte do grupo dos culpados de não conhecer ainda hoje todas as respostas a estas questões. Mas quem decidiu conhecia?
No próximo número continuarei a apresentar-vos informações factuais acerca deste tema.
(continua em próxima edição)

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