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Crónicas e opinião

Sérgio Humberto, um político de carreira

“Sérgio Humberto viu aqui uma oportunidade de ocupar o único cargo político que, como o próprio assumiu, lhe pode dar uma boa conta bancária.”

João Mendes

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Sem surpresa, Sérgio Humberto faltou à sua palavra e decidiu abandonar o mandato de presidente da CM da Trofa, a um ano e meio do fim.

Ao fazê-lo, deixou claro aquilo que muitos já sabiam: que o autarca demissionário é um político de carreira como tantos outros. E que o seu amor incondicional ao concelho, assim como os dois pés, a cabeça e o corpo inteiro que ainda há poucos meses alegava ter na Trofa, tinham um preço. E esse preço são os 5 dígitos do salário de eurodeputado.

Há quem agora se sinta enganado. Não é o meu caso. Nunca esperei muito da palavra de alguém que, em 2013 e 2014, usou o dinheiro dos nossos impostos para recompensar, com ajustes directos, pessoas que trabalharam na sua primeira campanha. Quem não tem vergonha de usar os recursos de todos os trofenses em benefício próprio, também não a terá para dar o dito por não dito sobre o seu compromisso com a governação do nosso concelho.

É preciso deixar algo muito claro. Sérgio Humberto não vai para o Parlamento Europeu pelo seu amplo conhecimento sobre o funcionamento das instituições ou pelo pensamento estruturado que tem do projecto europeu. Não se lhe conhece uma ideia sobre o assunto. Os próprios fundos europeus, fundamentais para a obra que deixa, tinham outras cabeças a pensá-los.

O motivo que leva Luís Montenegro a colocá-lo na lista de elegíveis, num tangencial 6º lugar, é, apenas e só, o da lealdade política. Sérgio Humberto foi fundamental na contagem de espingardas, e na mobilização da distrital do PSD, e recebe agora o seu prémio de desempenho. Aliás, se o critério fosse o mérito, ou mesmo a preparação, teria necessariamente que estar num lugar acima do de Sebastião Bugalho, que mais não fez, até hoje, que comentar a actualidade política.

Temos, portanto, um autarca que, tendo jurado fidelidade à causa trofense, a decide abandonar por um emprego melhor em Bruxelas. No fundo, um Durão Barroso em ponto pequeno, que, recorde-se, também garantia ir para a Comissão Europeia puxar por Portugal. Com os resultados que se conhecem.

Sérgio Humberto pode tentar convencer-nos que vai para Bruxelas defender os interesses do concelho, mas não pode prometer tal coisa, porque não age a solo, mas sob tutela do PSD e do PPE. Trata-se, em bom português, de uma desculpa esfarrapada.

Aliás, Sérgio Humberto sabe bem ao que vai. Até porque, em tempos, durante uma sessão da Assembleia Municipal, se referiu ao seu novo cargo da seguinte forma:
“O único cargo político que se ganha dinheiro, não é um presidente da República que ganha o que ganha, um primeiro-ministro, um ministro, secretário de Estado, presidentes de câmara, presidentes de junta, é o único cargo político que, verdadeiramente, se pode ter uma boa conta bancária.”

Claro que os mais ferrenhos apoiantes dirão que é um prémio pelo trabalho feito na Trofa, como se isso interessasse à cúpula do PSD no momento da escolha.

Não é.

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Sérgio Humberto viu aqui uma oportunidade de ocupar o único cargo político que, como o próprio assumiu, lhe pode dar uma boa conta bancária. Para o autarca, o seu salário na casa dos 3 mil euros são trocos.

Este desfecho diz-nos muito sobre as suas prioridades. Se a Trofa fosse a grande prioridade que afirmava ser, cumpriria o seu mandato até ao fim. E, se o partido o considera assim tão bom, seguramente teria outras oportunidades no futuro. Até porque Sérgio Humberto ainda tem umas boas décadas de política pela frente. Acontece que o dinheiro falou mais alto. E, como qualquer político profissional, fez pela sua vidinha. Um político de carreira será sempre um político de carreira.

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