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Edição 521

O silêncio cúmplice e ensurdecedor

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Joao mendes

1. Deparei-me por estes dias com o resultado final do concurso de fotografia “Retratos”, que juntamente com a revista “Inforede”, publicação que nunca a vi mas que acredito que exista, constituem o objecto de um contrato por ajuste directo celebrado no início de Setembro passado entre a CM Trofa e a Flexisílaba Publicações, Lda. (anterior proprietária do jornal Correio da Trofa) no valor de 19.455,08€ + IVA. Não sendo eu um especialista, numa cidade que até os tem com relativa abundância apesar de não terem sido sequer considerados por quem no executivo camarário decidiu sobre esta adjudicação, não irei tecer comentários quanto à qualidade dos projectos. Apenas notar que, na passada segunda-feira, os autores das fotografias expostas não estavam identificados e que a apresentação dos projectos me pareceu muito fraca para uma actividade que envolveu uma verba tão avultada. Aliás, o facto do regulamento do concurso ter sido alterado a meio, tendo sido acrescentado um prémio adicional no valor de 579,99€, valor anunciado com pompa, circunstância e aparente desespero, parece-me ilustrativo sobre a forma como decorreu esta actividade.
Com o IVA à taxa de 23%, esta adjudicação feita pelo executivo Unidos pela Trofa custou-nos a “módica” quantia de 23.929,75€. Não dá para construir a variante, perdão, a circular ou o centro de saúde mas não deixa de ser um valor considerável que daria, por exemplo, para cobrir a recente “renovação” do contrato de prestação de serviços com o escritório Belchior e Associados, Sociedade de Advogados RL, escritório que se encontra actualmente no epicentro de uma grave denúncia feita pelo ex-dirigente nacional do PSD Paulo Vieira da Silva contra o vice-presidente do seu partido, Marco António Costa, junto da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Judiciária, sobre um alegado esquema de tráfico de influências que foi notícia na imprensa nacional na passada semana.
2. Faz hoje exactamente dois anos que a JSD Trofa publicou um vídeo na sua página de Facebook, partilhado em massa por dezenas de “jotas” e destacados dirigentes/militantes do PSD Trofa, que nos apresentava um conjunto de ajustes directos levados a cabo pelo anterior executivo. Segundo a montagem dos jovens sociais-democratas, passados mais de três anos e meio do início do mandato de Joana Lima, a factura dos ajustes directos teria já ultrapassado os 500 mil euros. “Eles escolhem as prioridades. Nós escolhemos a mudança.” podia ler-se na mensagem que fechava este vídeo.
No entanto, e com um mandato que nem a meio chegou, o executivo liderado por Sérgio Humberto já conseguiu ultrapassar os mesmos 500 mil euros em ajustes directos, isto se considerarmos apenas os contratos relacionados com as áreas da publicidade, comunicação, assessoria jurídica e espectáculos. Porém, da boca dos outrora tão atentos militantes da JSD Trofa, nunca mais se ouviu uma palavra que fosse sobre o tema. Nem deles, nem de esmagadora maioria dos militantes do seu partido. É caso para dizer que, mais do que as suas prioridades, uma mudança foi efectivamente escolhida. A mudança para um silêncio cúmplice e ensurdecedor de quem avalia situações iguais com parcialidade e sem um pingo de isenção. Mas, como referia o senhor presidente na Assembleia Municipal de 27 de Fevereiro, pode ser que estas pessoas venham um dia a gostar mais da Trofa do que do seu partido.

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