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Folha Liberal: A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha

“Os acontecimentos na Assembleia da República nos últimos dias foram, em todos os sentidos, lamentáveis e inaceitáveis. Se não vivêssemos neste clima de campanha eleitoral e “claques de futebol” em que vivemos, certamente os eleitores portugueses exigiriam muito mais dos seus deputados eleitos.”

Diamantino Costa

Publicado

em

DR - Facebook Chega

A frase que dá título a esta crónica é atribuída a Sá Carneiro e não poderia encaixar melhor na situação política em que nos encontramos, nomeadamente na falta de vergonha e de respeito que muitos mostraram na inacreditável eleição do presidente da Assembleia da República. Dá a impressão de que os deputados eleitos se esqueceram da sua função e obrigação de legislar e governar o país, estando muito mais interessados em continuar a campanha eleitoral.

Os partidos continuam com suas táticas, tentando “entalar” os outros partidos, pensando no máximo de proveitos que podem obter.

Os acontecimentos na Assembleia da República nos últimos dias foram, em todos os sentidos, lamentáveis e inaceitáveis. Se não vivêssemos neste clima de campanha eleitoral e “claques de futebol” em que vivemos, certamente os eleitores portugueses exigiriam muito mais dos seus deputados eleitos.

Atribuo especial responsabilidade ao partido Chega, já que os seus deputados, e especialmente o seu Presidente, mostraram uma falta de responsabilidade, de sentido de Estado e de vergonha que ultrapassa tudo aquilo que já sabíamos que eram capazes.

Quando o PSD afirmou que votaria favoravelmente os nomes dos quatro partidos mais votados para as vice-presidências da Assembleia da República e que esperava que esses partidos tivessem o mesmo sentido de voto na eleição do nome que apresentariam para a presidência, não estava fazendo nenhum acordo especial com nenhum partido. Estava apenas fazendo aquilo que deveriam fazer e que era a norma antes de um tal António Costa ter “terraplanado” tudo o que era a prática parlamentar.

Claro que André Ventura, tão ávido de fazer um acordo com o PSD, veio logo gabar-se de ter chegado a um acordo para a eleição da mesa da Assembleia. Finalmente, tinha o acordo que tanto pedira. Tenho para mim que a tática do Chega era, mesmo assim, não votar no nome proposto para a presidência, achando que o PS faria isso e assim dizer que já estava montada a aliança entre o PSD e o PS. Teve azar, porque o PS também não votou a favor e Aguiar Branco não foi eleito.

Nesta fase, André Ventura ainda dizia que tinha dado instruções para o voto favorável, mas que o voto é secreto. Só depois, quando percebeu que dizer isso significava que seu grupo parlamentar não seguia suas instruções, é que passou a dizer que algumas pessoas do PSD e do CDS haviam dito que não havia acordo e por isso se desvinculou desse acordo. Mas se foi assim, por que não disse isso antes da votação?

Já agora, não percebi a necessidade dessas pessoas do PSD e do CDS virem dizer que não havia acordo… de que têm medo?

O Chega passa a vida a “pedinchar” um acordo com o PSD para formar uma maioria de direita e a dizer que é preciso tirar o PS do poder. Mas quando, a certo ponto da votação, as opções eram entre um candidato do PSD e outro do PS, o Chega votou de forma a impedir que ganhasse o candidato da direita. Afinal, parece que o Chega não está tão interessado em se ver livre do PS, mas sim em ocupar os lugares do PS.

Aliás, se o Chega é tão contra o sistema e contra os “tachos”, como estão sempre a dizer, por que não decidiram não apresentar nomes para a vice-presidência e para a mesa da Assembleia da República? Afinal, dá a impressão de que só são contra os “tachos” se esses “tachos” forem para os outros. Se forem do Chega, já não são “tachos”. O que o Chega quer é o máximo de confusão.

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Felizmente, foi possível encontrar uma solução que permitiu sair do impasse a que se chegou na Assembleia da República, e lá foram eleitos o Presidente e vice-presidentes da Assembleia, bem como a respetiva mesa.

Esteve bem o PSD ao manter sua decisão de votar favoravelmente os nomes apresentados pelos quatro maiores partidos, tal como prevê a Constituição, isto apesar de o Chega faltar à palavra dada e ter votado contra o nome do PSD. Nunca fui muito favorável à decisão do PSD durante a campanha eleitoral do “não é não”, por me parecer exagerada e dificultar a governação. Depois do que o Chega fez na Assembleia, nos últimos dias, sou o mais favorável possível a um “não é não”. O Chega mostrou que não é confiável e que seu líder é demasiado instável para podermos confiar nele.

Sá Carneiro dizia que “a política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”. Neste momento, temos as 2 coisas: política sem risco, em que todos os partidos só querem agradar aos seus eleitores, e política sem ética, como ficou bem patente no acima exposto. Isto faz com que a política neste momento seja uma chatice e uma vergonha.

Faço votos para que esta situação se altere, e espero que o novo governo possa fazer melhor do que os anteriores.

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