Edição 532
Crónica verde: Quando o calor é demais
O verão está a chegar – e, com ele, o calor. E como desejamos o calor durante o inverno! Mas, na verdade, passamos esta estação a procurar o “fresquinho”, porque o que é demais não presta, não é? Seja calor ou seja frio…
Há um ano, quando escrevi sobre optar por comportamentos mais amigos do ambiente quando vamos de férias, abordei brevemente a questão de evitarmos o uso de aparelhos de ar condicionado, mas, hoje, quero estender-me um bocadinho mais.
Infelizmente – e durante muitos anos –, a maioria dos edifícios em Portugal foi construída sem preocupações ao nível do conforto térmico. Quase como se vivêssemos num daqueles paraísos onde está sempre sol, um calor agradável e onde uma brisa suave passa, de quando em quando (e na medida certa) para refrescar.
As construções mais recentes, principalmente, desde que surgiu a certificação energética aplicada aos edifícios, já demonstram um maior cuidado neste campo, mas a maioria das pessoas ainda vive em casas que são extremamente frias no inverno e muito quentes no verão.
Se tem a sorte de viver numa casa antiga, do tempo em que as pessoas – com o conhecimento empírico passado através dos séculos – escolhiam cuidadosamente a localização e orientação das suas habitações e usavam materiais locais, provavelmente, não terá grandes queixas. Na nossa zona, o granito é o material por excelência e a espessura das paredes das casas tradicionais permite mantê-las frescas durante o dia, no verão. Provavelmente, só terá que ventilar a casa depois do anoitecer, abrindo as janelas, para que o ar fresco exterior expulse o calor que o granito liberta para o interior, durante a noite.
Mas se viver num dos tais edifícios projectados para um país onde estão sempre 24ºC… Não tem a certeza se é o seu caso? Se passar o inverno com o aquecedor ligado e enrolado em mantas no sofá e o verão a atirar-se para o chão durante a noite porque não consegue dormir com o calor, é o seu caso. E o meu…
Soluções? E claro que não estou a falar de intervenções maiores, como isolar melhor as paredes e a cobertura e mudar caixilharias.
Calafete, com fita isoladora, todas as portas e janelas. Se tiver varandas, terraços e afins, colocar plantas altas perto das janelas ajuda a sombrear e a “afastar” o calor. Feche janelas e estores (persianas) durante o dia, principalmente onde o sol bate directamente. À noite, abra tudo (de preferência com as luzes apagadas para não ser invadido pelos mosquitos). Se possível, crie correntes de ar.
Se estas medidas não forem suficientes, compre uma ventoinha ao invés de um aparelho de ar condicionado. Normalmente, é suficiente e o gasto energético é muito, muito menor. Pode optar até por ventoinhas de tecto!
E se, realmente, nada disto for suficiente e quiser comprar mesmo um aparelho de ar condicionado, estude bem a sua situação (os aparelhos de exterior são mais eficientes e económicos que os portáteis) e, se possível, aconselhe-se com um técnico.
E lembre-se que a nossa temperatura de conforto é de 24ºC e não 15º…
Bom verão!
ema magalhães | APVC
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