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Edição 568

Uma Perspectiva

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A Europa está cada vez mais um lugar estranho, parecendo um continente à deriva. Pior que andar à deriva é não saber que rumo deve tomar. Com uma crise económica e financeira que se prolonga há demasiado tempo, neste momento o velho continente está a braços com (mais) um problema que não entende e não conseguirá resolver nos próximos anos – o terrorismo levado a cabo pelo Estado Islâmico (EI). Ainda o mundo estava a começar a perceber a Al-Qaeda e eis que surge o EI ainda mais radical e sanguinário. Se a Al-Qaeda numa primeira fase se virou contra os EUA, o EI desde cedo definiu uma política de expansão na zona do Levante e Iraque, tendo como meta final a instauração de um novo califado, incluindo para isso territórios europeus, entre os quais a Península Ibérica, que no passado já esteve sob o domínio muçulmano. E de repente parece que voltamos à Idade Média, com a introdução de termos como guerra santa e infiéis. Mas o problema começa mesmo aqui: os Europeus perderam a perspectiva histórica do seu espaço.
Em sociedades com séculos de laicização, estes fenómenos aparecem sob a forma de exotismo perpetuado por alguns lunáticos para a maioria dos europeus. O problema dessa análise é que é redutora. Se por vezes aparece a figura do jovem filho de imigrantes, nascido e criado no gueto, com um cadastro de pequenos delitos, muitas vezes convertido à pressa (existem relatos de convertidos que compraram o livro “Islam For Dummies”), desempregado, com baixa escolaridade e ostracizado, no outro lado da medalha, não tão exposto mediaticamente, temos os letrados, com bons empregos, residentes em bairros de classe média.  O problema é quando vêem a luz, quando passam a combater o “modo de vida ocidental” – o tal no qual a maioria vivia até à ruptura. Mesmo que nos próximos anos se consiga combater este radicalismo religioso, não podemos esquecer de que estamos a falar de uma faixa etária jovem, que pode voltar à vida normal, ficar adormecida por vários anos e acordar novamente através de um novo chamamento.
Por muito que seja difícil aceitar, este acaba por ser um problema também religioso, de uma luta pela conversão. Não aceitar este ângulo acaba por ir contra a história da própria Europa, ir contra o passado de guerras religiosas, de cismas (basta relembrar  o recente encontro histórico entre o Papa e o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, dois líderes religiosos que não se encontravam desde o cisma de 1054) , de evangelização, da Inquisição, do Holocausto.  
O problema, como sempre, parece estar no outro.

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