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Edição 559

“Muito mais que paixão, o Trofense precisa de dinheiro” (c/video)

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“Acredito que possa haver alguém que possa ir acordando só agora com as notícias e olhando para os factos, mas esta, infelizmente, é uma realidade de há muitos anos, que não temos sido capazes de combater”. Foi desta forma que Paulo Melro, presidente do Clube Desportivo Trofense descreveu a atual situação do emblema mais representativo do concelho.

As dificuldades “são diárias” e face à incapacidade de cobrir as despesas, as dívidas acumulam-se e traçam um caminho perigoso para a sobrevivência do Trofense. Em entrevista ao NT e TrofaTv, Paulo Melro revelou que a dívida total do clube ronda os 2,7 milhões de euros, que foram alvo de um Processo Especial de Revitalização (inicialmente rejeitado pelo tribunal e que atualmente está a aguardar pelo desfecho do recurso), enquanto a Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), criada para gerir a equipa sénior profissional, acumulou “500 mil euros” de dívida em dois anos e meio de existência, relativos a ordenados de jogadores e treinadores, Segurança Social e Autoridade Tributária. Também para este valor, o clube desencadeou um processo de reestruturação, uma vez que “um ex-treinador”, que Paulo Melro não quis identificar, “instaurou um processo” a reclamar direitos financeiros. Este caminho permite “ganhar tempo para tentar negociar com possíveis investidores”, que porém teimam em não aparecer. A entrada de capital é, segundo o dirigente, a única forma de tirar a corda da garganta do clube. Ainda houve, no início da temporada, “um grupo internacional de renome, que mostrou interesse em investir, mas a partir de novembro a vontade começou a esfriar, quando percebeu que não era este ano que a equipa ia lutar pela subida”, contou.
Mas as intenções não passam disso mesmo, intenções. Paulo Melro diz que é preciso mais. E é direto na mensagem: “Muito mais que paixão, o clube precisa de dinheiro”. E o “único meio” para isso é, segundo Melro, “vender a participação no futebol sénior”, uma vez que as receitas não cobrem as despesas, pois, mesmo com a “redução drástica” de orçamento para os “250 mil euros” em 2015/2016, os patrocinadores “cada vez mais têm dificuldade em libertar dinheiro para apoiar o futebol”. E a “almofada” que era a família Silva – de Rui Silva, antigo presidente do clube – desapareceu depois de largos anos de apoio financeiro. “Algum dia, tinha que parar”, sublinhou Paulo Melro. O horizonte é, por isso, “muito negro”, se nada acontecer nos próximos tempos.

 
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Vai recandidatar-se?
“Ainda não pensei nisso”
 
Quanto às vozes de descontentamento que têm aumentado face à deterioração da situação financeira e estrutural do clube, Paulo Melro insiste na ideia de que “o problema que o clube atravessa é público e já foi anunciado, tanto na última assembleia-geral como através de comunicado”. E por isso mesmo não é convocada uma nova assembleia, também reclamada por alguns sócios. Melro justifica com a inexistência de desenvolvimento, no entanto sublinha que este “é um instrumento que está à disposição dos sócios” que queiram convocar. Mesmo assim, acrescentou, a direção do clube entendeu colocar-se à disposição dos associados, que queiram esclarecer dúvidas, apresentar propostas ou soluções. Brevemente, será publicado um “comunicado”, a explicar como poderá ser feito o agendamento das reuniões. “Isto mostra que não nos escondemos”, afirmou Paulo Melro, que disse ainda que se mantém no cargo porque sente a “responsabilidade” de “continuar a dar a cara pelo futuro do clube”. “Não vou fugir às minhas responsabilidades”, assegurou.
Por isso, é certo que, não aparecendo nenhuma solução, o presidente do clube não se demite até ao próximo ato eleitoral que será realizado em meados de “maio”. Questionado sobre se vai apresentar recandidatura, Paulo Melro respondeu: “Aquilo que temos vindo a fazer tem sido tão absorvente que não é, ainda, uma situação que me passe pela cabeça. Ou seja, não pensei se sim ou não. Aquilo que eu sei é que, tanto eu como os meus restantes colegas de direção estaremos sempre disponíveis para ajudar o clube”.
Sentir o pulsar dos sócios também será decisivo para a sua recandidatura e isso poderá acontecer na próxima assembleia-geral de março, para a apresentação de contas: “Se eu sentir que os sócios não me querem como presidente, obviamente não me candidatarei”. E o discurso continuou: “É mentira que nós não queremos ajuda ou que nós não fazemos tudo para ser ajudados. Se houver alguém que para ajudar precisa que eu não esteja aqui que o diga e no mesmo dia o lugar estará à disposição. Eu seria incapaz de ficar aqui mais um dia se sentisse que isso estava a prejudicar o clube”.
 
“Não podemos dizer que foi por falta de dinheiro que não conseguimos a fase de subida”
 
Para Paulo Melro, a falta de dinheiro do clube “não é a única responsável” pelo facto de a equipa sénior não ter conseguido garantir presença na Fase de Subida do Campeonato de Portugal. “Algo mais terá falhado e basta pegar no exemplo de equipas que atingiram esse desidrato e que têm orçamentos mais pequenos do que o nosso e as mesmas dificuldades”, justificou.
E, na mesma linha de pensamento, Paulo Melro considera que também não foi o dinheiro que pesou na decisão de alguns jogadores, como o capitão Hélder Sousa, de abandonar a equipa. “Foi a falta de motivação”, argumentou, sem deixar de deixar uma palavra de “gratidão” aos outros atletas “que estão na disposição de continuar”, assim como à equipa técnica, especialmente a “Vítor Oliveira e a Luís Pinto, que têm feito, não só de treinadores, mas também de diretores e psicólogos”.
As expectativas para a Fase de Manutenção do campeonato são contidas, mas ainda assim Paulo Melro alimenta a convicção de que o clube conseguirá manter-se na divisão, anunciando a chegada de jogadores “a custo zero” para “os próximos dias”.
 
Departamento de formação “não está salvaguardadados problemas”
 
Apesar de continuar a trabalhar com “o mesmo dinamismo” graças ao “empenho dos diretores e dos pais dos jogadores”, o departamento de formação não está imune aos problemas que assolam o clube. “É uma estrutura integrada no clube, pelo que não está salvaguardada de repercussões no caso de acontecer um problema de maior dimensão”, alertou.
A criação de um novo clube para transferir as camadas jovens e assim preservar a estrutura é vista como “o último dos recursos”, porque “não é um processo tão linear como se possa imaginar”. Até porque, Paulo Melro diz-se incapaz de “pensar no que vai acontecer depois de acabar o Trofense”, porque não quer aceitar que esse cenário se colocará.

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