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Memórias e Histórias da Trofa: Centro Republicano na Trofa

Um importante marco na história da Trofa, talvez desconhecido da maioria dos trofenses em que ficamos com a certeza que este nosso burgo desde tempos bastante remotos, no século XX, esteve no caminho das disputas políticas e sempre se viveu com intensidade os problemas da sua comunidade.

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A investigação em história traz consigo coisas que nos surpreendem, tal como nas outras ciências. Deparar com o desconhecido, com o imprevisto e até com a alteração de ideias pré-concebidas.

O dia 6 de fevereiro de 1921 foi de festa para os trofenses, sobretudo para aqueles que amavam e defendiam os ideais republicanos: era inaugurado o Centro Republicano Heliodoro Salgado aqui no seu burgo.

Os centros republicanos mais não eram do que polos para o desenvolvimento da cultura republicana, para a propagação dos seus ideais, na prática, uma tentativa de reforçar o espírito republicano nas localidades espalhadas um pouco por todo o País.
Haveria também os centros educativos republicanos, que tinham uma função mais educativa, mais pedagógica de fazer cumprir os objetivos deste regime que era de letrar o inculto e o menos favorecido financeiramente. Acreditavam que somente com estudos e uma maior literacia as mudanças poderiam acontecer.
Neste projeto político, não podemos ignorar a figura de Afonso Costa, que procurava tirar dividendos para o seu Partido Democrático, que só seria extinto em 1926, após ter sido fundado em 1912.
Um partido que recebia os “restos” do Partido Republicano Português, com a sua máquina eleitoral e sobretudo propagandística, iria dominar o cenário político nacional. Os anticorpos iriam ser muitos e era necessário neutralizar essas possíveis ameaças, que só era possível com a proximidade ao povo.
A Trofa entrava na rota deste projeto político republicano nacional, com Afonso Costa a ser ovacionado, com várias vivas naquele dia, embora não tenha estado presente na cerimónia.
No largo fronteiro à estação de caminhos de ferro uma multidão estava presente e aguardava a chegada dos convidados, com o comboio a chegar pelas 11h45, com a presença de Júlio Gomes dos Santos Júnior, Mem Verdial, Camilo d’Oliveira, Augusto de Castro, secretário da Administração do 2.º bairro do Porto, a própria força militar da GNR de Santo Tirso, com o comandante a estar igualmente presente, como também a imprensa e mesmo representantes de centros republicanos das redondezas.
Um dos temas que marcava aquele momento era a luta pela concretização de uma nova escola para servir a Trofa, mais de 50 representantes da política local e também da nacional presentes, fazia com que houvesse uma enorme expectativa se esse assunto seria apoiado.
Nas edições seguintes do jornal, foi possível perceber que, de facto, o apoio solicitado pelos políticos locais tinha sido concretizado e a construção de uma escola para servir a Trofa estava cada vez mais próxima.
A meio da tarde, José Domingues dos Santos, Ministro do Trabalho e da Presidência Social que teve um papel relevante em vários Governos Republicanos, discursou conseguindo levar ao rubro a multidão, relembrando as conquistas que este novo regime tinha trilhado e vencendo para a comunidade.
O mesmo, conforme foi referido, acabou no momento em que se despedia da Trofa e da comitiva que esteve por eles que ia atribuir um subsídio aos trofenses para conseguirem construírem a sua escola.
A Trofa viveu um dia de festa, o republicanismo atingia um patamar “cada vez mais sério”, sobretudo com o apoio da figura histórica local Alfredo Machado, que era o presidente daquele núcleo político.
A sua atividade política poderá ter sido efémera, porque as notícias sobre o mesmo são reduzidas, sabendo que o mesmo se reunia todos os domingos de 15 em 15 dias pelas 11 horas da manhã, embora as suas reuniões fossem ocorrendo de forma alternada na semana, justificando a sua realização com a necessidade de discutir certos assuntos.
Nos dias anteriores, concretamente em 9 de janeiro, era aprovada a direção do núcleo, referida a figura de Alfredo Machado que era o seu Presidente, sendo secundado na direção por Emídio Midões a Presidente da sua Assembleia Geral, Presidente do Conselho Fiscal a ser Manoel da Silva e Sá e por último da Comissão de Festas, Manoel da Costa Azevedo.
Um importante marco na história da Trofa, talvez desconhecido da maioria dos trofenses em que ficamos com a certeza que este nosso burgo desde tempos bastante remotos, no século XX, esteve no caminho das disputas políticas e sempre viveu com intensidade os problemas da sua comunidade.
Possivelmente em futuras crónicas, mais elementos relativamente a este assunto.

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