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Ano 2010

«Mudem de rumo, já lá vem outro carreiro»

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atanagildolobo

Aqui, neste espaço, expressamos a nossa opinião. Muitos dos opinantes que aparecem nos órgãos de comunicação social escrita ou falada, nacionais ou regionais, tentam fazer crer que o descalabro em que nos encontramos resulta da actuação do actual primeiro-ministro Sócrates em primeira mão e do PS em segunda mão.

Ora, esta forma de colocar as coisas leva-nos a erros no futuro, tal como aconteceu no passado. No nosso modesto pensar, se o Primeiro-ministro se chamasse Passos Coelho, P. Portas ou Durão Barroso, estaríamos rigorosamente na mesma situação. Veja-se a reacção positiva da Comissão Europeia e Durão Barroso aos diferentes e sucessivos PECs. Repare-se na própria posição nacional em relação aos PECs do PSD e do CDS. Aliás o que o PSD planeava seria bem pior: descer a taxa social única das empresas (leia-se as grandes empresas ) para “as tornar mais competitivas”, anular o conceito da proibição dos despedimentos sem justa causa e desvirtuar o serviço nacional de saúde gratuito e universal e a escola pública. Medidas que levariam o forte apoio do CDS/PP.

O que está mal é esta política que ao longo de anos e anos nos conduziu até aqui. Esta politica que foi orientada por PSD, com ou sem o CDS e pelo PS. No fundo estão todos de acordo. Por isso é que tentam personificar a política tentando criar o logro que tudo decorre da capacidade de um homem de ser ou não um bom político ou um bom primeiro-ministro. Mas o mal está na política de PS, PSD e CDS. Uma política que defende a alta finança, gera desemprego, cria corrupção, compadrio, redes… veja-se o caso da entrega de cargos segundo a cor do cartão, quando ganha um, os ofícios são para os cartões de uma cor, quando ganha o outro vão para os cartões de outra cor.

 

Também é bom de reparar o baile dos ministros e secretários de estado que deixam de o ser e assumem altos cargos de gestão, bem remunerados, em grandes empresas. Mas, quando se aceita e concorda com esta política geradora de desigualdades, assimetrias e pobreza, faz-se de conta que não se está de acordo, porque o Primeiro-ministro não incita confiança, faz parte do passado, desiludiu os portugueses… Muitos, como recentemente constatamos em outro artigo, servem-se de dados objectivos como a maior dívida externa, a maior carga fiscal, etc….para concluir que Sócrates é o pior primeiro-ministro de sempre, apenas comparável a Vasco Gonçalves.

Não sabemos se foram ponderados na lista Salazar e Caetano também…, mas presumo que apenas estaria em causa o tempo do pós 25 de Abril de 1974. Com o devido respeito, poderíamos fazer exactamente o mesmo raciocínio baseado nos dados igualmente objectivos de uma das menores dívidas externas de sempre, da menor carga fiscal, do maior sentimento de segurança dos portugueses, da ausência de crise económica, da maior segurança no trabalho, da menor desigualdade social, da menor taxa de pobreza, da menor taxa de desemprego, e por aí fora, para concluir exactamente o contrário e afirmar que a política desenvolvida pelo General Vasco Gonçalves foi, de facto, sobretudo para os mais desfavorecidos, para os trabalhadores em geral e para os reformados, a melhor, e nessa medida, Vasco Gonçalves, foi o melhor primeiro-ministro de sempre na história política da democracia portuguesa.

Depois veio o descalabro. Logo com o governo PS/CDS, depois com a AD a que se seguiu o Bloco Central, com Soares a “bifar” o 13.º mês aos trabalhadores. Seguiram-se as maiorias de Cavaco Silva. Milhões a entrarem no país para o asfalto das SCUTS e auto-estradas que, afinal, vamos todos agora pagar. Choveram fundos de toda a ordem para abater a frota pesqueira, para alterar culturas agrícolas, para formação, para aniquilar o nosso tecido produtivo que, distribuídos sem critério e sem fiscalização, contribuíram para o lindo estado em que nos encontramos.

Depois das indefinições do governo Guterres passamos ao de Durão Barroso que mentiu aos portugueses e ao mundo para fazer uma guerra e, mal lhe surgiu a oportunidade, logo “cavou” para Bruxelas e é hoje um dos principais apoiantes da política do ” porreiro pá ” de Sócrates. De Santana e Portas nem valerá a pena falar. Ainda governaram menos tempo do que Vasco Gonçalves. E a queda por submarinos revelou-se tão forte que se ainda governassem já teríamos ido ao fundo. Foram estes os protagonistas desta política.

O que é preciso é mudar de política, mantendo claramente o investimento público sustentado e racionalizado, aumentando a produção e criando emprego. Assim poderemos sair deste marasmo. Por isso tal como a formiga que vinha em sentido diferente na canção de Zeca Afonso, também dizemos «mudem de rumo, já lá vem outro carreiro».

Guidões, 11 de Outubro de 2010.

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