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Concelho da Trofa: não foi fácil

Moreira da Silva rejubilava pelos momentos em que o povo se fazia ouvir, como naquele dia 19 de novembro de 1998.

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Moreira da Silva rejubilava pelos momentos em que o povo se fazia ouvir, como naquele dia 19 de novembro de 1998, em que, da escadaria da Assembleia da República, chorou de alegria ao ver os milhares de trofenses gritarem pela autonomia administrativa.

Membro da Comissão Promotora de Trofa a Concelho, Moreira da Silva tentou, de diversas formas, contribuir para a “verdade” da história, fazendo questão de relevar o papel preponderante das juntas de freguesia, associações, escolas, empresas e comunicação social local para dar músculo à luta.

Passados 25 anos da criação do “menino dos seus olhos”, e honrando as quase duas décadas de colaboração ininterrupta com O Notícias da Trofa, fazemos uma homenagem ao professor, falecido em 2020, republicando uma das suas crónicas relacionadas com a criação do concelho.

“Foram muitas as gerações que sonharam e lutaram, para que fosse criado um novo Concelho, desde a década de 30 do século XIX até finais do século XX, para que a realidade homogénea, em termos geográficos, culturais, históricos e sociológicos, do conjunto de oito freguesias desagregadas da Maia, primeiro por força da Divisão Judicial, em 7 de agosto de 1835 integradas no Julgado de Santo Tirso e, pouco tempo depois, em consequência da nova Divisão Administrativa, de 6 de novembro de 1836 agregadas no então criado Concelho de Santo Tirso, se tornassem independentes.

Grande parte da região que hoje pertence ao Concelho da Maia pertenceu desde sempre à denominada Terra da Maia, que foi habitada desde os tempos pré-históricos. Nos meados do século XIII estendia-se das margens do Rio Leça ao Rio Ave, das costas do mar até às serras de Valongo e da Agrela.

Quando se deram as invasões francesas, na primeira década do século XIX, a hostilidade dos portugueses aos franceses foi uma constante ao longo do percurso por onde passavam, mas a grande oposição que as tropas gaulesas tiveram foi na Trofa. A luta contra os invasores franceses fortaleceu o espirito trofense e quando foi efetuada, a desagregação das oito freguesias da região da Trofa foram muitos os requerimentos contra a referida desagregação, subscritos por diversos habitantes das freguesias retiradas do Concelho da Maia, para serem agregadas ao então criado Concelho de Santo Tirso.

O sonho da criação do Concelho da Trofa passou de geração em geração, nunca morreu, nunca chegou a «enferrujar» e raramente esmoreceu. Demorou muitos, mas mesmo muitos anos até que a «carta de alforria» foi conseguida, eram 17h55, do famoso dia 19 de novembro de 1998, para gaudio da grande maioria dos trofenses.

O povo trofense tinha mandatado os elementos que constituíram a Comissão Promotora do Concelho da Trofa (os seus nomes até foram sufragados em Assembleias de Freguesia eleitas pelos trofenses), para um único objetivo: a criação do Concelho da Trofa. E conseguiram!
É por isso, que os elementos da Comissão Promotora do Concelho da Trofa podem, e devem ser considerados os «verdadeiros» pais do Concelho da Trofa. Merecidamente!

Não foi fácil a criação do Concelho da Trofa, pois em quatro décadas de democracia, só foi criado o Concelho da Amadora (1979) e no final do século XX, no mesmo ano de 1998, o Concelho de Vizela e depois os Concelhos de Odivelas e Trofa. Atente-se também ao facto, de que em duas décadas passadas da criação do Concelho da Trofa, não foi criado mais nenhum concelho em Portugal. Valeu a pena!”

José Maria Moreira da Silva
Novembro de 2018

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