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Edição 550

Quando a história se repete: O caso Cinetrofa

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Joao mendes

Uma das críticas mais ferozes da oposição ao anterior executivo assentou no despesismo que representou a passagem da Volta a Portugal pela Trofa, um projecto orçado em cerca de 100 mil euros e plasmado num contrato válido por três anos, durante os quais o nosso concelho contaria com três etapas: uma partida, uma chegada e uma passagem da prova rainha do ciclismo nacional pelo nosso concelho.
Inicialmente, o projecto foi apresentado aos trofenses como sendo financiado a 85% por fundos comunitários, ficando a cargo da autarquia os restantes 15%. Tratava-se de um investimento directo de 15 mil euros, 5 mil por ano, que colocava a Trofa no mapa dos grandes eventos desportivos nacionais por um valor modesto, considerando a dimensão da prova. Porém, a história acabou por se desenrolar de forma diferente daquela que nos havia sido contada, os fundos não vieram e a Câmara Municipal acabou por assumir o valor total deste projecto. A direita trofense foi implacável, sem nunca querer ouvir a argumentação do executivo liderado por Joana Lima e, na campanha de 2013, o assunto foi uma das grandes armas da coligação PSD/CDS-PP para abater o Partido Socialista.
Dois anos mais tarde, no decorrer da Assembleia Municipal do passado dia 30 de Novembro, ficamos a saber que a história, essa caprichosa, se tornou a repetir. E porquê? Porque o Cinetrofa, inicialmente apresentado aos trofenses pelo executivo municipal como um projecto financiado a 85% pela União Europeia, acabou por não conseguir um tostão de fundos comunitários. Significa isto que será a nossa endividada autarquia a suportar o valor total deste evento, aproximadamente 65 mil euros, o equivalente ao custo de duas etapas da passagem da Volta a Portugal pela Trofa, pagas na totalidade mas sem direito a qualquer tipo de visibilidade no panorama nacional.
Sérgio Humberto, em resposta a Amadeu Dias que o questionou sobre os custos do Cinetrofa, tentou contornar o assunto com recurso a linguagem técnica que o próprio revelava não dominar, apresentando ao auditório uma série de argumentos para justificar o sucedido. Porém, válidos ou não, os argumentos do autarca são irrelevantes perante a questão central: o executivo prometeu aos munícipes um evento financiado a 85% mas acabou por pagar a totalidade dos 65 mil euros. A diferença entre este negócio e o negócio da Volta a Portugal é que a Volta é um evento relevante, um evento que efectivamente leva o nome da Trofa aos quatro cantos do país, ao passo que o Cinetrofa foi um fracasso do qual poucos se lembram na Trofa, quanto mais fora dela. Até porque poucos lá puseram os pés.
A história repetir-se-á, uma vez mais, na campanha para as Autárquicas de 2017, quando este caso for usado para atacar a governação da coligação Unidos pela Trofa. Será muito interessante ver o presidente Sérgio Humberto confrontado com este episódio de despesismo à luz de tudo o que disse em relação à vinda da Volta a Portugal à Trofa. Interessante seria também aproveitar para lhe perguntar, visto ter sido ele o presidente da equipa de trabalho do Cinetrofa, como é que a antiga designer do Correio da Trofa, que recebeu cerca de 66 mil euros em ajustes directos para publicidade durante o seu primeiro ano de mandato, foi parar à equipa do Cinetrofa. Porém, melhor do que todas as coincidências, só mesmo ver os críticos da Volta a Portugal e provar o seu próprio veneno. Há pessoas que não aprendem mas a história, essa malvada, insiste em repetir-se e não perdoa.

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