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Edição 614

Piloto trofense abandona Motocross

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Após “22 anos de carreira”, o piloto Nelson Silva decidiu abandonar a carreira no Motocross.

Uma decisão que o piloto considera que foi “muito difícil”, uma vez que “metade da sua vida” foi dedicada a “corridas e treinos diários”. Nelson afirma que esta decisão já tinha sido tomada há “sensivelmente dois anos”, mas, entretanto, uma equipa ofereceu-lhe “boas condições para poder competir”. “Voltei às competições e mesmo sem grande tempo para treinar, porque tinha de conciliar o emprego e a família, consegui ser vice-campeão de Sx2 classe 250cc 4t. Sempre sem grandes apoios monetários”, recorda.
Mas “a crise começou a afetar as equipas”. “Deixou de haver pilotos a ganhar salário” e surgiram “problemas” com “as condições” que eram proporcionadas. As “despesas de deslocações, inscrições, licença federativa, entre outras”, passaram a ter que ser suportadas pelos atletas. “Inicialmente foi relativamente fácil” para Nelson “arranjar apoios”, mas “há cerca de cinco anos eram praticamente mínimos”. “Foi então que decidi arranjar um emprego, porque os prémios não eram suficientes para me sustentar”, atestou.
Com a falta de apoios, “a motivação foi desaparecendo” e chegou a uma altura em que “o risco era elevado para o esforço que fazia”. “Em caso de lesão não havia nem sequer um seguro que nos garantisse o tempo de que poderíamos estar em recuperação”, declarou.
Nestes “últimos dois anos”, Nelson contou com “alguns apoios de amigos, que davam do seu próprio bolso, mas infelizmente não era suficiente para poder treinar as vezes necessárias”. “Não havia apoio monetário suficiente para os combustíveis e deslocações para a preparação para as provas. Comecei a misturar o salário do meu emprego, para não deixar ficar mal quem me ajudava, mas entretanto nasceu o meu filho e comecei a ter a noção que estava a tirar-lhe da boca para pôr nas corridas. E quando se chega a esse ponto já tens aquele pensamento, será que vale a pena o esforço? Foi então que decidi terminar a minha carreira de piloto”, explicou.
Neste momento, o piloto tem um emprego, mas “um dos seus grandes sonhos seria montar uma escolinha de Motocross e ensinar os mais novos”. Mas o trofense tem “a noção de que não está no país correto para isso, porque infelizmente ainda há a mentalidade de que o futebol é o futuro para a maior parte dos miúdos”. “Temos grandes pilotos e até atletas, pena é não serem valorizados da mesma maneira que um jogador de futebol e, muitos deles, com riscos elevados como é o caso do Motocross”, assegura.
Nelson pretende manter-se ligado à modalidade e, por isso, pensa “dar alguns estágios a pilotos mais novos e a amadores, para dar a conhecer um pouco do seu conhecimento e experiência”.
O piloto agradece, “em primeiro lugar, aos seus pais, que se sacrificaram para que pudesse seguir este sonho”. Além disso, o trofense agradece a todos os que estiveram do seu lado e que fizeram um enorme esforço para que nunca lhe faltasse nada. “Poderia identificar aqui todos, mas como ainda é uma lista bastante grande, eles vão saber quem são. Muito obrigado a todos”, agradeceu.

A carreira no Motocross
Nelson tinha “sete anos” quando o seu padrinho lhe “ofereceu a primeira mota”, tendo sido nessa altura que começou o seu percurso nesta modalidade nos campeonatos regionais. O piloto foi “sempre evoluindo”, tendo sido, “várias vezes, vice-campeão em todas as classes” em que participou e conquistado “três títulos de campeão regional na classe Sénior”.
Em entrevista ao jornal O Notícias da Trofa, Nelson recordou que foi “praticamente obrigado a abandonar os estudos para ir à procura de um sonho: competir no campeonato do Mundo”. “Até 2004”, o trofense correu com “estrutura própria”, em que as “despesas eram suportadas pelos seus pais”. E foi com “as mínimas condições”, que Nelson conseguiu ser vice-campeão de Iniciados, combatendo com “pilotos que tinham material sempre de topo e tudo preparado”. “Tinham duas motas, uma de treinos e outra de corridas, quando a minha era a mesma para tudo. Ou seja, o desgaste era maior, mas fomos lutando até conseguir chegar a um bom nível”, declarou.
Foi então que o trofense foi “contratado por equipas para ser cem por cento profissional e dedicar-se só à modalidade”. As equipas dispunham de “condições necessárias para poder lutar pelas vitórias”, o que possibilitou que Nelson vencesse “várias corridas contra grandes nomes da atualidade, um deles o piloto Paulo Gonçalves que foi segundo no Rali Dakar 2016”. “Cheguei a um pico muito elevado da minha carreira”, frisou.
Mas foi aí que o azar bateu à porta. Durante um treino para o Nacional de Supercross, Nelson teve “uma queda” e “fraturou duas vertebras da coluna”, que o deixaram “seis meses de cama praticamente”. “A partir daí, o receio de novas lesões não estava a deixar que me libertasse e voltasse a ganhar novamente confiança. Mesmo assim, fui arriscando e lutando cada vez mais para dignificar o nome de todos os que me estavam a apoiar”, salientou o piloto, que conseguiu classificar-se “sempre nos lugares do pódio”, o que considera “ter sido muito positivo depois do acidente”.

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