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Edição 535

Crónica: Jogo de cintura

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Joao mendes

Joao mendes

Se existe época de fartura neste país, essa época é sem sombra de dúvida aquela que precede qualquer acto eleitoral, nomeadamente aqueles que visam a eleição de um novo governo da nação. Se a este facto irrefutável juntarmos a ocasional coincidência de o governo em funções ser da mesma cor política que os nossos responsáveis autárquicos, as probabilidades do investimento público chegar à nossa terra disparam. Com ou sem austeridade.

Depois do anúncio desse remendo de variante carinhosamente baptizado de circular, uma meia solução que ainda assim é melhor do que o caos absoluto que ainda reina na rede viária deste concelho, apesar de adiar em vez de resolver o problema, recebemos recentemente a confirmação da construção de um novo centro de saúde no nosso concelho. Uma óptima notícia que só peca por tardia. Talvez tenha sido adiada para, tal como o calendário da construção da circular, coincidir com os interesses eleitorais dos partidos que ainda governam Portugal e a Trofa. São dúvidas que ficam no ar.

A Unidade de Saúde de Santiago de Bougado é um investimento orçamentado em 2,23 milhões de euros – esperemos que, à semelhança de outras obras que por esse Portugal fora se vão fazendo, não venha a derrapar para regozijo dos interesses do costume – com capacidade para servir cerca de 20 mil utentes do concelho, a que se juntarão alguns habitantes de Ribeirão por questões de proximidade geográfica. Curiosamente, e caso o prazo de execução anunciado seja cumprido, a conclusão da obra deverá coincidir com as próximas Autárquicas e, correndo o risco de ter que emendar a mão, aposto que será um dos grandes trunfos eleitorais da coligação Unidos pela Trofa em 2017.

Eleitoralismos à parte, é inegável que se trata de uma excelente notícia. Com ou sem estratégia subjacente, a nova unidade representa um enorme e importante avanço na qualidade de vida dos trofenses. Pena estarmos sempre dependentes de tacticismos para que obras essenciais como esta avancem. Contudo, outros estiveram em funções, igualmente com o governo da nação da mesma cor sentado em São Bento, e nada aconteceu no âmbito das grandes obras públicas que não fosse o normal seguimento dos projectos já em curso, iniciados em mandatos anteriores. Sim, é verdade que em 2009 estávamos ainda no início de uma enorme crise internacional, a maior desde o crash de 1929 dizem os entendidos, mas não é menos verdade que essa mesma crise ainda por cá anda, apesar dos truques de ilusionismo com que as tropas de Pedro Passos Coelho anunciam a boa nova em áreas tão críticas como o emprego, a saúde ou a educação. A diferença está no jogo e cintura. Sérgio Humberto teve-o, Joana Lima não. Pelo menos no que as obras públicas diz respeito. É que no que à composição da próxima Assembleia da República diz respeito, os socialistas trofenses parecem ter hipótese de uma melhor representação parlamentar que os sociais-democratas ou centristas do concelho. Pelo menos a julgar pelas listas já apresentadas pelo PS e pela coligação PSD/CDS-PP pelo círculo eleitoral do Porto. Há quem se movimente melhor numas áreas do que noutras. E essas movimentações, conjuntamente com uma certa timidez que me parece actualmente caracterizar a oposição socialista trofense, terão consequências e custos eleitorais em 2017.

Escrevo de acordo com a versão da língua portuguesa que aprendi na escola.

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