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edição 553

Opinião: O Revolucionário ano de 2015

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Joao mendes

2015 foi um ano de fracturas e de mudanças estruturais na sociedade como a conhecemos. A direita coligada sofreu um pesado tombo eleitoral e, apesar da vitória de pirro, foi democrática e legitimamente substituída no poder por um governo do PS com apoio maioritário no Parlamento.

Feliz do país que não viu ainda a democracia representativa ser privatizada a um qualquer estado opressor, isto apesar do triste papel e que se remeteram tão distintas personalidades, que durante algumas semanas soltaram o fascista envergonhado que vivia no seu interior.
Do anterior governo resta-nos uma mentira chamada “saída limpa”, que o caso Banif veio colocar a nu. Pelo caminho ficaram embustes como a devolução da sobretaxa, o buraco cada vez mais fundo do Novo Banco e um Estado Social esmagado com um SNS incapaz de dar resposta a todas as vítimas da austeridade ideológica além-troika do governo PSD/CDS-PP. Quantos morreram nas urgências no Inverno passado? Quantos como o David Duarte foram vítimas deste radicalismo?
Mas o radicalismo não se ficou pelo Estado Social. Foi em 2015 que assistimos à queda da gigante PT, às mãos do terrorismo financeiro com a chancela Espírito Santo, cujo incontornável papel comercial da sua participada Rioforte transformou a empresa de telecomunicações num pigmeu. O castigo dos terroristas foi a liberdade e reformas chorudas.
Por falar em gente pouco recomendável, foi também em 2015 que uma auditoria do Tribunal de Contas revelou que as privatizações da EDP e da REN, conduzidas pelos nobres liberais do anterior governo e entregues ao regime opressor sediado em Pequim e aos fundamentalistas de Oman, não acautelaram o interesse nacional e geraram perdas de muitos milhões para os cofres públicos. A ideologia do esvaziamento do Estado a qualquer preço foi uma constante durante 2015, como comprovam o ajuste directo opaco através do qual o governo PSD/CDS-PP tentou concessionar os transportes públicos do Porto e a venda apressada e ruinosa da TAP, já esse governo se encontrava em gestão.
A solução do governo encontrada pelos partidos da esquerda parlamentar será, na minha opinião, o grande momento de 2015. Porque criou pontes onde existiam trincheiras, porque enterrou o mito do imutável arco da governação, porque devolveu poder a um Parlamento domesticado por maiorias absolutas, porque tirou BE, PCP e PEV do gueto do protesto e os colocou no centro do processo de decisão, porque o primado dos mercados e dos grandes interesses económicos deixa de ser quem mais ordena e porque nos conseguimos ver livres do governo de direita mais radical desde o Estado Novo. O futuro? Dizem que só Deus sabe. Certezas não há sobre este ou sobre qualquer outro governo. Ou será que alguém esperava que Paulo Portas se demitisse em Julho de 2013 e arrastasse Portugal para uma crise política sem precedentes, que custou 2,3 mil milhões de euros à bolsa de Lisboa e uma subida vertiginosa dos juros da dívida para os 8%? Por falar em Paulo Portas, soubemos esta semana da sua intenção em não se recandidatar à liderança do CDS-PP. Será uma decisão irrevogável? Não sabemos. Com Portas vale tudo. O mais certo é acabar a fazer comentário político na TVI. A cadeira de Marcelo, o autoproclamado próximo Presidente da República, está vazia. Aguardemos.
O histórico acordo de esquerda é de resto um eco que se começa a ouvir por essa Europa fora. Na Grécia, Alexis Tsipras reforçou a sua votação apesar da austeridade. Em Espanha, o recém-formado Podemos transformou-se na terceira força política do país. Em Inglaterra, Jeremy Corbin subiu ao poder no Partido Trabalhista. Em França, Marine Le Pen deixou a Europa à beira de um ataque de nervos. Na Hungria governa um tirano da extrema-direita. A paciência das pessoas para os blocos centrais transformados em centrais de negócios, de tráfico de influências e de corrupção está a chegar ao fim. A votação combinada de PS, PSD e CDS-PP nas Legislativas deste ano é a expressão disso mesmo e a pior desde 1985. O panorama político na Europa está a mudar e 2015 foi o clique dessa mudança.
No plano internacional o grande destaque vai para o terrorismo. O ano começou com o atentado no Charlie Hebdo e terminou com os atentados em Paris. Pelo meio a guerra sangrenta entre o autoproclamado Estado Islâmico, os rebeldes independentistas, o regime sírio e a comunidade internacional que, sem fim à vista, gerou um fluxo sem precedentes de refugiados que procuraram abrigo na Europa da liberdade e da tolerância que afinal não é assim tão livre e muito menos tolerante, esquecendo-se, porventura, do seu passado recente e das suas enormes responsabilidades na instabilidade no Médio Oriente.
O ano de 2015 foi também o ano que perdemos personalidades que marcaram as nossas vidas como Manoel de Oliveira, Eduardo Galeano e Leonard Nimoy. Tivemos perto de perder Luaty Beirão mas a sua luta contra o regime opressor de Luanda, a quem os fantoches cá do sítio continuam a bater continência, continua. José Sócrates foi libertado, com um calendário muito interessante em termos eleitorais. Continua a não haver qualquer acusação e o risco de o ver novamente em funções governativas cresce de dia para dia. O Sporting “roubou” Jorge Jesus ao Benfica e abriu uma crise na segunda circular. Mourinho passou de Special One a Special None. Ronaldo continua imparável e Nélson Évora está de volta.
E a Trofa? A Trofa é nossa e muito haveria a dizer sobre ela. Deixo a retrospectiva para Janeiro que este texto, cortesia da administração, já se alongou demais e ninguém merece aturar-me tanto tempo seguido. Aproveito para desejar a todos os leitores do Notícias da Trofa, em especial aqueles que me aturam, um feliz e próspero ano de 2016! Sejam felizes, fiquem atentos e nunca baixem a guarda. A luta continua!
Um forte abraço a todos!

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 João Mendes

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