Ano 2010
Arte popular portuguesa em exposição
Depois de muitas horas de trabalho, as peças criadas pelas formandas do curso de Acção Educativa do Espaço t estão agora em exposição. As mulheres esperam conseguir emprego e poder aplicar o que aprenderam na formação.
Máscaras coloridas enchiam as paredes, matrafonas de todas as formas e feitios estavam expostas um pouco por todo o lado, os cabeçudos e os famosos galos de Barcelos também não faltaram à chamada e todas as peças contribuíram para dar mais vida ao Espaço t da Trofa.
As 14 formandas do curso EFA (Educação e Formação de Adultos) de Acção Educativa e Acompanhantes de Crianças não podiam estar mais orgulhosas do trabalho apresentado e faziam questão de mostrar as peças que idealizaram e criaram no módulo de Técnicas de Animação, que teve a duração de 25 horas. “Estas aqui na parede são as minhas e aquela matrafona também fui eu que fiz, mas são todas muito bonitas” iam dizendo à medida que os familiares iam chegando, sem nunca esquecer que “foi tudo feito com materiais reciclados, o que é muito importante”.
A exposição inaugurada esta terça-feira foi o culminar de cerca de ano e meio de formação, que as mulheres esperam utilizar ao longo do estágio de um mês que vão iniciar e depois no emprego que esperam conseguir. Erminda Machado e Clementina Silva são duas das formandas que concluíram o curso EFA no Espaço t da Trofa: “Sentimos um gostinho bom agora que está tudo pronto”. “Não achávamos que íamos conseguir e não estávamos à espera que ficasse tão bonito”, confessaram sorridentes. Depois de estarem expostas, as peças vão “para casa”, talvez para “a sala”.
Para casa vai também regressar Erminda, que depois de quase ano e meio a frequentar a formação não tem boas perspectivas para o futuro: “Tenho muitos sonhos, mas daí até concretizá-los é complicado. Não posso dizer que tenho objectivos, agora só restam os sonhos e é preciso ter os pés bem assentes na terra”. Esta mulher diz estar “muito velha” e que não tem esperança de conseguir um emprego onde possa aplicar tudo o que aprendeu. “Quem sabe se eu um dia tiver netos?”, afirmou com o olhar perdido por entre as peças expostas. Mesmo assim, “este curso foi muito bom”: “Há uma data de anos que não tinha rotinas, que eu achava muito importantes e que voltei a ter com o curso”. “Nunca tive um dia em que dissesse ‘ai que chatice, tenho de ir para a formação’”, garantiu.
Constantino Teixeira foi o formador do módulo de técnicas de animação e o responsável por ensinar a elaborar e decorar as peças. “Elas estavam muito curiosas, até porque o curso tem uma parte bastante teórica e este módulo, entre outros, veio equilibrar a formação”, atestou. O formador explicou que as técnicas utilizadas nasceram todas na “cultura popular portuguesa” e que “apenas foi necessário transpô-las para a sala de aula transformada em oficina”. “Fiquei muito satisfeito e orgulhoso com esta exposição, porque o trabalho foi todo feito por elas”, confessou.
Constantino Teixeira não foi o único a ficar contente com a exposição, pois os cabeçudos já partiram para o Porto, onde também vão estar expostos na sede do Espaço t.
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