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Ano 2010

Trofa: 12 anos do desmoronar de um sonho colectivo

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Foi no dia 19 de Novembro de 1998, uma quarta-feira, que milhares e milhares de trofenses desceram à capital para, ordeiramente, exigirem a “carta de alforria”, a que legitimamente tinham direito. Iam engalanados com bandeiras, t-shirts e chapéus em formato de barco, que pelo simbolismo fazia lembrar as “caravelas quinhentistas”, que dobraram o Cabo do Bojador.

 

Foi um Cabo das Tormentas, que metaforicamente falando se foi transformando, ao longo do dia, em Cabo da Boa Esperança. Marcavam os relógios 17.57 horas quando, em frente à Assembleia da República, se ouviram milhares e milhares de gargantas gritar: VIVA A TROFA! Foi um grito de alegria, de agradecimento, de revolta e de esperança, que se ouviu por toda a Lisboa e ecoou por todo o país mas que se fez ouvir com mais veemência e vigor na Trofa.

As televisões e as rádios, através dos noticiários e dos telejornais desse dia, e a imprensa escrita, os jornais do dia seguinte, mostraram, a todo o mundo, o exemplo de cidadania, de perseverança e de crença de um povo ordeiro mas lutador, que quis a sua “carta de alforria”, que quis gerir o seu próprio destino tomando nas suas mãos o seu próprio futuro.

De lá para cá, já se passaram doze anos. Parece que foi ontem. Foram doze anos do desmoronar constante deste sonho colectivo de fazer do Concelho da Trofa um Concelho ímpar e exemplar.

Como foi possível a Trofa ter desbaratado tanto capital ao longo de uma década? Oportunidades desperdiçadas; capital humano com um valor incalculável, o trofismo, que o poder instalado fez abafar para criar uma massa acrítica e amorfa, que beneficia sempre as lideranças fracas; esperanças e sonhos destruídos; capital financeiro delapidado. Os interesses pessoais têm prevalecido. Os trofenses continuam a ser relegados para um plano secundário. Não foi para isto que o Concelho da Trofa nasceu!

Vamos festejar o 12º aniversário mais uma vez com a lágrima ao canto do olho. Trofa nasceu! Vamos festejar o 12º aniversário mais uma vez com a lágrima ao canto do olho. Em doze anos, gastaram-se cerca de duzentos milhões de euros e fizeram-se mais de sessenta milhões de euros de dívidas. Um total de gastos, em doze anos, de mais de cinquenta milhões de contos. É muito, é mesmo muito dinheiro!?! Vamos festejar o 12º aniversário, mais uma vez, com a lágrima ao canto do olho.

Para onde foi, para onde vai tanto dinheiro? Só a estrutura fixa: pessoal, avenças, rendas e mais rendas, mordomias e viaturas, absorve a maior fatia, que rondará os sessenta por cento do orçamento. Um município novo, que desbarata cerca de dois milhões de euros por mês é um município sem futuro. É muito dinheiro por mês! Gastava-se e continua-se a gastar. É muito dinheiro para pouco se ver de significativo, edificado ao longo do tempo em que somos Concelho.

Provavelmente, um dos males deste desatino na governação do nosso município ao longo de doze anos tem muito a ver com afecto. Quem nada teve a ver, ou mesmo lutou contra a Criação do Concelho da Trofa, não pode sentir por dentro o que foi contribuir para esse “parto” maravilhoso. Não sabe o que é fazer nascer um novo Concelho. Não sente a exigência de se ser um Concelho exemplar.

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Podemos derramar uma lágrima mas é esta a triste realidade. Está-se a hipotecar o futuro do Concelho da Trofa. Não há perdão para tanto desvario. Não era este o nosso sonho!

José Maria Moreira da Silva

moreira.da.silva@sapo.pt

www.moreiradasilva.pt

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