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Edição 614

Sobre a Feira Anual da Trofa 2017

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Um governante local disse-me um dia que a Feira Anual da Trofa não era o local apropriado para concertos orientados para um público mais jovem. Discordei. Disse-lhe que, no meu entendimento, mais do que apropriado, era uma forma de atrair os mais jovens que não se identificam com desportos equestres, com a criação animal ou com a agricultura, dando mais vida ao evento, proporcionando mais negócio para os comerciantes e, sobretudo, criando o hábito de por lá passarem todos os anos, algo que poderá contribuir para o envolvimento dos mais novos, que um dia terão a seu cargo a organização do evento.
Poucos anos depois, eis-nos numa edição em que, a inaugurar o palco, actua um dos mais bem-sucedidos talentos da cena hip hop nacional, Jimmy P. Pena o recinto não ter enchido. Um concerto destes, considerando o público-alvo que tem, podia e/ou devia ter acontecido numa Sexta-feira, que ao Sábado não há aulas. Em todo o caso, considerando o histórico, é preciso dar tempo à aposta para maturar. Uma aposta que de resto já vem sendo habitual noutros certames de igual natureza noutros pontos do país. Só perdeu pela demora.
A Feira Anual da Trofa é O acontecimento de natureza profissional que acontece no nosso concelho. Uma das maiores feiras agro-pecuárias do norte e mesmo do país, a FAT tem vindo a conhecer evoluções muito positivas ao longo dos últimos anos, nomeadamente ao nível das estruturas, sendo exemplo disso a criação de uma área de restauração/zona de fumeiros no edifício onde habitualmente encontramos o mercado dos frescos, concentrando a zona de alimentação numa área abrigada da chuva, que está sempre à espreita nesta altura do ano.
Importa, portanto, que o certame evolua. E essa evolução vê-se quer nas melhorias a nível de estrutura, quer na diversificação da programação cultural oferecida aos visitantes, quer noutros aspectos como as melhorias na organização do estacionamento ou as condições proporcionadas aos animais, que apesar de continuarem confinados a espaços exíguos, como é apanágio neste tipo de eventos, viram também as condições em que são recebidos verificarem algumas melhorias.
Mas no meio de tantas evoluções, a meu ver, este certame perde apenas pela crueldade desnecessária e ultrapassada da garraiada, que tanto quanto sei nem tradição tem nesta terra. Vi alguns vídeos e imagens em que pessoas cercam e imobilizam aquilo que parece ser uma vitela adolescente, com pontapés e cuspidelas à mistura. Será que precisamos deste triste espectáculo? A mim parece-me que não. A FAT é igualmente grande sem maltratar animais e a tendência, pelo menos a julgar pelos números mais recentes do IGAC sobre as audiências das touradas em Portugal, que caíram para metade entre 2008 e 2016, parece seguir na direcção da extinção deste tipo de práticas. Como me disse um sábio amigo, “cheira sempre a medieval”.
Num evento virado para o futuro, este “cheiro a medieval” torna-se, para muitos, insuportável. E como já afirmei, e repito, a FAT é igualmente grande sem maltratar animais. E se este grande acontecimento está a evoluir tão positivamente em quase todas as vertentes, talvez esteja na hora de darmos o salto civilizacional e abolirmos práticas retrógradas e cruéis. Estou certo e confiante de que lá chegaremos.

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