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S. Gonçalo atrai romeiros a Covelas e ao “Meco”

A verdade é que o Meco da Guerra apropriou-se, involuntariamente, da fama e assumiu estatuto de segundo terrado da festa de S. Gonçalo.

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Sem o “boom” de 2023, ano de recordes após o período castrador imposto pela Covid-19, a festa de S. Gonçalo voltou a registar uma afluência surpreendente. Meco da Guerra, em Paradela, por onde passa a maior parte dos romeiros em direção a Covelas, está a tornar-se segundo “terrado”.

Já começa a ser difícil encontrar quem, pela primeira vez, se aventure por caminhos de terra, paralelo ou asfalto, para chegar a Covelas em tempo de festa de S. Gonçalo. Mas ainda é possível e Lurdes Campelo é disso prova provada, não fosse haver uma reportagem da TrofaTv para a marcar nos anais da história desta romaria que, agora, não se faz só em Covelas.

Oriunda da Maia, Lurdes acompanhou “o grupo de caminhada” da qual faz parte e, chegada ao Meco da Guerra, em Paradela, admitiu: “É um espetáculo, não fazia ideia que era assim”. O assim era a enchente que por lá se concentrava, reflexo do que foi dia e noite, de quinta a domingo, numa latitude agreste e sem civilização por perto, mas cheia de romeiros preparados para fazer a festa.

A verdade é que o Meco da Guerra apropriou-se, involuntariamente, da fama e assumiu estatuto de segundo terrado da festa de S. Gonçalo. Naquele que é um dos melhores miradouros, sobre a região, como cogumelos, nasceram tendas e tendinhas, de associações e anónimos, para que comida e bebida não faltasse a quem por lá quisesse passar… e parar.
Sem o “boom” de 2023, ano de recordes após período castrador imposto pela Covid-19, a festa voltou a registar uma afluência surpreendente, face às características do evento, cujo orçamento não deve ser um quinto do que celebra a Senhora das Dores, na Trofa.

E se alguém duvidar do entusiasmo que só esta festa consegue extrair das pessoas, pode falar com Manuel Araújo, um dos romeiros mais apaixonados. Reservou lugar no Meco da Guerra “um mês antes”, porque desconfiava que o perderia, tal é “o mundo” em que se transformou o S. Gonçalo.

“Passamos o ano ansiosos que este dia chegue. Isto está cada vez maior e toda a gente só fala nisto”, testemunhou, de cajado na mão, panela ao lume e “vinho, muito vinho” para servir. Problemas? “Só se for à noite, com a polícia”, brincou.

Mesquita cumpriu mais um ano de uma tradição que até começou em cima da bicicleta, “no século passado”, mas que agora se faz a caminhar. De Famalicão em direção a Covelas, sem medo dos boatos que corriam no Meco da Guerra, de que já não havia rojão para servir na festa. Afinal, ia bem recheado, com mochila pesada e regueifa ao dependuro.

Na mixórdia de meios de transporte que vagueia pelo monte, as bicicletas continuam a dominar. Emanuel Pinto tem até um grupo que nasceu na romaria. “A nossa primeira volta de bicicleta foi há cinco anos e o percurso tinha como destino o S. Gonçalo de Covelas. Desde então, nunca falhamos. Gostamos do convívio. É algo extraordinário, porque não conhecemos as pessoas, mas gera-se tamanha cumplicidade, que parece que somos todos da mesma família”, confessou.

De Canelas, Vila Nova de Gaia, Sandra Mendes conheceu a romaria graças à família do marido e, hoje, é ela que leva a descendência, para garantir o futuro da tradição. Com o filho no colo, admitia que “não há festa como esta, por isso, não pode acabar nunca”.

Em Covelas, a manhã de domingo era fotocópia dos anos passados, com céu soalheiro. Corrupio de gente a caminhar pelo terrado e junto à capela, onde decorreram as eucaristias presididas pelo pároco José Ramos. A comissão de festas, novamente liderada pelo resistente Manuel Rocha, contentou-se com mais um sucesso, mas continua a apelar à comunidade que dê continuidade ao trabalho feito. “Estou cansado e preciso mesmo que alguém me possa substituir. A malta jovem tem de se comprometer com a festa”, referia Manuel, ladeado de dois rapazes, que, espera, “ganhem o gosto” e garantam o futuro da romaria.

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