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O legado que mais importa assegurar: a democracia!

“Nestes 50 anos do 25 de abril de 1974, aquilo que mais importa é ouvir com atenção o descontentamento de quem votou no CHEGA, não desistir e não catalogar estes Portugueses como se fossem racistas, xenófobos ou ditadores”.

Amadeu Dias

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No ano em que se comemoram os 50 anos da Revolução de Abril, o povo continua a ser quem mais ordena. E foi esse povo que massivamente, numa das eleições legislativas mais participadas dos últimos tempos, elegeu o novo figurino da Assembleia da República. Depois de 8 anos de sucessivos Governos do Partido Socialista, liderados por António Costa, o povo decidiu mudar e ainda que por uma diferença de sensivelmente cinquenta mil votos, o que representa uma diferença de 0,8%, e o mesmo número de Deputados eleitos, a AD venceu as eleições, e Luis Montenegro é o novo Primeiro Ministro. Além da perda de votos muito significativa para o PS, importa refletir e tentar perceber, a razão ou as razões que levaram mais de um milhão de Portugueses a votar no CHEGA, um partido que se alimenta da insatisfação e desânimo dos Portugueses.

É importante, e saudável para a democracia, que haja alternância de projetos e de partidos políticos no poder. E essa alternância é tao mais importante quanto mais capazes e responsáveis forem as oposições durante o período em que não governam. Com a nova configuração da Assembleia da República avizinham-se tempos de muita negociação, crispação e tensão política. É o momento do PSD de Luis Montenegro mostrar a sua capacidade e habilidade política para dar a Portugal a estabilidade que António Costa e o PS garantiram. Mas para isso acontecer é importante que tenham aprendido uma importante lição: definir com clareza os seus parceiros. Porque se “não, é não”, não se percebe a razão do PSD ter procurado um acordo com o CHEGA para a aprovação do seu candidato a Presidente da AR, ignorando que o PS tem os mesmos 78 Deputados do PSD. Aconselha a prudência, principalmente em questões institucionais, que se procure estabelecer os devidos entendimentos para viabilizar a instalação dos órgãos de soberania. O PSD escolheu o CHEGA e o país assistiu a 2 dias de imaturidade e irresponsabilidade política. Não fosse o PS, e o seu sentido de Estado, e ainda hoje poderíamos estar em votações sucessivas. Esteve bem o PS, e em particular Pedro Nuno Santos, a avançar com a única solução viável para o impasse protagonizado por PSD e CHEGA.

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Já todos percebemos que o CHEGA não vai facilitar a governação a não ser que o PSD chegue a um acordo parlamentar que lhe permita, como acontece nos Açores, ter o CHEGA como parceiro. Ao PS exige-se que cumpra, na oposição, a defesa do programa eleitoral com que se apresentou aos Portugueses, e que mereceu quase o mesmo número de votos do PSD. O PS deixa ao PSD todas as condições de governabilidade. Existe um PRR em execução, aliás somos o 2º país a obter o 5º desembolso. Deixa o país com um excedente orçamento de 3.2 mil milhões de euros que se espera seja desde já utilizado para cumprir aquilo que PS e PSD tinham prometido em comum: recuperar o tempo de serviço dos professores, aumentos salariais para médicos e profissionais de saúde, aumentos para as forças de segurança, reforço da administração pública, oficiais de justiça entre outros. Ao PSD espera-se também que continue o investimento na habitação pública, no SNS e na escola pública. Ao PSD exige-se que continue o caminho do aumento do salário mínimo nacional, que o salário médio aumente de igual forma, e que aproveite esta oportunidade para se redimir juntos dos reformados e pensionistas e continue o caminho de aumentos como o PS fez nos últimos 8 anos.

Esvaziar o CHEGA, que já se viu só quer pertencer ao sistema, é corresponder às ambições dos Portugueses. Esvaziar o CHEGA, é ouvir e apresentar soluções para os problemas. Esvaziar o CHEGA, é ficar afastado dos casos que denigrem a atividade política. Infelizmente o PS contribuiu para estes casos. Mesmo que tenha feito muito em política de rendimentos para melhorar as condições de vida das famílias, a perceção dos casos, dos supostos benefícios indevidos, levou os descontentes a acreditar que o CHEGA é a salvação para a corrupção.

Por isso, nestes 50 anos do 25 de abril de 1974, aquilo que mais importa é ouvir com atenção o descontentamento de quem votou no CHEGA, não desistir e não catalogar estes Portugueses como se fossem racistas, xenófobos ou ditadores. Precisamos sim, de reconquistar a sua confiança, dar respostas aos seus problemas, afastar a corrupção da política e governar bem. Governar para as pessoas, com respeito pelas diferenças, e salvaguardando sempre a nossa democracia, o bem mais precioso de abril!

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