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Edição 548

Engodo Digital

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Publicado

em

Ricardo Garcia

Depois da revolução tecnológica levada a cabo na última metade do século passado, a alvorada deste novo milénio mostra as consequências dessa mesma revolução nas mais diversas áreas do nosso quotidiano. Uma das áreas onde mais se reflectem estas alterações é onde está a ler este texto: os meios de comunicação social nas suas mais variadas vertentes.

Em primeiro lugar, o papel. Será que dentro de cinco ou dez anos vamos ler em papel? Tendo em conta as tiragens recentes, parece que o jornal físico (podemos acrescentar aqui qualquer publicação em papel) poderá transformar-se num objecto de nicho como igualmente hoje é o vinil para os amantes de música: há sempre alguém que quer tocar naquilo que vê ou ouve. Mas a presença no digital é hoje uma realidade e ninguém quer ficar de fora, o que coloca os meios tradicionais num limbo: o velho modelo de negócio cada vez mais é menos rentável e as novas plataformas ainda são um admirável mundo novo em que ninguém encontrou a fórmula certa. O caso torna-se mais complexo quando verificamos que todos associamos a internet a conteúdos disponibilizados gratuitamente. Mas afinal, quem é que criou os conteúdos a que acedemos diariamente? Quem os financia?

Num mundo que vive dos cliques, o Facebook, a julgar pela minha experiência, parece a central noticiosa que muitas pessoas usam para saber o que se passa em Portugal e no mundo. Para além do aspecto gratuito já referido, a internet também passou a ser um espaço imaterial onde qualquer um pode criar e partilhar um conteúdo em meia dúzia de minutos. O problema surge quando usamos fontes de origem duvidosa, pois parece que muitos utilizadores não se apercebem que muitas das notícias que nos chegam ao mural são simplesmente mentiras, dados infundados ou velhos mitos já gastos em papel, mas novos no mundo do 0 e do 1, tornando-se o caso mais grave quando alguém a quem reconhecemos validade intelectual partilha notícias vindas de sites duvidosos e assinadas por ninguém. E exemplos não faltam como as “notícias” em maiúsculas sobre o perigo dos refugiados sírios ou as mais diversas teorias da conspiração.

Como sabemos, informação não é conhecimento, e num mundo digital onde ninguém parece ler mais que três parágrafos, simplificamos muitas vezes o que é complexo, pois apenas raspamos a superfície, para no fim mordermos o engodo do maniqueísmo.

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