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Memórias e Histórias da Trofa: Alminhas da Trofa – marca de devoção, cultura, religiosidade e identidade

“No território da Trofa, sobretudo nas freguesias de Bougado e do Coronado, várias são as alminhas que existem a marcar a paisagem”

José Pedro Reis

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A religiosidade é uma das marcas da cultura do povo. A preocupação com o divino e com a concretização dos apelos, quer à sua proteção como às suas graças, é uma marca profunda de uma identidade que ultrapassa gerações.

A necessidade de propagar uma ideia, ou um agradecimento por um milagre feito, fez com que, nas beiras dos caminhos e em outros locais estratégicos, fossem surgindo vários pequenos altares, demonstrando, igualmente, a preocupação em fazer a evangelização da comunidade, sobretudo num momento em que os meios de comunicação estavam longe do desejado e a falta de conhecimentos científicos reforçava esta ligação aos vários cultos.

Alguns destes altares, na atualidade, vão passando despercebidos à atenção de muitos de nós, reféns da aceleração da sociedade em que, por vezes, nem temos tempo para respirar, quanto mais para orar. São os tempos modernos que marcam profundamente a vida em comunidade.

No território da Trofa, sobretudo nas freguesias de Bougado e do Coronado, várias são as alminhas que existem a marcar a paisagem, desde as Alminhas da Virgem, na berma da Nacional 318, da autoria de uma particular, nomeadamente de Maria Joaquina, que deveria sentir uma devoção especial ou desejava agradecer por algum atendimento especial.

Nessa mesma freguesia, iria surgir igualmente as Alminhas de Nossa Senhora do Carmo, contemporâneas da primeira, podendo talvez servir como exemplo para os seguintes.
No entroncamento entre a Rua do Breto e a Rua do Pinto, encontra-se a pequena capelinha em homenagem a Nosso Senhor Crucificado.

Se focarmos a nossa atenção em Bougado, temos as alminhas da Peça Má, que foram construídas por J. Pereira Serra, que era do lugar de Mosteiró, que tinha as construído para agradecer à Nossa Senhora do Carmo ter sido libertado de um assalto de uma quadrilha que atuava naquele local, quando transportava consigo bastante dinheiro do produto da venda de uma junta de bois.

Os anos foram-se passando e também as formas de construção foram mudando, sobretudo, os materiais utilizados. Nas Alminhas de Bairros, temos o exemplo disso mesmo, com a construção em 1840 das primitivas alminhas em madeira, para alguns anos, nomeadamente em 1896, serem construídas as atuais alminhas em pedra, sendo como na grande maioria, em 1950 e seguintes, colocado um painel de azulejos que foi produzido na fábrica Aleluia, em Aveiro.

Se procurarmos por uma ação mais primitiva, obviamente recuada no tempo, eis que no lugar da Ervosa, um dos lugares com mais importância na história da comunidade, ainda hoje local de disputa no que se refere aos limites territoriais dos territórios dos municípios de Santo Tirso e Trofa.

No ano de 1722, era construído o nicho primitivo que teve as suas funções asseguradas por dezenas de décadas e até mesmo séculos, sendo no passado recente sofrido obras de beneficiação que até acabaram por alterar profundamente a sua traça e fazer com que perdesse um pouco da sua historicidade.

O território trofense é repleto de pequenas marcas que ajudariam a construir a sua identidade, bastaria existir um pouco de boa-vontade para que isso se concretizasse, alterando a célebre mentalidade que a “Trofa não tem história”.

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