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Folha Liberal: O estado da nação

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Há dias discutiu-se na Assembleia da República, “o estado da nação”. Quem tenha assistido ao debate e viva em Portugal, deve ter ficado confuso…
Ouvimos o Sr. primeiro-ministro dizer que, “Portugal não estagnou, Portugal não entrou em recessão, Portugal não regressou à estagnação” e, pelo contrário, “teve no primeiro trimestre o terceiro maior crescimento da União Europeia e as previsões de crescimento para este ano já variam entre 2,4 e 2,7%”. E “o emprego está em máximos históricos, com 4,9 milhões de pessoas empregadas; e a inflação tem vindo a descer”.
Voltamos à famosa “teoria do oásis”, todos à nossa volta estão mal, menos nós.
Seria bom que assim fosse, mas pelo que vemos não é isso que os portugueses sentem.
Uma recente sondagem divulgada pelo “Público” refere que: o governo; o custo de vida e a corrupção são os principais problemas do país. Mas, essa sondagem revela uma outra coisa, talvez mais surpreendente e delicada: há mais pessoas com dificuldades em pagar alimentação agora do que no tempo da troika.
Tenho insistido nas minhas crónicas na necessidade de se controlar a inflação, porque senão os portugueses cada vez ficam mais pobres e com mais dificuldades em pagar as suas contas. E quem nos governa sabe isso muito bem!
Esses dados positivos, que o Sr, primeiro-ministro apresentou, não refletem verdadeiramente o “estado da nação” são apenas uma visão muito parcial e enviesada da situação real. Além de mais os “bons” resultados na economia são conseguidos, muito mais apesar do governo, do que por medidas certas que o governo tenha tomado. Este crescimento económico deve-se ao setor privado!
No que depende dos nossos governantes, vemos o Serviço Nacional de Saúde a desmoronar-se, a encerrar urgências, com listas de espera a aumentar, com cada vez mais gente sem médico de família; vemos o estado em que está a justiça, com os casos nas secretas, ou no ministério público; vemos as dificuldades na habitação, que vão ser ainda piores devido às medidas perversas deste governo; e o que dizer da defesa e de tudo o que temos vindo a saber?
Ficamos a perceber, apesar de nos tentarem esconder, como são geridas as empresas públicas em Portugal, Vemos a execução do PRR muito abaixo do que se esperava e do que devia ser; vemos a total incapacidade para se tomar alguma decisão sobre o aeroporto, ou sobre a ferrovia.
E, mesmo algumas das boas noticias, não são assim tão boas, ou não podem ser apreciadas de uma forma leviana. A dívida pública desceu em percentagem do PIB e isso é uma boa noticia, mas seria muito melhor se ela tivesse descido, por nós termos pagado a quem devemos. Mas não, na verdade o valor da nossa dívida pública é maior do que era antes, em valor absoluto, desceu em percentagem do PIB porque o PIB cresceu mais.
Cabe aos portugueses, sabendo o que se sabe, fazerem a sus reflexão sobre o “estado na nação”. Dizer que podíamos estar piores é fraco consolo!
Mas, em meu entender, se quisermos saber mesmo o “estado da nação”, devemos socorrer-nos do comunicado do “conselho de estado” que se reuniu há alguns dias, para saber o que lá foi discutido. No final dessa reunião foi emitido um comunicado que diz: “O Conselho de Estado, reunido sob a presidência de Sua Excelência o Presidente da República, hoje, dia 21 de julho de 2023, no Palácio de Belém, teve como tema central a “Análise da situação política, económica e social”. Só isto! E isto é o que me parece ser o estado da nação: Os portugueses servem apenas para pagar impostos e os que decidem a nossa vida acham que não nos devem nenhuma explicação.
Merecemos certamente muito mais! Precisamos que o governo mude a sua forma de agir, porque até aqui o que temos visto é o crescimento dos hospitais privados, como nunca, da mesma forma o setor escolar privado pujante, etc. Este governo, ainda que por incompetência, ajuda e muito os privados, talvez como nenhum outro.
Há outra forma de governar! Se apesar deste governo, conseguimos ir tendo alguns pequenos sucessos, imaginem o que podíamos fazer com um governo a sério, que se preocupasse mesmo com o país e, menos com a manutenção do poder.

Sendo esta a última cónica, antes de um período de férias, quero desejar a todos os leitores umas boas e retemperadoras férias.

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