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Folha Liberal: Copo meio cheio ou meio vazio!

“As eleições do passado dia 10 de março tiveram resultados muito interessantes, e é importante que todos prestemos a devida atenção.” A opinião de Diamantino Costa

Diamantino Costa

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As eleições do passado dia 10 de março tiveram resultados muito interessantes, e é importante que todos prestemos a devida atenção. Em primeiro lugar, devemos regozijar-nos pelo facto de a abstenção ter sido inferior a 34%, a mais baixa desde 1995. Afinal, parece que os portugueses se interessam e preocupam com a situação em que Portugal e os portugueses se encontram, e sabem que é votando que podem alterar isso. Em boa hora o fizeram!

Em segundo lugar, podemos perceber que a generalidade dos partidos ficou satisfeita com os resultados das eleições. Vejamos:

A Aliança Democrática (AD) tem motivos para ficar contente, pois ganhou as eleições, ao ser o partido mais votado (na verdade, no momento em que escrevo esta crónica, isso ainda não está confirmado, mas tudo indica que será a AD a vencer as eleições), levando a que seja convidada a formar governo, que era o principal objetivo.

O Partido Socialista (PS) também tem motivos para estar satisfeito, pois mesmo eles percebem, que o estado a que o país chegou é tão lastimável, que permanecer até ao fim na “luta” pela vitória nas eleições é um grande feito. Parece-me inclusive que o Secretário-Geral do PS entregou demasiado rapidamente a vitória à AD. Pedro Nuno Santos parecia muito feliz com os resultados e por assim, ir para a oposição, libertando-se do “Costismo” e por poder voltar a ser ele próprio, sem problemas em renegar as políticas do antigo PS.

O Chega tem, obviamente, motivos mais que suficientes para estar satisfeito. Conseguiu multiplicar por 4 o número de deputados e quase por 3 o número de votos. Ninguém pode duvidar do excelente resultado para o Chega nestas eleições.

A Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda também podem dizer que os resultados foram bons, afinal, conseguiram manter o número de deputados e até aumentaram o número de votos.

A CDU também tem motivos para estar satisfeita, já que ganha sempre as eleições! Podem, desta vez dizer, que tiveram um resultado muito melhor do que as sondagens indicavam.

O Livre tem obviamente motivo de regozijo, já que passa de 1 para 4 deputados e também multiplica por 3 (quase), o número de votos. O PAN conseguiu manter a sua presença na Assembleia da República.

Até o ADN tem motivos de satisfação, já que passa de 10 mil para 100 mil votos e consegue assim uma boa subvenção do Estado.

Mas esta análise, que me parece que os partidos fizeram, peca por ser muito simplista. Pode a AD estar satisfeita com os resultados, quando viu que, apesar do estado miserável em que se encontra o país, apenas pouco mais de 28% dos portugueses acham que é a AD a alternativa que Portugal precisa? Por outro lado, fica completamente na mão dos interesses dos outros partidos, já que nem com a IL consegue ter mais votos que os partidos de esquerda (e sabemos que com o Chega, “não é não”).

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Como pode o PS ficar satisfeito, ao perceber que perdeu cerca de 40 deputados e meio milhão de votos em 2 anos? Isto, quando tinha uma maioria absoluta na Assembleia da República e podia (e devia) ter feito muito mais por este país.

O Chega, apesar da votação histórica, acaba por não se tornar verdadeiramente relevante. Não consegue, por si só, ser o fiel da balança. E parece que a AD não está mesmo disponível para acordos com o Chega, pelo que não chegará ao Governo, como tinha por objetivo.

O BE não conseguiu crescer nada, quando o PS desceu tanto. Parece haver motivo para reflexão.

A CDU está cada vez mais irrelevante. Parece estar no caminho que todos os seus congéneres europeus seguiram.

Quanto à IL, como pode ficar satisfeita com a votação que teve? Queria ter 7,5% de votos e 12 deputados. Não atingiu nenhum dos objetivos. E culpar o “voto útil” na AD por isso, parece-me muito desajustado, já que a votação que a AD teve, não foi tão boa a ponto de justificar a existência do voto útil. Perdeu um deputado em Lisboa. “Trocou” João Cotrim de Figueiredo e Carla Castro por Mário Amorim Lopes e Mariana Leitão, ficando com um Grupo Parlamentar, indiscutivelmente, mais fraco. As duas pessoas que tanto fizeram na Assembleia da República pela IL, levando ao grande crescimento do partido nas eleições de 2022 estão fora do Parlamento, por opção! Não consigo ver maior tiro no pé!

Cada um pode escolher se prefere ver o copo meio cheio ou meio vazio! Quem joga para o empate, certamente conseguirá argumentar que o copo está meio cheio, mas quem joga para ganhar não pode deixar de ver que o copo está meio vazio. Resta, tratar de perceber se estando meio cheio ou meio vazio, está a encher ou a esvaziar…

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