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Edição 581

Manuel Maia apresenta 50 anos de vida empresarial

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São 316 páginas de “Retalhos da vida de um empresário” que Manuel Maia apresenta no ano em que comemora 50 anos de carreira. Aos 81 anos, não faz parte de qualquer empresa e vive das recordações que quis partilhar com todos, em particular com a família. “Há uma certa tendência da própria família, sobretudo os filhos e os netos, de pensarem ‘o meu avô foi uma pessoa com sorte’, os pais talvez o tivessem ajudado ou teve algum sócio capitalista dele. Nada disso aconteceu, foi tudo feito com muito sacrifício, mas eu não desistia das coisas”, explicou ao NT Manuel Maia. Foi este o primeiro impulso para passar para livro a história de uma vida. “Retalhos da vida de um empresário”, que mostra o lado pessoal e profissional de Manuel Maia, começou a ser escrito em fevereiro de 2015 e terminou quase um ano depois, em janeiro de 2016. Um ano de viagens pela memória que começam em 1966, com a abertura da sua primeira loja, Casa dos Retalhos, na Rua de Cedofeita, no Porto. Três anos depois, abre a Macomil (Malhas, Confecções e Miudezas, Lda), que assume como “uma das coroas de glória”. Em 1972, em Santiago de Bougado, abre a Mako Jeans Consórcio Director Empresarial S.A., uma marca com projeção internacional, começando com um mercado com tradição na moda, França. Assim, poucos anos depois aparecia a Mako Jeans França. São muitas as aventuras que relata neste livro. Numa das viagens pelo mundo, descobriu que, em Caracas, o salário mínimo era quatro vezes superior ao português, por isso percebeu que ali havia “um poder de compra extraordinário”. Passados uns meses estava lá com uma coleção que a Mako Jeans preparou. “Foi um dos maiores mercados que tivemos”, afirmou. Tudo isto começou porque Manuel Maia “gostava muito de tudo o que era vestuário”. Na altura da infância já “andava bem vestido”. O empresário assume que sempre gostou “muito de roupa, mas nunca imaginou que pudesse ir tão longe”. Para atingir os seus objetivos precisou de “fazer por isso”. Hoje fala espanhol, francês, inglês, alemão e italiano sem que alguma vez tivesse tido um professor, por isso assume-se como um “autodidata”. Define a sua vida empresarial como uma “montanha-russa”, mas apesar dos altos e baixos, sempre conseguiu dar a volta. Das 20 empresas que criou nem todas se relacionavam com a moda. Por exemplo, a Ibacoc, que criou em 1976, estava ligada à construção civil, uma área que também preza muito, “porque tem muitos pormenores na parte final que é preciso algum gosto”. No mercado internacional chegou a França com a Mako Jeans França, à América do Sul e às Caraíbas com a Contex, e a Nova Iorque com Allied Stores Corporation. Por cá, a estrutura empresarial do grupo que criou em 1980 incluiu a Macomil, Manute, Coteve, Nantimir e Mako Jeans, de onde acabou por sair em 1985. Mas a aventura continuou pouco depois com as Galerias Minimax, que abriram a Belleville Boutique e, mais tarde, em 1996, com a Me Allegro, espaço que ainda hoje se pode visitar no cruzamento da Rua de Cedofeita com a Rua Miguel Lombarda, no Porto. Falamos de uma área de quatro mil metros quadrados, com quatro edifícios, que foram sendo adquiridos ao longo dos anos de sucesso. Em 1996, a inauguração da “maior loja ibérica de moda” contou com a presença da modelo internacional Valeria Mazza e a apresentação de Bárbara Guimarães, factos descritos ao pormenor e na primeira pessoa no livro de Manuel Maia. Sempre primou pela diferença, enquanto a maioria tinha um computador na contabilidade, já naquela altura, Manuel Maia tinha um computador na secção corte. Mas isso não lhe bastava, “era preciso comprar bem, estar atento, fazer bons modelos, comercializar bem”, explicou.

Condições sociais acima da média valeram-lhe várias distinções

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Outro facto que o destacava eram as regalias sociais acima da média que oferecia a quem trabalhava com ele. Empregou muita gente, mas “quando cumprimentava as pessoas sabia o nome delas todas”. “Havia um fundo que a empresa destinava, retirado dos lucros (3,4 ou 5 por cento), para que se algum empregado tivesse alguma dificuldade fosse a esse fundo, que era orientado pelo funcionário mais antigo da casa”, avançou Manuel Maia, que considera que os empresários devem “criar condições para as pessoas estarem satisfeitas a trabalhar”. “Admiti várias pessoas reclusas, nenhuma me roubou”, garantiu. A fábrica que abriu tinha “um refeitório, uma sopa gratuita e refeições a preços simbólicos”. “O meu objetivo primeiro não era ganhar dinheiro, era fazer coisas diferentes com prestígio”, acrescentou.
Foram estes gestos que lhe valeram várias homenagens, nacionais e internacionais, do Presidente da República e de quem trabalhava com ele. Em 1979, os funcionários homenagearam-no com uma “pedra em bronze trabalhada com a esfera armilar e uma placa”, mas também recebeu “medalhas lá fora por repercussões de coisas não só de carácter comercial, mas de caráter social, pela forma como tratava as pessoas”.
“Continuo a ser hoje bastante escrupuloso naquilo que faço para não prejudicar ninguém”, afirmou Manuel Maia. A definição que tem de empresário pode ser distinta da maioria. “Empresários são aqueles que criam postos de trabalho e que melhoram a situação das pessoas que com eles trabalham. Foi isso que eu fiz. Eu quis fazer qualquer coisa de diferente, sem que ninguém dissesse ‘aquele tipo singrou à custa do esforço dos outros’”, concluiu. No livro recorda também a altura em que Ramalho Eanes, o então Presidente da República, num momento de crise, procurava “uma empresa que não tivesse problemas, que estivesse a crescer e a exportar” e, com “o maior orgulho, escolheu a nossa casa para visitar”. “Nunca tivemos uma reunião, uma greve, nada. Para mim isto é a maior coroa de glória e não o facto de ter ganhado muito dinheiro”, avançou.
Manuel Maia gostava  muito que um dia os filhos ou os netos lhe seguissem as pisadas, mas considera que os jovens de hoje “ não querem nada que seja trabalhoso”. Ainda assim deixa um conselho aos jovens empresários: “Dar condições às pessoas que trabalham. Os trabalhadores não são nenhuns escravos. É preciso dar-lhes condições de forma a que eles estejam satisfeitos”. Olhando para estes 50 anos de empresário, faria “tudo de outra maneira, aperfeiçoava com os conhecimentos que tem agora”.
“Hoje estou satisfeito. Por muito que se possa acreditar no poder dos sonhos, mesmo com planos muito reais, criados pela força indómita de um grande entusiasmo, é difícil imaginar que em 30 anos seria possível ter feito tanto”, pode ler-se nas páginas finais do livro. Esta é apenas uma parte da viagem que Manuel Maia faz ao longo de 316 páginas e que pode encontrar à venda na Me Allegro, AEBA, Fnac, Bertrand, Almedina e no El Corte Ingles.

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