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Edição 583

Campeão distrital de fundo é de Covelas

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Com um orgulho percetível pelo entusiasmo das palavras, Camilo Moreira, líder da equipa Asas de Rindo, abriu o pombal e mostrou, triunfante, os frutos de mais um cruzamento entre a linhagem que tem dado que falar. “Vê, aqui está um dos irmãos do atleta”, vangloria-se, segurando na palma da mão a cria de pombo com poucas horas de vida, quase imóvel e com uma espécie de penugem amarela, com um aspeto físico bem diferente daquele que terá daqui a uns tempos, quando estiver apto para a competição. Nele reside a esperança de Camilo Moreira de fazer mais um brilharete como o pombo irmão – identificado com o número 4150298/14 – que valeu ao columbófilo de Covelas o título inédito na Trofa de campeão distrital de fundo. Para esta competição, em que os pombos voam grandes distâncias – podem chegar aos 750 quilómetros – foi fundamental a prestação muito regular nas seis provas realizadas em Espanha. Mais de 140 pontos o distanciaram do concorrente direto, mas no dia da última prova e até chegarem os dois primeiros pombos, o nervosismo era palavra de ordem. “Sabia que o meu adversário já tinha quatro pombos marcados e eu estava em pulgas. Quando uma das pessoas do grupo que aguardava comigo me disse que o primeiro estava a chegar, foi uma emoção enorme”. O “atleta”, que acabou por se tornar o pombo vice-campeão nacional de fundo, tinha chegado ao pombal, não dececionando as hostes.
Mas faltava o segundo, o pombo que ditaria o resultado final. Aquele que era essencial para garantir o título distrital de entre 1158 concorrentes. Até que… “O mesmo senhor que tinha visto o primeiro pombo gritou que o segundo estava a chegar. Foi um momento inexplicável. Foi como se o mundo tivesse parado”, descreveu Camilo Moreira.
O rasgado sorriso, enquanto recorda estes momentos, é uma das chaves que ajudam a desvendar o gosto de milhares de pessoas pela columbofilia. Mas o mistério é “prato do dia” desta modalidade e, até ver, a ciência desconhece como é que os animais, largados a tantas centenas de quilómetros de distância, conseguem orientar-se e regressar a casa.
A juntar a isso, a sorte é um fator muito forte, uma vez que “aves de rapina e cabos de alta tensão” são obstáculos que, muitas vezes, levam a melhor. Por isso, Camilo Moreira já decidiu que o pombo que lhe valeu o título de campeão distrital vai “reformar-se” da competição: “Não o quero perder. Prefiro vê-lo no pombal”.
Asas de Rindo
Camilo Moreira lidera a equipa que está nas bocas da columbofilia distrital. “Asas de Rindo” é ainda composta por Fernando Cruz, José Cruz, Carlos Silva e Alcino Silva. O pombal onde residem cerca de 300 atletas – cerca de 200 são voadores e os restantes reprodutores – é alvo da atenção constante de Camilo que, por lá passa “cerca de seis horas” por dia. “A alimentar e a tratar da higiene dos pombos”, contou. O gosto pela columbofilia nasceu “em 2000” e por influência de “colegas de trabalho” que, um dia, “apareceram com uma caixa com pombos”.
Entretanto, com a experiência, Camilo Moreira foi colecionando títulos a nível concelhio e regional: três vezes vencedor do campeonato de velocidade e duas no meio fundo, ao nível do “bloco” (classificação que inclui os pombos que são transportados no mesmo camião). Foi ainda campeão da Sociedade Columbófila Trofense em 2007, 2010, 2014 e 2015. Na prateleira só faltava o troféu de campeão de fundo, que finalmente foi conquistado este ano.
Este título tem um sabor especial, inclusive pelo facto de ter destronado os concorrentes do centro e sul do distrito onde há maior concentração de pombos. O facto de gostarem de voar em bando e por fatores geográficos, os pombos tomam, tendencialmente, linhas de voo mais a sul, desfavorável aos pombos da Trofa, que fica no norte do distrito. Quando algo não corre bem e um pombo não chega, o columbófilo sente “pena”, uma vez que se vai afeiçoando aos animais. E apesar de os pombos serem fisiologicamente semelhantes, Camilo Moreira distingue-os a todos. “Apercebo-me logo quando me falta um”, assegurou. A preparação para as provas vai-se fazendo tendo em conta o histórico genético dos animais e longe vão os tempos em que se atrevia “a mandar 25 pombos para o fundo e, no fim, só chegavam 12”. “Se a linhagem de determinado pombo já revelar aptidão para o fundo, então experimento. Se não, mando-os para provas de menor distância”, explicou.
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