Yes Man

  Mesmo as pessoas, menos versadas, na língua utilizada pelos súbditos de Sua Majestade Isabel II, sabem que um Yes Man é um sim-homem que pouco passa disso mesmo. São homens que estão permanentemente a dizer sim ao chefe, abanando com a cabeça como bobos, desprovidos de consciência, movidos unicamente pelo interesse do poderem vir a comer da mesa do poder.

 Um Yes Man é um indivíduo bastante subserviente em relação ao seu chefe, normalmente político, não tendo opinião própria, mas está constantemente a dar opiniões. Alguns até já deram em "escribas" para melhor expressarem as opiniões do chefe. O chefe é que diz o que ele deve escrever e ele, como bom "pau mandado" que é, de cócoras lá escreve o que o chefe diz para ele escrever. È a adulação permanente.

     O tipo de chefe "cinzento" e inseguro, que atingiu o poder, não pelas suas capacidades mas por um mero golpe de sorte, é normalmente um mau líder, um líder fraco que tem necessidade de se rodear de parasitas, e sendo um bando de inúteis, passam a vida a bajular o seu chefe à espera de poder vir a comer alguma migalha do erário público que o chefe gere a seu belo prazer, normalmente delapidando aquilo que tanto custou aos contribuintes.

     Num tempo não muito distante, assistia-se a intervenções de indivíduos, noutros fóruns, que criticavam permanentemente quem estava no poder, só porque eram da oposição, mas como entretanto o seu "clube" atingiu o poder já se dão ao luxo de vir a terreiro, e até em jornais que o seu chefe impôs, a criticar quem agora critica justamente o poder instalado, esquecendo-se de quando também ele criticava exageradamente e até quantas vezes para desespero dos seus colegas de bancada, só porque o seu partido estava na oposição. Outros tempos, outras vontades.

     A vontade de hoje, desses Yes Man, é que o chefe o ponha a comer algumas migalhas do orçamento, mas vai vivendo só nessa esperança, pois o chefe, que é pouco de agradecer quem o serve, o mais que faz é indicá-lo para secretário de alguma instituição mas com menos poderes do que o "seu Nacibe" que este ao menos foi nomeado pelos Coronéis para 4º Secretário com a tarefa de fechar a sede com as chaves que lhe entregaram, para sua vaidade. E isto era no tempo da "Gabriela" em que os Coronéis mandavam.

     Agora os Coronéis são outros, mas de muita pior qualidade que tentam a todo o custo implantar na nossa sociedade o Yes Man, a disciplina castradora e o medo de até as paredes terem ouvidos.

     È assim que se promove uma geração de servos obedientes, seguidistas e submissos, de cidadãos que não pensam, pois o chefe não quer e não autoriza pois é assim que se mantém no poder!

     Infelizmente, a nossa sociedade já está infestada de Yes Man que dobram a espinha, quando estão perante o chefe, bajulando e adoptando posturas camaleônicas em função da vontade do chefe e por isso os diferentes tipos de poder, têm falta de visão e de imaginação e com a sua incapacidade fomentam nas instituições a inércia e o imobilismo.

     Esta tendência dos tempos actuais está a resvalar para um plano cada vez mais inclinado de falta de democraticidade, de autoritarismo, de temor reverencial, de respeito venerador, de servilismo para com o chefe. Nesta sociedade moderna quem triunfa em geral, é o Yes Man.

• • • •      José Maria Moreira da Silva

           moreira.da.silva@sapo.pt