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Ano 2010

“Vivemos numa crise de integridade”

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TCA-2

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Auditório cheio para ouvir convidados de luxo. Este é o cenário que pode descrever o ambiente que se viveu no auditório da Junta de Freguesia de Santiago de Bougado na 30ª edição do Fórum TCA (Trofa Comunidade de Aprendentes) que abordou o tema “Escola-Família-Comunidade: Caminhos de Aprendizagem e Cidadania”.

Porém, esse cenário é redutor se tivermos em conta a riqueza da intervenção de Roberto Carneiro, antigo ministro da Educação no mandato de 1987 a 1991. Perante pais, professores e alunos, o membro da UNESCO e do Conselho da Europa começou por invocar Martin Luther King e o discurso famoso do activista: “I have a dream” (Eu tenho um sonho). Deste célebre acontecimento retirou a última frase – “We must go together” (Devemos andar juntos) -, para frisar a importância de uma cidadania sã para uma boa educação. “Não podemos abarcar numa cidade negativa. A Trofa é uma cidade positiva, portanto é educadora. Como é educadora? Através do ideal do TCA”.

E não basta haver escolas competentes no exercício do ensino: “Uma cidade tem que ter intencionalidade educadora, lugares públicos como o mercado ou um café têm que respirar educação”, referiu.

É certo que é na educação que está o progresso, mas Roberto Carneiro rejeita a burocracia constitucional para salientar o cariz altamente social que dá vida a uma escola. “Nós nascemos duas vezes, uma vez no útero da mãe e depois no útero social que é a escola. Uma comunidade pode ser rica, mas se não tiver confiança social não progride. Não é com mais decretos e leis que faz com que os professores se sintam mais atraídos”, afirmou, contudo ressalvando “não estar a criticar ninguém”.

Roberto Carneiro defende, por isso, “escolas autónomas e diferentes, com projectos educativos com o mesmo valor”, mas que “não funcionem como um relógio”.

E mais do que viver numa crise económica e financeira, este perito da educação nacional e estrangeira considera que “vivemos, essencialmente, numa grande crise de integridade”. “Há uma ausência de padrões mínimos de integridade social. Temos que ensinar os nossos filhos o sentido de cidadão, dando o exemplo”, afirmou.

Para o convidado, é importante o “adensamento da maturidade dos valores de humanização” e “um dos motores dessa prática é o TCA”.

Pais têm poucos hábitos de participação”

Para promover o debate no fórum, Roberto Carneiro questionou uma das docentes presentes sobre como se ensina democracia na escola. E à resposta que invocou a necessidade dos ensinamentos, Roberto Carneiro acrescentou a premência de “impor regras”. “As regras são negociadas ou consentidas, é preciso ensinar as crianças desde tenra idade a respeitar a liberdade do outro. A negociação com os pais dá-lhes uma certa segurança sobre os próprios limites”, asseverou.

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E do lado dos progenitores, Roberto Carneiro afirmou que “os pais têm poucos hábitos de participação” na escola dos filhos, pelo que, salienta, “é importante uma parceria entre pais e escola, que muitas vezes é falada, mas muito pouco realizada”.

Na mesa do fórum, António Leite, Director Regional de Educação do Norte, também era um dos convidados que, para além de sublinhar que “hoje em dia não confiamos os filhos aos vizinhos, mas confiamo-los à escola 12 anos e cerca de 12 horas por dia”. “E fazêmo-lo porque a escola é o ponto de encontro entre a família e o Estado”, sustentou.

O responsável apoiou a tese de Roberto Carneiro de que a escola tem de ser devolvida à comunidade e não deixou de defender que se tem “dado passos tímidos” nesse sentido, não deixando de argumentar: “Acredito que se poderá fazer projectos educativos com menos leis, mas não acredito que se possa fazer sem leis”.

Joana Lima, presidente da Câmara Municipal da Trofa, seguiu o fórum e as intervenções com atenção e depois de reconhecer a “honra por estar sentada na mesma mesa” que Roberto Carneiro, corroborou a necessidade de envolver a comunidade na escola “num laço cada vez mais forte, para fazermos dos homens mais homens e cidadãos dignos desse nome”.

Para isso, a autarca considera que com a “DREN como parceira do TCA se pode fazer um bom trabalho no sentido de virar a escola cada vez para a família”.

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