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A pouco mais de um ano das Autárquicas de 2021, que lhe podem dar o terceiro (e último) mandato à frente da Câmara Municipal da Trofa, Sérgio Humberto depara-se com vários desafios. Ainda a lamber as feridas, depois de ter ido ao tapete com estrondo, na sequência do caso do aterro de Covelas, o edil tem em marcha várias e importantes obras, todas bem encaminhadas para estar preparadas a tempo de abrilhantar o porta-a-porta da sua campanha eleitoral, pese embora o efeito da pandemia, que continua a ser uma incógnita.

Paços do Concelho, Distribuidora 21, Ciclovia do Coronado e a beneficiação da EN14 são quatro obras diferentes, todas elas importantes, com profundo impacto nas zonas intervencionadas, todas elas situadas na zona de maior densidade populacional do concelho, todas à excepção da obra no Coronado, segunda maior freguesia do concelho em termos de população. Mas obras como esta, como o passado nos mostrou, podem ser uma faca de dois gumes. Joana Lima e o seu executivo são a prova disso mesmo. E nada nos garante, nesta fase, que Sérgio Humberto não seguirá o mesmo caminho. Para bem da Trofa, espero que não.

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Por outro lado, o autarca trofense tem em mãos alguns problemas, nenhum deles de fácil resolução, a começar por aquele que criou em Covelas, e que está longe de terminado. A quebra de confiança entre o executivo e parte significativa da população trofense, sem paralelo no consulado da coligação, e que se estendeu ao próprio PSD, está longe de sanada. Até porque o fantasma do aterro ainda não foi embora. E dificilmente irá, porque uma empresa como Resinorte, que já investiu tempo e dinheiro, não vai desistir facilmente. Pode ser que tenha sorte depois das eleições. Apoios não lhe irão faltar.

Existem também outros problemas, de natureza política, que poderão influenciar o rumo das operações, ao longo do próximo ano. Renato Pinto Ribeiro começará a ser julgado, no caso do financiamento do CD Trofense, e o Ministério Público pede perda de mandato para o vereador. Sérgio Humberto enfrentará o início da Operação Éter, na qual é arguido, num mega-caso que envolve empresários e políticos, onde a figura central é o antigo deputado do PSD que presidia ao TPNP, Melchior Moreira. Existem outros casos, ainda recentemente soubemos de uma intervenção da Polícia Judiciária na CM da Trofa, e outras pedras no sapato, algumas já a furar calçado e pé. Não se afigura o passeio no parque a que assistimos em 2017.

Para ajudar à festa, a direita trofense sofreu uma pequena revolução, com a chegada do Chega. Formalmente oficializado o núcleo trofense, o partido de extrema-direita passará a ocupar uma fatia do eleitorado trofense, que irá certamente buscar votos ao CDS-PP e ao PSD. Quando o PSD parecia preparado para deixar cair o CDS-PP, o partido de Sérgio Humberto vê-se agora confrontado com a possibilidade de precisar dos votos de um partido em crescimento exponencial. Pelo menos nas sondagens. Quantos votos valerá a extrema-direita trofense?

Perante esta equação, regresso a um apelo já feito no passado, sem qualquer tipo de sucesso, mas no qual insistirei novamente, porque a asfixia democrática teima em não desvanecer. Já nem o padre Ramos, que tão bonitas crónicas escrevia no Correio da Trofa, escapa às constantes demonstrações de poder dos donos disto tudo. E é por isso que, agora mais do que nunca, é importante que os restantes partidos com representação na Trofa, PS, BE e PCP-PEV, falem entre si. Que se entendam e sigam a fórmula que PSD e CDS-PP usaram para derrubar o anterior executivo. Podem e têm condições para se entenderem. E só uma coligação alargada, onde também cabem o PAN, o Livre e a Iniciativa Liberal, e que pode estar aberta ao contributo não-partidário da sociedade civil, pode tentar virar a página e colocar um ponto final nos tiques autoritários, cada vez mais frequentes, cada vez mais sufocantes.

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