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Verdades que incomodam

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Nos tempos atuais, as notícias são veiculadas às pessoas através de meios diversificados entrando em catadupa pelas nossas casas, em formatos variados e provenientes de diversas fontes, com o intuito de informar e divulgar um acontecimento ou um pensamento, mas também, muitas vezes, com o objetivo de moldar a nossa vida e a sociedade em que vivemos. Entre a mentira e a verdade, muitas pessoas preferem ouvir as mentiras que são muito mais doces do que as verdades que incomodam e são muitas vezes amargas e até nos abalam.

Afirmar as nossas convicções ou dizer a verdade é o caminho escorregadio para se criar inimigos, mas a verdade tem que ser dita, mesmo para quem não gosta ou não acredita. A verdade pode ser dita de formas muito diferentes, mas tem de ser mesmo verdade, pois se não for perdem-se os laços e as bases da confiança. Talvez seja este um dos motivos porque há um distanciamento entre as pessoas e os políticos e também uma descrença na política.

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A verdade pode magoar, mas não pode ser escondida por muito tempo e tem o poder de transformar a sociedade e a vida das pessoas, mas também tem a missão de incomodar, de abanar, de ajudar as pessoas a rever a sua verdade, sem implicar qualquer capitulação da inteligência, muito menos da cidadania. A essência da verdade é a liberdade, por isso aqui digo algumas verdades, que nos tentam escamotear e que gostaríamos que fossem mentiras.

Os políticos atuais fazem leis para aumentar os impostos para o povo, mas também fazem leis para aumentar muito os subsídios para os partidos políticos de onde eles emanam. São os mesmos políticos que arrastam o país para o afundamento e que fazem leis para se reformarem aos 50 anos ou menos, mas também fazem leis para o povo se reformar aos 70 anos.

Embora a corrupção exista nos mais diversos setores de atividade é no exercício de funções públicas, onde ela mais se faz sentir e mais se alastra, o que faz minar a confiança das pessoas nas instituições, até porque a justiça tarda em chegar. O regime necessita, com urgência, de uma regeneração ao nível do seu poder executivo, legislativo e judicial, com o objetivo de combater eficazmente a corrupção e levar o país para um futuro com pujança e muita esperança.

O primeiro-ministro, com o seu estilo matreiro, promete obras para daqui a 5 anos ou mais, mas também promete para a próxima legislatura aumentos para os funcionários públicos e aumentos significativos para os quadros superiores da função pública, obviamente a pensar numa maioria absoluta perniciosa, nas próximas eleições legislativas. Pode assim sonhar, até porque passou incólume pelo governo “socrático”; tem recusado tirar ilações políticas e humanas da tragédia dos incêndios de Pedrógão Grande; não ficou beliscado no episódio rocambolesco e caricato do roubo das armas no quartel em Tancos; passa ao lado dos cortes na saúde e no ensino, na manipulação dos números do défice e no aumento exponencial da dívida pública.

O país que está a colapsar, desindustrializou-se, não sabe o que quer ser daqui a duas décadas, não tem uma estratégia bem definida para deixar de viver à custa de subsídios e de empréstimos que continuam a aumentar assustadoramente a nossa dívida pública. A solução está no crescimento da economia, só que desde o início do século começámos a ter dificuldade em acompanhar os ritmos de crescimento europeus e já fomos ultrapassados por diversos países, correndo até o risco de ser o país mais pobre da União Europeia.

Quando olhamos para a equipa de políticos que enviou o país para a bancarrota em 2011 vamos encontrar muitos deles sentados na cadeira do atual poder, só que nunca se fala do seu passado ou até nos querem fazer crer que são impolutos. O legado que estes políticos deixaram aos nossos vindouros foi um presente envenenado e um futuro hipotecado, por isso cai sobre todos nós a responsabilidade de construir um país melhor e mais justo, um país decente e competente, um país sem corrupção nem mordomias, um país do qual nos possamos orgulhar.

moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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