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Edição 508

Um ano a ensinar a cuidar da natureza

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Neste primeiro ano não conseguimos concretizar tudo aquilo que pretendíamos”. Este foi o balanço apresentado pelo presidente da ADAPALNOR – Associação para a Defesa do Ambiente e do Património do Litoral Norte -, Jaime Vieira, relativamente ao primeiro ano, desde que foi legalizada, desta associação ambiental, com sede na antiga escola básica na Rua de Mendões, em S. Mamede do Coronado.
De forma a assinalar o aniversário, a ADAPALNOR promoveu uma sessão para dar conhecimento de outras associações da área ambiental, como a Quercus, Forestis, Projeto Rio, Associação Portuguesa de Orquidofilia, entre outras. À margem das palestras, Jaime Vieira denotou que “as dificuldades” que encontrou foi por parte de “outras associações ambientais e autarquias”, pois, apesar de ter contactado com “todas” da mesma dimensão que a ADAPALNOR, “não” conseguiu “fazer parcerias com nenhuma”. No entanto, conseguiu “parcerias com quase todas as associações ambientais de nível nacional” que contactou. “Temos uma associação muito nova e queremos aprender e estamos para aprender, não queremos ocupar o lugar que outras associações já tenham”, denotou.
Jaime Vieira agradeceu a ajuda da Liga para a Proteção da Natureza, que “já se disponibilizou a formar uma parceria e a ajudar nos projetos”, que, segundo o próprio, “são um bocado ambiciosos”. Também o presidente da Junta de Freguesia do Coronado, José Ferreira, mereceu o agradecimento da associação pela “disponibilidade que sempre pôs desde o primeiro dia para ajudar a associação a crescer e a fazer alguma coisa pelo Coronado”.
Como a ADAPALNOR “não está reduzida à Trofa” e a área da sua intervenção está, “para já, entre Aveiro e Alto Minho”, o presidente afirmou que tem contactado as “diversas autarquias” e que vai “iniciar uma atividade em Aveiro e outra em Braga”. Nos workshops, palestras e cursos ministrados, a ADAPALNOR “tenta mentalizar a população para a defesa do ambiente e do património, mas acima de tudo para que a população olhe para a natureza, como por exemplo as plantas, e as considerem como seres vivos”. Além disso, tem “colaborado com jardins de infância, escolas básicas, lares de terceira idade e com autarquias”, tendo “já ensinado os funcionários a fazer corretamente as podas das árvores”.
Para este segundo ano, além de outras coisas”, a associação pretende “iniciar já e ativamente qualquer coisa que seja diferente do que aconteceu até agora”. O projeto passa pela “criação de um ecossistema” na Quinta de S. Romão, onde as pessoas “possam ver os morcegos, as salamandras, sapos, rãs, peixinhos e borboletas”. Aliado a isso quer dar “proteção a todas as aves selvagens que existam nesta zona, através da construção de ninhos, criando um habitat para que possam criar e procriar nesta região do Coronado”.
Jaime Vieira apela que a comunidade se torne sócio da ADAPALNOR, através do pagamento de “0,50 euros por mês”. Para mais informações contactar através do dapalnor@gmail.com. “Precisamos da colaboração das autarquias e das populações”, concluiu.

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Edição 508

Em Memória das Vítimas de Auschwitz

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atanagildolobo
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Faz 19 anos que percorremos o Campo de Concentração Nazi de Birkenau-Auschwitz, situado na cidade polaca de Oswiecim, o maior inferno que já alguma vez existiu neste planeta. O 70.º aniversário da sua libertação ocorrido esta semana justifica a presente crónica. À entrada, lia-se:«Vai entrar num local de horror e tragédia excepcional. Comporte-se com dignidade, de forma a prestar homenagem àqueles que aqui sofreram e aqui morreram».No monstruoso sítio foram ceifadas 1,5 milhão de vidas de muitas nacionalidades, raças e etenias. O monumento é, pois, de todos e a todos respeita. Existe para não se esquecer, ou não fosse curta a memória dos homens. No cenário, existem diversos arruamentos, casas, câmaras de gaz, celas minúsculas, grandes pavilhões. Tudo circundado por três vedações de arame farpado, electrificadas, culminadas por uma parede alta de pedra. Nas casas e pavilhões existem quilómetros de latas de graxa, escovas de dentes, pincéis de barbear, toneladas de sapatos, quilos de óculos, muitas malas de viagem. Objetos pessoais dos presos. Centenas de próteses das experiências “médicas“. E, sobretudo, milhares de fotografias. Documentos de um relato histórico inacreditável que é vergonha de toda a Humanidade. Irreal aquela fotografia de uma pequena orquestra sinfónica de presos, tocando em pleno campo, tendo como assistentes os outros irmãos presos, que me comoveu sobremaneira. Lembrei-me de Viktor Ullmann, grande compositor e músico, a quem um dia a história da música fará justiça. Em Terezin, para onde foi deportado, criou a Oficina de Música Nova. Tinha 44 anos. Ullmann ali escreveu a ópera O Imperador da Atlantida. A história de um velho soldado que recusa servir os caprichos de um imperador louco. A caricatura de Hitler. Nunca lhe foi possível levá-la à cena em Terezim. A censura proibiu-a. Mas ouviram-se páginas interditas de Mahler e Zemlinsky. O maestro Rafael Schaechter montou o Requiem de Verdi. Uma verdadeira odisseia. Alguns Oficiais SS, conhecedores de música, ficaram parvamente embasbacados. Nunca tinham ouvido os acordes iniciais da 5.ª sinfonia de Beethoven intrometerem-se e misturarem-se no Requiem de Verdi, nem tão pouco aquele Libera me cantado a ouvir-se Libera nos, apelativo de liberdade e justiça. Autênticos e corajosos rasgos que fazem parte da história dos valentes homens presos em Terezim. O comandante de Terezim, cumpriu a promessa de não separar os presos que faziam parte daquele grupo musical. Em 1944, entraram todos nos vagões do comboio rumo a um destino desconhecido. Viktor Ullmann fazia parte do grupo. Tentou levar as suas composições, mas não teve o necessário consentimento. Ignorava que ia para Auschwitz em viagem sem regresso. Outra foto, verdadeiramente cruel, representa 4 rapariguinhas ciganas, completamente esqueléticas, vítimas das experiências médicas do torcionário Josef Mengele. Depois há as imagens dos guetos, das câmaras de gaz, de corpos esqueléticos, sem vida, amontoados em valas comuns, dos fuzilamentos sumários, dos que eram assassinados nas câmaras de gaz, através do “Zyklon.B“. Tinham uma morte horrível. Uma morte lenta, de autêntica aflição. Trepavam uns por cima dos outros, agarravam-se desesperadamente a tudo, em busca de ar e da vida, podendo ver-se marcas de unhas humanas nas paredes interiores dessas câmaras de gaz.

            A 3 Km, situa-se o campo de Birkenau. Vasto campo de terror. As construções destinadas aos presos não passavam de barracões de madeira, onde proliferava toda a espécie de fungos e bicharada. Dividiam-se em “gaiolas“ onde dormiam 7 presos. A temperatura baixíssima do inverno, a escassez de água e alimentos mataram milhares de vidas de malária e de tifo. Outras à fome e à sede. As mulheres cumpriam mais de 12 horas de trabalho-escravo. Muitas, chegavam a ver morrer os seus bebés, antes de também serem executadas.

            Seguimos por aquela estrada recta, paralela à linha do comboio que trazia os presos, no interior do campo de concentração, até chegarmos ao monumento em memória das vítimas, escrito em diversas línguas. Uma idosa de face enrugada, cabelos brancos e bengala na mão, virou-se e inicia o seu regresso. As lágrimas desciam-lhe pelos sulcos sofridos do rosto, sob os olhos perturbados pela memória. Olhou-nos. Subitamente cambaleou. Amparamo-la e abraçamo-la. Por momentos, só se ouvia o silêncio e a ligeira brisa. Tentei dizer qualquer coisa. Mas, engoli em seco, nada me saia e mantive-me calado. Não sei a sua nacionalidade. Se era descendente de presos, ou se teria sido prisioneira. Também não interessa. Sentia uma profunda comoção por ali se encontrar. Memórias nefastas de uma vida mutilada pela dor. Passados alguns segundos retribuiu o carinho com um beijo e murmurou um dziekuje (obrigado em polaco), e afastou-se sem nunca olhar para trás.

Este quadro de Birkenau-Auschwitz perfeita incredulidade terminou há 70 anos e foi obra da ganância, do egoísmo, do poder, do querer dominar tudo e todos. Porquê e para quê?             Obra do homem. Contra o Homem. O seu autor: O nazi-fascismo germânico e seus aliados diretos, a Itália de Mussolini e o Japão e sempre com os apoios de Franco e de Salazar. Apesar das tentativas ocidentais de omitir a história, foi o heroico exército vermelho que libertou o campo e os prisioneiros. Corria o mês de Janeiro e fazia cerca de 20 graus negativos de temperatura. O coronel Vasily Petrenko, comandante das tropas soviéticas, teve de receber tratamento médico. Nas suas andanças, o oficial vira gente com fome, os seus camaradas carbonizados, civis enforcados e empenhara-se nas piores batalhas. Mas não estava preparado para Auschwitz. Nunca recuperou. Questionava-se, em autêntico delírio, o que faziam ali tantas crianças, no meio da guerra. Percebeu que estavam para morrer e que os seus soldados pisavam cinzas de centenas de milhar de homens, mulheres e crianças, despejadas pelas chaminés dos crematórios de Auschwitz.

Em memória dos homens, mulheres e crianças que pereceram e sobreviveram em Birkenau-Auschwitz e em todas as latitudes e longitudes, vítimas da ganância do homem, são estas linhas de escrita. Ouça-se, pois, O Requiem Polaco de Penderecki: Em Memória das Vítimas de Auschwitz.

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Edição 508

O estado social vergado aos ditames do poder

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Joao mendes
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Começo a escrever estas linhas às 08.30 horas, sentado na sala de espera do Posto Médico da Trofa, enquanto espero pela minha vez para levar a vacina do tétano. À minha frente, na fila de admissão, um senhor desiste, em aparente desespero, de tentar uma consulta perante a impotência da responsável da admissão de pacientes que lhe explica, calmamente e sem margem de manobra, que não há nada que possa fazer porque o centro não consegue dar resposta às necessidades da população.
A imagem que trouxe do Posto Médico é o espelho de um país que assiste ao galopante desmantelamento do seu estado social. Um desmantelamento que não é inocente e que já faz vítimas, que o digam as várias pessoas que têm morrido nas últimas semanas nas urgências de diferentes hospitais portugueses. Será normal que isso aconteça? Sim, é normal. Um paciente pode chegar às urgências numa fase em que pouco ou nada haja a fazer. O que não é normal é que esse paciente esteja nove horas para ser atendido, seja deixado à sua sorte numa maca no meio do corredor sem comer e sem a atenção devida que, no caso específico de Maria Vitória Moreira Forte, de 89 anos, resultou no esvaziamento total da bomba de oxigénio que auxiliava a sua respiração, situação detectada pelo filho, o mesmo filho a quem foi dito, por volta das 01.30 horas desse dia, que não poderiam dar alta à sua mãe mas que também não a poderiam internar por falta de camas. Maria acabaria por falecer meia hora depois.
É assustador perceber que determinadas opções políticas podem influenciar a vida ou a morte de uma pessoa. O caso de Maria choca não só pela negligência mas principalmente pela crescente incapacidade do SNS em responder às necessidades dos portugueses. A culpa é da austeridade, é o ajustamento. Tretas! São opções de políticos, nada mais. Opções de políticos que resgatam bancos com o dinheiro dos nossos impostos. Opções de políticos que mantêm privilégios das suas castas opulentas com o dinheiro dos nossos impostos. Opções de políticos que, perante o caos nas urgências portuguesas, chegaram à conclusão que terão que delegar no privado. Usando para isso o dinheiro dos nossos impostos, claro. Opções de políticos que, tal como o Secretário de Estado social-democrata Agostinho Branquinho, têm interesses a defender no sector privado de saúde.
O ímpeto “fundamentalista” deste governo, que não parece ter descanso enquanto não privatizar todos os “anéis” que Passos Coelho prometeu na campanha de 2011 não privatizar, é toda uma agenda em si. Apesar da propaganda, apesar do descaramento de afirmar que se salvou o SNS, a realidade está à vista de todos. Do Posto Médico da Trofa ao Hospital Garcia de Orta, do SNS aos outrora lucrativos CTT, o foco parece ser descredibilizar os principais serviços públicos e oferecê-los, por tuta e meia, aos privados do costume, que retribuem com confortáveis cadeiras. Um exemplo ilustrativo é o de José Luís Arnaut, antigo ministro de Durão Barroso e sócio-gerente da firma de advogados CMS Rui Pena & Arnault que participou activamente na privatização da ANA, vendida à francesa Vinci, e dos CTT, vendida parcialmente ao banco Goldman Sachs. Após as privatizações, Arnault foi “convidado” a presidir à mesa da Assembleia Geral da ANA e nomeado para o conselho consultivo internacional do Goldman Sachs. Parece fácil não parece? E olhem que é. Basta estar no partido certo e ter os amigos certos no poder.

“O autor escreve ao abrigo da língua portuguesa que aprendeu na escola”
João Mendes

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