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Edição 519

Sessões de esclarecimento público privadas

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Joao mendes

O PSD Trofa tem vindo a promover uma actividade que tem percorrido as diferentes freguesias do concelho. Ou melhor, as freguesias do concelho que são actualmente geridas por social-democratas. É que, até ao momento, o périplo ainda não passou pelo Muro ou pelos Coronados. Talvez sejam os próximos destinos da comitiva.
Olhando para esta actividade – que na minha opinião é uma boa actividade – é praticamente impossível alhearmo-nos de pressupostos de ordem estratégica e/ou partidária, pois verificamos que a iniciativa Pergunta ao Presidente conta com a presença do autarca social-democrata Sérgio Humberto, que é acompanhado pelo presidente social-democrata da Junta de Freguesia local e por outros membros do mesmo partido com quem a mesa deste debate é partilhada e que, a julgar por algumas fotografias que circulam nas redes sociais, têm também espaço para curtas intervenções. Estamos portanto perante um evento partidário no qual o presidente se faz ouvir na qualidade de presidente e não na qualidade de um simples militante do PSD Trofa, não deixando porém de o ser. Para além disso, e ao que pude apurar junto das entidades, a imprensa local não foi convidada para cobrir estes eventos, facto que aperta ainda mais este círculo fechado.
Sendo um evento estritamente partidário, ainda que aberto à participação popular, não me compete tecer juízos de valor. Os partidos são livres de levar a cabo as iniciativas que entenderem e o esclarecimento da população são sempre louvável. Mas existe algo que me intriga, estando eu certo que a actividade não terá sido planeada nas costas do autarca, pois apesar de Sérgio Humberto já não ser o presidente da concelhia, continua a ser um dos mais destacados militantes da estrutura local e, como tal, este projecto terá contado com a sua aprovação e conhecimento prévio. Assim sendo, porque motivo não terá esta iniciativa partido da parte da própria Câmara Municipal? Se estamos a falar de sessões de esclarecimento sobre a Trofa e abertas a todos os trofenses, não beneficiariam as mesmas de maior isenção caso fossem levadas a cabo num clima de maior neutralidade?
É que existem diferenças substanciais entre ser um evento público ou um evento de uma estrutura partidária aberta ao público. Logo à cabeça, o facto de ser um evento partidário afasta naturalmente os militantes de outros partidos, nomeadamente socialistas, devido ao clima de permanente tensão que existe entre ambas as estruturas. Recuem 2 anos no tempo e imaginem um cenário inverso, no qual o PS promovia uma actividade idêntica, para a qual convidava a anterior autarca. Estão a imaginar uma grande afluência de social-democratas? Eu não. Não digo que, num caso e noutro, não apareçam militantes do partido “adversário” mas a tendência óbvia é para uma presença esmagadora de militantes do partido organizador.
Por outro lado, se o presidente da Câmara Municipal da Trofa esteve disponível para marcar presença nestas sessões, assumo que estará também disponível para marcar presença em sessões da mesma natureza, quer sejam organizadas por outros partidos, quer sejam organizadas por associações locais. Até porque a não-aceitação de tais convites configuraria um acto discriminatório da parte de alguém que, assumo eu, terá colocado o superior interesse das funções que agora exerce acima da sua militância partidária. Aguardarei, com expectativa, o dia em que a autarquia decida levar a cabo sessões de esclarecimento público que sejam verdadeiramente públicas.

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