Ano 2009
PORTUGAL DE ABRIL – Alguns episódios tristes
No 35.º aniversário do 25 de Abril, retive dois episódios que considero lamentáveis.
Em Santa Comba Dão, inauguraram o Largo Salazar, uma iniciativa da Câmara Municipal local cuja cor política desconheço.
Trata-se, do meu ponto de vista, duma iniciativa lamentável. Atribuir um topónimo é um acto de homenagem e homenagear Salazar é esquecer, no sentido de branqueamento, todo um passado de retrocesso que o nosso país sofreu.
Não é admissível que num regime democrático se homenageie um homem que foi a negação da própria democracia.
Defendem alguns defensores de Salazar que, no seu tempo, não tiveram falta de liberdade e defendem também que, a liberdade de hoje, é culpada de muitos males da nossa sociedade.
Esquecem-se, ou fazem por isso, que, no tempo de Salazar, as pessoas eram livres para o apoiar ou para estarem caladas.
É próprio das ditaduras. Apoie-se ou cale-se. Só assim podem viver em paz.
E não é intelectualmente correcto falar-se em respeito porque não disso que se tratava. Tratava-se, sim, de medo. E todos eram heróis na hora de apoiar o ditador.
No tempo da ditadura também havia problemas que a Censura se encarregava de esconder do povo.
A atitude da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, homenagear um ditador, porque é disso que se trata, mesmo sendo um filho da terra, é uma atitude de homenagear um regime que não deixa saudades, à excepção dalguns que possam ter beneficiado com o regime ou, por qualquer motivo, não pensaram bem nos gravíssimos erros e crimes que se cometiam.
É fácil ser corajoso e afrontar o regime democrático com a tolerância da própria democracia. Gostava de ver esses “corajosos” no tempo da ditadura a homenagear um democrata. Talvez aí fossem “corajosos” para apoiar o regime.
É certo que a democracia não é colocada em risco com estas “originalidades” fáceis mas não creio que seja, mesmo intelectualmente, correcto que um presidente de Câmara Municipal se preste a estas atitudes.
Outro episódio triste tem a ver com os insultos e agressões ao Dr. Vital Moreira, candidato pelo PS ao Parlamento Europeu.
Mais de trinta anos depois de 1974, estes comportamentos de intolerância já não são compreensíveis.
O Prof. Vital Moreira é uma figura de relevo de âmbito nacional e não se lhe conhece, no seu comportamento, ao longo da sua vida, de atitudes de radicalismo, quer social, quer político.
Nem sequer podem responsabilizá-lo pelas dificuldades sentidas no dia-a-dia, já que não tem nem teve responsabilidades governativas.
Esperemos que estes episódios se não repitam para bem da nossa democracia.
Afonso Paixão
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