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Edição 481

Pe. Luciano Lagoa celebra 25 anos de sacerdócio

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Ordenado diácono no dia 8 de dezembro de 1988 e presbítero no dia 9 de julho de 1989, na Sé Catedral do Porto, Luciano Lagoa foi ordenado pároco de S. Martinho de Bougado em fevereiro de 2006, onde se mantém até aos dias de hoje.

O Notícias da Trofa (NT): O que o levou a abraçar o sacerdócio?
Luciano Lagoa (LL): A certeza da vocação, para mim, não é algo que apareça de um momento para o outro, mas sim um caminho que se vai percorrendo e ao longo do qual se vai sentindo um apelo cada vez mais forte do Senhor a segui-Lo na consagração total da nossa vida.
Concretamente, no meu caso desde pequeno que esse horizonte esteve sempre presente. Tinha um tio-avô pároco da minha paróquia de S. Romão (Pe. Augusto Lagoa – talvez os mais velhos já tivessem ouvido falar) com quem convivi até aos 10 anos e o ambiente familiar era também bastante religioso. Devo dizer, entretanto, que nessa altura ainda não tinha sentido o chamamento e não punha sequer a hipótese de ser padre. Mais tarde, na adolescência, essa ideia começou a aparecer na minha cabeça um pouco talvez por influência do pároco da altura (Pe. Lino Maia) e de alguns missionários que passavam por lá. Por isso disse aos meus pais que queria ir para o Seminário. Os meus pais apoiaram-me mas como havia bastantes dificuldades económicas, tiveram que pedir ajuda a outras pessoas e consegui entrar no Seminário Menor para frequentar o 10º ano. A partir daqui o processo foi-se desenrolando naturalmente, com algumas dificuldades pelo meio, com avanços e alguns recuos ao nível da vocação mas com uma certeza cada vez maior de que era este o caminho que o Senhor me propunha. Não foi propriamente um caminho fácil onde tudo estava programado mas antes uma busca constante de Deus no meio de luzes e sombras e que ainda não está concluído, pois a busca de Deus e dos seus misteriosos caminhos continua. Mas talvez seja isto que torna tão aliciante esta aventura com Deus.

NT: Quando foi ordenado diácono e padre?
LL: Fui ordenado Diácono no dia 8 de dezembro de 1988 e presbítero no dia 9 de julho de 1989 na Sé Catedral do Porto. Este foi um dia inesquecível porque sentimos que nos colocamos nas mãos de Alguém ao mesmo tempo próximo e infinitamente grande mas que tem para connosco um projeto de amor que nos transporta para uma outra dimensão.

NT: Que funções desempenhou ao longo destes 25 anos?
LL: Entre 1989 e 1991, fui formador no Seminário do Bom Pastor (Ermesinde) procurando ajudar na formação dos seminaristas menores.
Em 20 de outubro de 1991, dei entrada na paróquia de Rio de Moinhos, Concelho de Penafiel, mais tarde seria também Administrador Paroquial, em acumulação, de Boelhe e Perozelo. Fiquei, depois, como responsável, de S. Vicente do Pinheiro e Portela. Foram assim 5 freguesias na parte sul do concelho de Penafiel que me marcaram e que, como é evidente, não esqueço.
Entre 1994 e fevereiro de 2006 fui também Vigário da Vara da VII Vigararia da Região Pastoral Nordeste (Penafiel II). Aqui também não posso deixar de destacar a grande camaradagem e companheirismo com o clero desta zona da diocese.
Finalmente em 19 de fevereiro de 2006 entrei na Paróquia de S. Martinho de Bougado, onde atualmente me encontro com muito gosto e feliz. Também em 9 de setembro de 2008 tomei posse como Vigário da Vara da Vigararia de Trofa-Vila do Conde da região Pastoral Norte, função que ainda exerço.

NT: Quais os momentos mais marcantes nestes 25 anos de sacerdócio?
LL: A minha vida de 25 anos de padre trouxe-me naturalmente bons e menos bons momentos. Gostava de assinalar os primeiros anos da vida de padre em que estive responsável por uma parte dos alunos do seminário menor de Ermesinde.
Lembro também o momento em que o Bispo do Porto me confiou o cargo de Pároco de Rio de Moinhos (na altura foi só uma paróquia depois é que vieram as outras). Lembro a saída das minhas antigas paróquias que foram momentos difíceis mas necessários. Lembro, naturalmente, a minha chegada a S. Martinho de Bougado e todo o carinho das gentes desta terra. Mas lembro sobretudo a presença amiga de muitas pessoas que, ao longo destes anos, nas várias paróquias que estiveram ou estão sob a minha responsabilidade, me ajudaram a levar por diante as várias tarefas pastorais de cada uma das comunidades. Se quisermos, são elas com o seu esforço, dedicação, sacrifício e fé que constituem o nosso grande suporte humano a que se junta, evidentemente, a força da presença de Cristo.
Quanto aos momentos menos bons, devo dizer que, humildemente, reconheço as minhas limitações: sinto que era preciso tornar ainda mais evidente a pessoa de Cristo através das minhas ações; sinto que ao nível da transmissão da Palavra de Deus, a sua mensagem deveria chegar melhor às pessoas deste tempo para lhes dar uma nova esperança e um sentido de vida mais elevado; sinto que nem sempre soube transmitir o valor da Eucaristia e outros sacramentos; sinto enfim que sou um pobre instrumento nas mãos de Deus – um instrumento, ainda por cima, defeituoso porque se fosse uma boa ferramenta, o Senhor poderia fazer maravilhas ao seu povo.

NT: Como avalia o trabalho que tem vindo a ser feito desde que está na paróquia?
LL: Penso que ninguém é bom juiz em causa própria. Por isso também não quero avaliar publicamente o meu desempenho; acho que intimamente tenho a obrigação de o fazer todos os dias mas não gosto de falar do que foi feito como se não fosse Cristo o responsável primeiro. Tenho, isso sim, consciência das minhas limitações e de tudo o que poderia ter sido realizado e não foi.
Quero, sobretudo, agradecer a um grupo grande de pessoas desta comunidade que, desde que vim para aqui, estiveram, estão e estarão (assim o espero) a meu lado e souberam (comigo) levar por diante a tarefa da evangelização. Como dizia atrás, é com o seu trabalho e esforço e com a ajuda d’Aquele que nos guia – Deus – que porventura se vai avançando no caminho da fé. A alegria de um padre não se mede tanto, penso eu, pelo número de obras feitas ou grandes realizações mas sim pelo modo como sente a comunidade a caminhar na descoberta de Deus e empenhada em conhecê-Lo melhor.

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NT: Como avalia o trabalho que tem vindo a ser feito na vigararia?
LL: Quando fui eleito Vigário da Vara de Trofa/Vila do Conde foi uma nova realidade que surgiu. Até aí havia 2 vigararias (Vigararia da Trofa e Vigararia de Vila do Conde) que nesta ocasião, por decisão do Sr. Bispo, se juntaram. Este facto, só por si, traz naturalmente algumas dificuldades: a primeira é a distância, depois é preciso a habituação a esta ideia, também dificulta o facto de os sacerdotes serem de idades bastante díspares e as resistências das próprias populações à mudança. Tudo isto são circunstâncias que é preciso atender mas com o tempo tudo se resolve.
Quanto ao trabalho que tem sido desenvolvido, devo dizer que se foi tornando mais fácil do que se poderia pensar. Na verdade a colaboração entre os colegas padres foi-se tornando uma realidade e assim se pôde avançar para projetos comuns que levaram a que estas dificuldades se fossem esbatendo. Parece-me que hoje funcionamos bem nesta realidade da vigararia Trofa / Vila do Conde; temos realizado algumas ações comuns a todas as paróquias, a última das quais foi a peregrinação a Fátima que juntou cerca de 4.000 pessoas.

NT: Acha importante aproximar as paróquias de Santiago e S. Martinho de Bougado? O que está a ser feito nesse sentido?
LL: Sim, não só acho importante a aproximação (sem se perder a respetiva identidade) destas duas paróquias, como também em relação a todas as outras, pois hoje não se pode pensar a vida pastoral da Igreja sem esta abertura e comunhão com as realidades que nos estão próximas. O tempo em que as paróquias viviam só para si e para os seus problemas já passou, até porque também o mundo hoje é global e os meios de comunicação que dispomos (transportes, comunicação social e outras) desvanecem as barreiras. Por tudo isto não há dúvida que a colaboração “trans-paroquial” terá que ser uma realidade a desenvolver na vida pastoral da vigararia e da Igreja.
No caso particular das paróquias de S. Martinho e Santiago isso foi sempre acontecendo, pois já no tempo do Sr. Padre Ribeiro e do Sr. Padre Armindo havia colaboração, por exemplo a nível do serviço de confissões, do trabalho da vigararia etc. Presentemente, eu e o Sr. Padre Bruno vivemos na mesma casa, o que permite uma maior ligação pastoral mas sempre no respeito próprio pelas tradições e vivências de cada comunidade. Daí já termos feito algumas ações em conjunto: lembro a coordenação dos horários das missas dominicais, a realização conjunta da “Missa do Galo” e da Vigília Pascal e ultimamente a procissão conjunta do Corpo de Deus. É justo salientar neste caso a atitude sempre colaborante e amiga do Pe. Bruno sem o qual nada disto seria possível.

NT: Qual o balanço que faz destes 25 anos de sacerdócio?
LL: Como disse atrás, não gosto de fazer este exercício em público pois temos tendência a fazer quase sempre uma espécie de auto elogio. Deixando pois de lado estes aspetos, apenas direi que dou graças a Deus pelo chamamento ao sacerdócio e por continuar a sentir alegria neste serviço. Dou também graças pelas pessoas que Deus colocou no meu caminho e que são verdadeiros companheiros de viagem. Peço também perdão a Deus por nem sempre ter sido o instrumento que precisaria para fazer chegar o Seu Nome mais além; e peço perdão aos irmãos e companheiros de viagem por nem sempre ter sido a testemunha fiel do Senhor.

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NT: Que projetos tem a médio-longo prazo para a paróquia e vigararia?
LL: Quando se fala em projetos somos logo levados a pensar em construções de cimento e cal e, é claro, também são necessários. Na nossa paróquia há também desses projetos: restauro da chamada “Casa do Sr. Vicente” da Abelheira para a transformar num Centro Pastoral e Cultural; Obras no interior da Igreja Nova, etc.
Mas o grande projeto de uma paróquia tem que passar necessariamente pela evangelização procurando sempre apresentar Jesus Cristo como Aquele que pode mudar a nossa vida para melhor e fazê-la feliz. Assim é preciso continuar a dizer isto às crianças, aos jovens aos adultos, aos idosos das mais variadas formas e com os meios mais adequados e ao mesmo tempo procurar socorrer, ajudar e amar Cristo nos irmãos (sobretudo os mais necessitados). Este será sempre o grande projeto pastoral de uma paróquia

NT: De que forma vai assinalar o 25.º aniversário de sacerdócio?
LL: Em relação a mim mesmo, não acho que tenha de assinalar nada, pois tenho cada vez mais consciência de que tudo devo a Deus que me chamou e (acredito) me conduz. Desejo só dar graças a Deus por todas as maravilhas que vai fazendo nas criaturas em geral e, apesar das minhas resistências, por me ter chamado à sua Igreja e a ser seu servidor com a graça do Sacramento da Ordem.
Desejo também agradecer a todas as pessoas que caminharam comigo nestes 25 anos: saliento os bispos que estiveram comigo na ordenação e na vida pastoral, os sacerdotes que comigo conviveram e os que ainda convivem, todos os colaboradores ativos das várias comunidades e todos os outros que se foram encontrando comigo neste percurso de 25 anos.
Peço também a todos que continuem a rezar por mim e pelos sacerdotes em geral para que possamos, na fidelidade ao Senhor, continuar a exercer a nossa missão evangelizadora.
Por tudo isto, as celebrações por minha expressa vontade, serão realizadas só na Igreja Nova. Houve na quinta-feira, dia 10, uma vigília de oração de carácter vocacional e no domingo, dia 13, será a celebração solene de ação de graças também na Igreja Nova às 11 horas. É claro que todos estão convidados mas não há convites formais, quem quiser participar e dar graças a Deus é bem-vindo. Também, por minha expressa vontade, não haverá prendas e tudo o que se recolher em dinheiro será doado às missões. Desde já peço desculpa se isto não agrada a alguém, mas é assim que será.

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