Opinião
O céu de junho de 2021


Começamos com o mais importante evento astronómico do ano, visível de Portugal, que por coincidência ocorre exatamente no dia de Portugal, dia 10 de junho – um eclipse do Sol.
Este é um eclipse anular, pois a órbita elíptica da Lua coloca-a ligeiramente mais distante da Terra do que a média quando Sol, Lua e Terra ficam alinhados. Por isso não consegue tapar completamente o disco solar e provocar um eclipse total, ficando um anel de Sol visível à volta da Lua. E isto seria o que poderiam ver… se estivessem perto do polo Norte!
Infelizmente, aqui em Portugal o cenário não vai ser tão favorável. O eclipse será observado apenas como parcial, com a porção da nossa estrela a ser tapada pela Lua a ser tanto maior, quando mais para o Norte e para o litoral estiverem.
O pior local de observação em Portugal será em Vila Real de Santo António, com apenas 3,5% do Sol tapado, enquanto o melhor em Portugal Continental será Valença, com 11,1% da nossa estrela às escuras. Na Madeira o obscurecimento será semelhante ao observado em Beja e Évora, cerca de 5%. Nos Açores serão brindados com um Sol um pouco mais tapado, desde os 20% em Santa Maria até mais de 30% nas Flores e no Corvo.
No Continente o fenómeno começa pouco depois das 08h45, com o máximo a ocorrer por volta das 9h30, enquanto na Madeira começa por volta das 8h30. Nos Açores, começa pouco antes das 08h30 (hora dos Açores).
Para fechar este capítulo dos eclipses, não é demais relembrar: NUNCA olhem diretamente para o Sol. A queimadura provocada pela intensa radiação solar não causa dor, mas a cegueira que provoca é permanente. Óculos escuros, radiografias, a maioria dos vidros de soldador, entre outros filtros “caseiros”, não oferecem proteção suficiente aos olhos. Se quiserem observar o eclipse tentem junto de centros de ciência da vossa área que possam promover a observação, ou comprem filtros solares em lojas especializadas de astronomia.
Como os eclipses do Sol ocorrem sempre na fase de lua nova, naturalmente que no dia 10 de junho a Lua está nesta fase. Dois dias depois a Lua passa a 5 graus do planeta Vénus, que agora aparece como “estrela” da tarde – é aquele pontinho luminoso, que parece uma superestrela, visível para poente logo que o Sol passa abaixo do horizonte.
No dia 13 a Lua passa a apenas 2 graus do planeta Marte e no dia 18 atinge a fase de quarto crescente.
No dia 21 ocorre o solstício. Este é o dia em que o Sol vai estar mais tempo acima do horizonte e na sua passagem a sul o vemos mais alto. Oficialmente este é o dia do início do verão no hemisfério Norte.
Dia 24 há lua cheia no céu. Já no dia 27, um minguante ainda bastante brilhante passa a apenas 6 graus do planeta Saturno. Nessa madrugada, por volta das 04h47, podem observar Júpiter, Saturno, a Lua e a passagem da estação espacial internacional (ISS) debaixo destes três objetos do Sistema Solar. A essa hora a ISS começa a ser visível a Sul, mesmo por baixo da Lua, atingindo uma altura máxima de 30 graus quando está a passar a Sudeste e põe-se às 4h54, a ENE.
Como a Lua move-se pouco mais de um punho no céu a cada dia (à distância de um braço esticado, um punho fechado ocupa cerca de 10 graus no céu), no dia 28 está praticamente a meio entre os planetas Júpiter e Saturno.
Boas observações.
Ricardo Cardoso Reis
(Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)


Ricardo Cardoso Reis é licenciado em Astronomia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). Atualmente está a completar o mestrado em Ensino e Divulgação das Ciências, também pela FCUP. Trabalha há mais de 20 anos em comunicação de ciência, na promoção da cultura científica e em educação não-formal. Atualmente pertence ao Grupo de Comunicação de Ciência do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, a maior unidade nacional de investigação da área, e ao Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, o maior planetário digital em Portugal. É sócio efetivo da Sociedade Portuguesa de Astronomia, da associação Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e da Rede SciComPT, tendo pertencido aos orgão sociais desta última no triénio 2017-2020.


Edição 782
Memórias e Histórias da Trofa: Cemitério de S. Martinho de Bougado
“Os cemitérios foram sendo construídos um pouco por todo o país, a velocidade bastante diferentes, atendendo às condicionantes culturais do meio em que estavam a ser edificados. Em S. Martinho de Bougado, a situação foi tudo menos pacífica”.


O local onde se enterram os nossos ente queridos, amigos, etc., é um local solene de grande importância para o comum cidadão, até porque será ali que terá sempre a possibilidade de prestar uma homenagem àqueles que partem.
A construção de cemitérios em Portugal é relativamente recente. Recorda-se o conflito da célebre “Maria da Fonte”, que engajava as mulheres dos vários concelhos e distritos minhotos para lutarem contra o facto de, segundo elas, as pessoas, ao serem enterradas fora da igreja, estavam a ser enterradas em solo não sagrado.
Colocando num patamar secundário as questões da religiosidade e crenças, deverá ser privilegiado o bem comum, através de uma boa política de saúde pública.
Os cemitérios foram sendo construídos um pouco por todo o país, a velocidade bastante diferentes, atendendo às condicionantes culturais do meio em que estavam a ser edificados.
No centro do concelho da Trofa, em S. Martinho de Bougado, a situação foi tudo menos pacífica, com várias mudanças de lugar, discussões acaloradas nas reuniões de executivo e parecia que um final positivo para toda aquela situação estaria longe de terminar.
No dia 7 de dezembro de 1896, daria entrada no Governo Civil o projeto para a construção do cemitério desenhado e planeado pelo agrimensor Fernando Pires de Lima, que era natural de Areias, no vizinho concelho de Santo Tirso.
Segundo é possível de perceber pela informação colocada no projeto, o mesmo tinha o seu projeto concretizado em 1891.
O Governador Civil da época, António de Oliveira Monteiro, daria apenas despacho positivo a 18 de março de 1897. Se concretizarmos uma conta rápida, facilmente percebemos que o projeto esteve aproximadamente seis anos em “banho maria”, demonstrando a dificuldade em concretizar investimentos públicos na Trofa… onde já vimos isto?
Uma distribuição pelo espaço de 512 sepulturas divididas em quatro grandes grupos com cerca de 128 cada, sendo a distribuição dos lugares realizada de forma tradicional, como em muitos outros equipamentos semelhantes, sendo que, ao fundo, ficavam os jazigos.
Uma situação que deve ser explorada é o facto de estas instalações já permitirem o enterramento de quem não era católico em sítio específico, algo incomum para a época, demonstrando o carácter particular deste equipamento.
A sociedade estava a mudar e a tolerância conseguia cada vez mais respeito entre todos.
No seu lugar existia uma bouça que pertencia a Domingos Dias de Couto, concretamente no lugar do Seixido(?).
O valor final da obra era de 779$, um custo elevado para a época, mas também se deve ter em atenção que as rubricas no orçamento eram elevadas, até mesmo do projetista que levou 12$00 por realizar este projeto.
A época em que os arquitetos ainda eram uma miragem e seriam durante bastante décadas, nos anos 40 o seu número era inferior às três dezenas.
As outras peças deste projeto perderam-se, poderiam constar nas mesmas as obras de diferentes ângulos e até mais informação descritiva.
Concretizando uma súmula do que aqui foi redigido, facilmente é percetível que a realização de investimentos na Trofa sempre foi uma “novela” com a agravante de ser uma daquelas “novelas” com muitos capítulos, ao nível das célebres novelas que vinham da América do Sul.
Edição 782
Opinião: Ano de muitas oportunidades para a Trofa
“2023 também pode ser um ano de viragem no planeamento e execução das obras no nosso município.”


2023 assinala o 25.º aniversário do concelho da Trofa: um ano de muitas oportunidades à espera de serem aproveitadas!
(mais…)-
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Edição 782 do Jornal O Notícias da Trofa
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