Edição 473
Mulher ao volante, sucesso constante
Paula Sousa aventurou-se no mundo do automobilismo há um ano e tem somado títulos um pouco por todo o país. No fim de semana, conseguiu o 4º melhor tempo nacional na Rampa Internacional da Falperra.
Foi aos 30 anos que Paula Sousa decidiu “dar um murro na mesa” e meter-se “de cabeça” no mundo do automobilismo. Ninguém se atreva a dizer-lhe que entrou num mundo de homens, porque se quando era jovem ainda se assumia como “maria-rapaz”, hoje o cenário é bem diferente. Ser piloto não a impede de gostar de maquilhagem, unhas de gel e roupa. Paula até gosta de ser uma mulher num ambiente conotado aos homens. Diz que “é benéfico” na procura de patrocinadores. Em forma de provocação contra esse “pré-conceito”, a piloto até conduz um carro associado ao universo masculino: o BMW 325I é, como Paula o apelida, o “bicho” que tem de domar no asfalto. É “agressivo”, “másculo” e “dá muito de traseira”, por isso “toda a gente acha” que não é carro para ela.
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Mas Paula Sousa adotou-o e é com ele que vem somando títulos. Começou há um ano, numa prova no Lago Discount, em Vila Nova de Famalicão e, tirando os treinos em que quase “entrava por uma janela da loja Salsa adentro”, a prova correu-lhe muito bem. “Ia correr contra uma piloto que também é da Trofa, mas que já corria há muitos anos ali, mas ela levou uma cabazada que até tive pena”, conta ao NT, entre risos. Seguiu-se as vitórias na Super Especial da Trofa e Barcelos, onde ganhou experiência.
O passo seguinte foi o Rally Sprint e as rampas. Em setembro, num dia em que “chovia torrencialmente”, aventurou-se na Penha. Naquele troço conseguiu o 1º lugar na classe – o Rally Sprint está associado ao Campeonato Nacional e Montanha mas não conta para a pontuação – e na Rampa Internacional da Falperra, em Braga, no passado fim de semana, obteve o 2º lugar na classe e o 4º melhor tempo a nível nacional. O brilharete poderá ter garantido a presença, na próxima época, no Campeonato Nacional de Montanha, graças aos contactos que fez com potenciais patrocinadores.
A rampa (percurso a subir) é o troço de eleição de Paula Sousa, que inicialmente até estava inclinada para os circuitos… até experimentar. “Fiz um CAM, em Braga, e odiei. Fiz a rampa e apaixonei-me por aquilo”, refere. Nos dias 23 e 24 de maio vai aventurar-se num rali, em Santo Tirso. “Nessa prova, terei que descer o Monte da Senhora da Assunção, o que não é a mesma coisa. Não me vou sentir à vontade, até porque tem muitas curvas e contracurvas”, descreveu. Depois, seguem-se provas na Serra da Estrela, Paços de Ferreira, Caramulo e Penha.
O espírito livre fê-la entrar no automobilismo de paraquedas, apanhando a família de surpresa. Simplesmente, um dia chegou a casa e disse: “Vou pilotar”. Prefere ir sozinha para as provas, mas esta personalidade aguerrida não a tira da órbita da responsabilidade. Quando corre “pensa muito” nos filhos e, por isso, não arrisca “além do limite”. “Nunca bati e quero manter esse registo”, assegura. Paula também sabe da responsabilidade que é ter um carro de corrida nas mãos e nas vidas que lhes estão dependentes. Fala do público, sim, aquele que quanto mais perigosa é a curva, mais se aproxima da pista.
Fora dos percursos e do seu “bicho”, Paula veste a pele de economista, profissão que exerce durante a semana. No trabalho poucos sabem do hobby, mas acaba por ser descoberta pelos amantes do automobilismo, tal é a fama de que vai gozando nos últimos tempos.
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