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Edição 693

Memórias e Histórias da Trofa: E o velho celeiro?

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Quem coleciona postais sobre a Trofa ou até se fizer um pequeno exercício de memória irá se lembrar certamente do antigo celeiro da nossa localidade que era junto à antiga estação dos Caminhos de Ferro, o próprio edifício é uma das imagens de marca deste nosso burgo.

Aquele edifício imponente, durante bastante tempo o edifício mais alto nos limites geográficos da Trofa que impunha respeito pela grossura das suas paredes e também sobretudo pela sua varanda no topo e as várias janelas em redor que lhe permitiam sentir a usa presença.

Uma marca de um passado, elementos construtivos usados na sua construção que marcavam uma época que merecia melhor destino do que aquele que teve, que as garras de um buldózer.

A sua construção ocorreu no início dos anos 20, para a instalação de uma indústria moageiro de trigo naquelas instalações, aquele tipo de indústrias era altamente rentável porque existia uma enorme carência de farinhas para a panificação.

Era comum a preocupação de haver um abastecimento de farinha nas várias localidades, mas sobretudo nos meios urbanos que iam crescendo a um ritmo acelerado, na tentativa de mudar a paisagem rural para um meio urbano.

Naquela fase da história, não estavam esquecidas as “situações complicadas” como as verificadas em anos anteriores da 1º Grande Guerra com a falta de farinha e respetiva falta de pão que causava o pânico e mesmo casos de fome na população. Ninguém queria voltar a passar pelo mesmo.

Não é por acaso que nos primeiros anos de governação de Oliveira de Salazar, a sua grande preocupação foram as célebres “Campanhas do Trigo” para garantir que não houvesse mais condicionamento alimentar e obviamente que estômagos cheios são menos sensíveis à revolta.

A indústria moageiro não se concretizou e como o edifício estava construído o mesmo foi vendido pelo seu proprietário à EPAC com a empresa a utilizar aquelas instalações para guardar os cereais que recolhia na região.

O crescimento da produção de cereais em especial o trigo, motivou que ao fim de alguns anos se torna exíguo, sem capacidade de respostas para albergar aquele aumento de produção e obrigou à construção de um edifício próximo, contudo, isto seria sol de pouca dura e a produção de cerais voltou a descair ficando aquele edifício disponível.

Procurando ter uma função de apoio à comunidade, a EPAC cederia aquelas instalações a várias associações locais, nomeadamente com o Ginásio da Trofa a ocupar o primeiro andar, quantos e quantos não se lembram de terem feito ginástica naquelas instalações? Ficando a Banda de Música e o Ranho das Lavradeiras da Trofa com o 2º andar.

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Esteve à venda várias vezes pela EPAC e pouco interesse demonstrou em potências compradores até a um dado momento que acabaria por servir o seu terreno para a construção de mais prédios de habitação.

Um cenário repetido imensas vezes na Trofa com as suas antigas instalações industriais a serem demolidas e a nascer no seu terreno os vários edifícios habitacionais para albergar a enorme comunidade que escolhia a Trofa para viver, construir família e sobretudo criar raízes.

José Pedro Reis

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António da Costa Ferreira (1879-1937): Um dos primeiros empreendedores trofenses do Século XX

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António da Costa Ferreira nasceu a 14 de maio de 1879, no Paranho, freguesia de São Martinho de Bougado. Era filho de António da Costa Ferreira e de Maria da Costa Dias. Descendente de pais humildes – o pai foi emigrante no Brasil -, nasceu para o progresso e prosperidade da sua terra.

Fez-se comerciante. O pai tinha-lhe deixado uma loja de mercearia que ele alargou a fazendas e miudezas. Entretanto, como as fazendas não se vendiam, resolveu contratar um alfaiate. Estabelecido o alfaiate, começou a vender. Como havia nesta região apenas uma fábrica e era de serração, resolveu arriscar. Primeiro fundou a empresa com dois sócios- Manuel Campos e Alfredo da Costa Peniche- e deu-lhe a designação de Costa, Campos & Ferreira e destinava-se a fabrico de chapéus de feltro. Esta fábrica situava-se na zona do atual Largo Costa Ferreira e foi inaugurada em 1 de setembro de 1913.

A seguir, ajudou (em 1922) a fundar a Moagem- a terceira fábrica em São Martinho de Bougado -, na Avenida de Paradela. E finalmente, esteve ligado, nesta região, a uma fábrica de Tecidos e Serração, situada junto à Avenida de Paradela, cujo nome se designava por Monteiro, Carvalho & Portela.

Casou com Francelina da Silva e Sá, também natural de São Martinho de Bougado.

António da Costa Ferreira era um homem justo e extremamente sensível à necessidade do próximo. Foi um dos fundadores do Clube Trofense. Chegou a vereador e até a vice-presidente da Câmara de Santo Tirso.

Quando ainda não havia movimentos ambientalistas, ele foi um dos que se opôs ao abate de centenárias árvores (plátanos), junto à ponte do Rio Ave (Santo Tirso), erguendo a sua voz, determinada e persuasiva, nestes termos: “-O quê?… Destruir aquilo que demorou tantos anos a criar? Não. Não pensem nisso. Cuidem de plantar mais, isso é que é necessário.”

E os plátanos ainda hoje lá estão… velhinhos. Foi também um dos grandes impulsionadores e defensores da abertura da agora chamada Avenida de Paradela.

Costa Ferreira era um político republicano convicto, mas punha a amizade entre as pessoas à frente do credo político. Como grande visionário que era, e crente num futuro promissor para a Trofa, era voz corrente(vox populi) ao longo dos anos setenta, oitenta e até noventa do século passado, de que a sua casa , construída no largo que agora tem o seu nome, fora concebida e predestinada para os futuros Paços do Concelho… da Trofa.

Este bairrista trofense faleceu a 17 de março de 1937, antes de completar a sua obra: deixou por acabar a obra planificada e projetada de alindamento, leia-se, arborização do Parque de Nossa Senhora das Dores, assim como já não teve tempo de construir o hotel que chegou a elaborar em projeto.

António Costa

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Casa cheia na apresentação do “Voluntariado pelo mundo”

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Foi num ambiente intimista e de partilha de vivências que Silvano Lopes apresentou o livro “Voluntariado pelo Mundo”, a 3 de maio, na sede do Clube Slotcar da Trofa.

Foi com a casa cheia e entre dois amigos de longa data, João Mendes e Francisco Barros, que Silvano emocionou a plateia com as histórias que viveu nos países onde fez voluntariado, Camboja, Guiné-Bissau e Quénia, terras longínquas, onde a água potável e a eletricidade são considerados bens de luxo.

A pobreza extrema esteve sempre presente em todas as missões realizadas pelo trofense, que partiu com o principal objetivo de fotografar as disparidades que existem entre o os países em vias de desenvolvimento e a Europa, para que essas imagens pudessem ajudar a divulgar o trabalho das associações que apoiam as comunidades dessas nações e, quem sabe, despertar mentalidades.

Ao longo da apresentação, Silvano contou que, em todas as missões que abraçou, vivia da mesma forma e comia exatamente o mesmo que os habitantes locais, documentando que quando chegavam, os voluntários eram recebidos como “reis” e imediatamente a comunidade lhes oferecia a comida, que, em sinal de respeito, aceitavam. “Experimentei larvas e gafanhotos. Eu gostava muito das larvas. São parecidas com as tripas”, referiu, causando alguma agitação e muitos sorrisos na plateia.

Entre risos de nervosismo e alegria pelo momento que estava a viver a apresentar o livro, o trofense confessou que foi uma enorme dificuldade compor o livro, visto que nunca teve esse propósito e uma vez que sua memória e sentido cronológico “falham bastante”. No entanto, adotou o conceito de “registo fotográfico”, que acabou “ilustrado com palavras” do amigo e escritor João Mendes, que aceitou de imediato esse desafio.

No meio da plateia a assistir, estava outro amigo de Silvano, Miguel, que também partilhou algumas das suas experiências de voluntariado com o público.

No final, foram várias as pessoas que compraram o livro e se deixaram contagiar pelas histórias de quem ajuda os outros.

O livro, editado pela Chiado, é a primeira aventura de Silvano no mundo da escrita.

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Edição impressa do jornal O Noticias da Trofa de 23 de março de 2023

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