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Ano 2009

«Aqui, na Terra, a fome continua…»

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atanagildolobo

atanagildolobo 

É complicada a missão quando se tem pouco para dizer, ou quando se tem muito e não se sabe por onde começar. O rescaldo das eleições está feito. No que é fundamental – a politica nacional – não haverá alterações de monta. Apesar de o PS ter perdido a maioria absoluta e 24 deputados, continuará senhor do desígnio nacional e conforme alinhavei em uma das últimas opiniões, infelizmente, iremos continuar a perder ainda mais direitos fundamentais.

Vamos continuar a ver os nossos salários a descerem, a baixarem as nossas pensões face ao custo de vida, a escapulir-se a nossa segurança social. Vamos ter instabilidade social, precariedade laboral, flexibilidade nos horários de trabalho e nas transferências dos locais de trabalho, etc…. Vamos continuar a certificar o definhamento do nosso aparelho produtivo, com encerramentos de empresas, falências e insolvências. Vamos dilatar a nossa esquadra de mais de 600 000 desempregados. Vamos ver aumentar os casos de corrupção, compadrio, favorecimentos ( de que o actual ” face oculta ” já é um bom exemplo ). Vamos manter ou até aumentar o número de dois milhões de pobres. Vamos conservar um sistema tributário injusto, onde são sempre os mais pobres, os trabalhadores, a pagarem mais. Vamos continuar a perder na saúde pública…É com mágoa que o digo. Infortunadamente o futuro, pelo menos o futuro imediato, não augura nada de bom para os portugueses. Mesmo para aqueles que hoje aparecem, em letras graciosas e frases encantadoras, nas páginas dos jornais, propalar de que farão melhor, de que gostam das pessoas, de que com eles tudo será melhor. Mesmo acreditando na bondade das intenções, restarão para esses sempre os versos do poeta de que « Aqui, na Terra, a fome continua, / A miséria, o luto, e outra vez a fome. / Acendemos cigarros em fogos de napalme / E dizemos amor sem saber o que seja.» E enquanto esta realidade não mudar efectivamente…restará apenas uma via, a eterna via da luta política e social das classes mais pobres, mais desfavorecidas e mais exploradas na defesa de direitos, na exigência de mais direitos, na transformação efectiva da sociedade.

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            O mundo continua em convulsão. Em Portugal muitos inquietam-se com a atribuição do rendimento mínimo a muitas pessoas, com os assaltos às residências e aos bancos. E fazem bem em preocuparem-se…mas já ninguém se impressiona com os 34 000,00 € mensais que Armando Vara deixa de ganhar por suspender as suas funções de gestor e vice-presidente do BCP. Não, não se trata de uma paródia ao género dos “contemporâneos” para salvar os ricos e ajudar os milionários. É o contrário. Então não acham um escândalo, num país como o nosso, um gestor vice-presidente de um banco ganhar por mês 34 000,00 €? Por mês, não é por ano. Isto a salário de 500,00 € mensais por trabalhador dava para uma empresa de 68 trabalhadores. Não será isto um autêntico assalto? E, no entanto, « Aqui, na Terra a fome continua…»

            Mas importante foi a comemoração dos 20 anos da queda do muro de Berlim. E o efeito dominó…claro. Não terão relevância os outros muros entretanto levantados. O muro da Cisjordânia ou da Palestina, levantado por Israel, ou o muro do México, levantado pelos E.U.A., ou então todos os muros que se levantam nas sociedades capitalistas desenvolvidas: os muros da discriminação racial, da discriminação social, os muros dos baixos salários, da pobreza, da velhice, dos sem-abrigo… Nem terá relevância o facto que divulga a sondagem difundida recentemente pela TSF (http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=1414459 ) que conclui que os alemães de Leste consideram que a reunificação não foi consumada e que a esmagadora maioria sentia-se bem na antiga Alemanha Democrática. O estudo indica que 50 por cento dos cidadãos da antiga RDA lamentam diferenças reais do nível de vida, lembrando que no Leste o desemprego é maior, os salários são mais baixos e o PIB é de apenas de um terço do registado no lado ocidental do país…. Somente um quinto dos alemães de Leste considera que a reunificação vai no bom sentido e muitos outros dizem que os irmãos do ocidente os tratam com arrogância.

            Afinal, o capitalismo ” livre e democrático” não só não resolve como agrava os problemas da humanidade pois « Aqui, na Terra, a fome continua…»

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