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Festival Vodafone Paredes de Coura 2014 2ºDia Foto-Reportagem

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A segunda noite de concertos no recinto do Festival Paredes de Coura iniciou-se no Palco Vodafone FM com os portugueses Fast Eddie Nelson, alter-ego de Nelson Oliveira, que desde inícios da década de 90 se tem dedicado a escrever, gravar e editar música. Com um percurso que cruza blues, rock, folk e algum psicadelismo, o projeto Fast Eddie Nelson entreteve os festivaleiros mais ansiosos por música que cedo rumaram ao recinto deixando para trás uma bela tarde de sol e calor.

No Palco Vodafone os espanhóis Oso Leone ofereceram um som indie repleto de contenção e tensão. Quando subiram ao palco e começaram a tocar de forma lenta e muito próxima ao silêncio deixaram abafar-se pelos ecos berrantes que vinham do concerto no palco secundário. Mas os Oso Leone fazem música que crece numa cadência lenta e que provoca um crescendo que se acompanha calmamente até explodir. Ouviram-se em Coura como se ouve uma banda sonora melancólica de final de tarde. Um concero morninho a aquecer as almas que se sentaram no anfiteatro, cheios de vontade de escutar boa música.

“Se Peter Gabriel gerasse um filho com os Cut Copy e tomassem muito MDMA, o resultado seriam os Panama“, afirmou a revista Vice. Os australianos, que têm chamado a atenção das rádios e imprensa escrita internacional, vieram até Paredes de Coura dar a conhecer esse seu som ao subir ao Palco Vodafone FM ao fim da tarde de ontem.

Enquanto isso, no palco principal e ao fim da primeira música Seasick Steve jura-nos que este é o festival mais lindo onde já tocou, ao longo de uma tournée europeia que já leva quase uma dezena de concertos. Nós acreditamos nele. A segunda confidência de nunca ter visto tantas mulheres bonitas juntas num sítio já nos soa menos autêntica mas não podemos deixar de sorrir perante este americano de 73 anos. Com o recurso a instrumentos personalizados, e com a garrafa de vinho sempre por perto, Steve deu um concerto enorme em Coura. Logo quando entrou em palco e se fizeram ouvir os primeiros acordes foi ver gente a correr em direção ao anfiteatro de Coura. Foi bonito de ver. De presença simples (apresentou-se em palco com uma t shirt branca por baixo de uma jardineira) e sem grande recurso a cenários (fez-se acompanhar de um músico na bateria) Steve destila um blues sem artíficios que conquista pela genuidade e pela entrega. Sempre com atenção focada nas mulheres, chamou uma rapariga ao palco (atitude recorrente) para lhe dedicar uma música. Deu um concerto marcado pela mútua apreciação entre público e artista.

Seguiu-se no palco secundário, Thurston Moore, ex-Sonic Youth, que se apresentou em Paredes de Coura, acompanhado por três músicos (onde estava o também ex-Sonic Youth Steve Shelley na bateria) para apresentar The Best Day, álbum que sairá em Outbro e cuja compra Moore aconselhou a todos os que gostam de discos. Com o seu ar de estrela rock adolescente, Moore deu um concerto repleto de dedicação sem nunca abandonar uma postura de autoridade que impressona. Alto, sério e no ambiente mais intimista do palco Vodafone FM, Moore e companhia destilaram guitarradas que fizeram o delírio do público.

Mac DeMarco veio até Coura apresentar o seu recente Salad Days. Muito interativo com o público DeMarco tem já uma legião fe fãs (femininas) que em Coura entoaram Blue Boy, Chamber of Reflection, Treat Her Better e Let My Baby Stay. O jovem songwritter do Canadá cativou pela simpatia constante e pelas brincadeiras que foi fazendo, pedindo cigarros, bebendo uísque e repetindo “cool” frequentemente.

A atuação dos note americanos Thee Oh Sees no palco Vodafone FM ficou marcada por uma invasão de palco logo no início que levou John Dyer a pedir “Don’t choke the man, please!”, depois de de um segurança ter agarrado o invasor. O concerto retomou a bom ritmo logo de seguida. Um trio com uma intensidade discográfica que se tem caracterizado por um álbum editado por ano e com uma força enorme em palco que descarrega garage rock psicadélico sem falhas não deixando indiferente quem os vê, escuta e com eles dança. Mais um concerto com muito crowdsurfing e um concerto com nota muito positiva a avaliar pelas reações do público que terão saído fãs da banda de John Dwyer, Timothy Hellman e Nick Murray.

Chvrches, banda escocesa formada por Lauren Mayberry, Iain Cook e Martin Doherty em 2011, atuou ontem em Portugal pela primeira vez. A vocalista, com um ar frágil que encanta, confessou desde cedo estar feliz com a estreia em Portugal e confessou que não vinha a terras lusas desde umas férias em 1990 que ficaram marcadas por ter tido varicela. The Bones of What You Believe foi o álbum de estreia em 2013 e a banda tem sido frequentemente apontada nas lides musicais do Reino Unido como uma promessa a seguir de perto. Gun, Night Sky, By The Throat e Recover foram temas que excitaram grandemente as primeiras filas que entusiasticamente acompanhavam a melodiosa voz de Lauren. Sintetizadores, samplers, guitarras e uma voz muito melodiosa marcaram a entrega dos escocesses, mas o público, talvez afetado pelo frio, talvez guardando energias para os escocesses que se seguiam nunca passou de um estado morno.

O encerramento das hostilidades no palco principal coube a Franz Ferdinand, num regresso a terras lusas que proporcionou um excelente concerto. A banda com uma atuação marcada pelos seus êxitos maiores fez muito mais do que um mero desbobinar oco de hits. Um alinhamento inteligente, carradas de energia e a certeza de que a banda sabe fazer muito bem o que faz. Ouvimos Do You Want To, Take Me Out, This Fire, No You Girls, Tell Her Tonight, Ulysses, Darts of Pleasure, Goodbye Lovers & Friends, Right Action, Can’t Stop Feeling, Walk Away, Evil Eye, num concerto que se prolongou por mais de hora e meia e que teve direito a encore. A banda de Alex Kapranos conseguiu reunir em Coura adolescentes e gente que já deixava a adolescência quando começou a escutar os álbuns de Franz Ferdinand. Lado a lado, o entusiasmo das várias gerações que assistiam ao concerto era visível nos pulos, nas danças, nos braços no ar. Até fogo havia nos momentos de mais delírio, como se os senhores “Ferdinand” (brincadeira) tivessem marcado golo. Contante foi a atividade de crowdsurfing que manteve os seguranças ocupados o concerto todo. Festa. Celebração. Entrega no palco e no público. E mais um grande concerto a marcar a história do Festival Paredes de Coura.

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Os mais resistentes puderam continuar a dançar no Palco Vodafone FM ao som de White Haus, seguidos de um DJ set apresentado pelo francês Ivan Smagghe. A festa de Paredes de Coura continua hoje à noite e prolonga-se até sábado dia 23.

Texto: Joana Vaz Teixeira
Fotos: Miguel Pereira

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