

Edição 443
Esmiuçar os resultados das Autárquicas 2013
Muitas das análises feitas aos resultados das últimas eleições, estão inquinadas pelo desejo escondido dos “media”, que desejavam ver o governo e as suas políticas, e a “troika” e as suas exigências, a serem penalizados pelos eleitores. Ao esmiuçar os resultados das Autárquicas 2013, constata-se que as eleições se realizaram num cenário altamente favorável para a oposição. É inquestionável que o PS venceu, mas não ganhou o país, pois embora tenha aumentado o número de Câmaras Municipais, em relação às anteriores eleições autárquicas de 2009, perdeu em todas as capitais do distrito, excetuando Lisboa.
É óbvio que os grandes perdedores das eleições autárquicas são o PSD e o Bloco de Esquerda, que foi pulverizado do mapa autárquico. Já a CDU e o CDS/PP cresceram em votação, câmaras e mandatos. O CDS interrompeu o declínio autárquico que acontecia desde 1987. O PS, teve apenas uma pequena vitória, pois também não teve mais Vereadores e teve menos percentagem (1,42%) e menos votos (menos 273.638), numa realidade em que os eleitores inscritos eram mais. A história diz-nos que vencer a um presidente de câmara, no seu primeiro mandato, acontece uma vez em 600 e o PS da Trofa perdeu, para a Coligação PSD/CDS, mesmo com inaugurações de obras no último mês. Alguns autarcas ainda pensavam que o povo português anda a dormir e gastaram perto de 30 milhões de euros nos últimos dias antes das eleições. Uma habilidade das antigas, que não resultou. Também houve vitórias com sabor a derrotas, pois alguns candidatos saltaram para onde estava o poder municipal e no decorrer da campanha eleitoral até disseram “cobras e lagartos” do candidato opositor à câmara municipal, só que foi este quem ganhou. Um enorme erro de casting!?! E agora, como vai ser? Vão engolir sapos vivos ou vão saltar de novo para o outro lado?
Em 2013 houve mais 120.061 eleitores inscritos do que em 2009, a abstenção cresceu mais 658.711 eleitores, os brancos e nulos foram mais 276.355 e os votos validamente expressos, menos 715.005. É preciso, urgentemente, fazer uma reflexão sobre a abstenção, os votos nulos e em branco. O PS preside a mais 18 câmaras municipais (150 vs 132), o PSD preside a menos 33 (106 vs 139), a CDU preside a mais 6 câmaras municipais (34 vs 28), os Independentes ganharam 7 novas câmaras (13 vs 6), o CDS preside a mais 4 câmaras (5 vs 1) e o BE perdeu a única Câmara Municipal que presidia.
O PSD teve, nestas eleições autárquicas, um record interessante, ganhou com a maior maioria uma câmara municipal com 83,12% (Pampilhosa da Serra). Alguns Concelhos elegerem o seu presidente com menos de 30% dos votos, como é o caso de Sintra, que teve 60% de abstenção e elegeu o seu presidente de câmara com apenas 26,8% dos votos (apenas 1 em cada 10 sintrenses é que votou no seu novo presidente). Em cerca de 3.400 eleições para câmaras municipais, desde 1976, apenas 14 vezes um candidato foi eleito com menos de 30% dos votos. Apesar da lei da paridade, as mulheres presidente ainda são uma minoria, com apenas 23 Câmaras Municipais (7,4%) e os homens presidem a 285 Câmara Municipais (92,6%),
Estas eleições acabaram por “abafar” excelentes notícias para Portugal, como foram as diversas vitórias desportivas de: Emanuel Silva (canoagem); João Sousa (ténis); Miguel Oliveira (motociclismo); Lenine Cunha (paralímpico); Rui Costa (Ciclismo), que se sagrou Campeão do Mundo, ao vencer a prova de fundo dos Mundiais de Itália, em Florença (foi a primeira vez que um ciclista português ganhou o Mundial) e o tenista português João Sousa (Ténis), que venceu o torneio Kuala Lumpur, na capital da Malásia (foi o primeira tenista português a vencer um torneio ATP). Estas eleições também acabaram por “abafar” a oitava e nona avaliações da “troika”, que foram ultrapassadas com sucesso. Uma notícia pouco “badalada”, mas importantíssima pelo facto de Portugal estar mais próximo de recuperar a soberania (ainda há caminho a percorrer, mas compreende-se o trajeto e a caminhada). Feitos importantes, que passaram um pouco despercebidos. Infelizmente!
Fazer leituras nacionais dos resultados eleitorais autárquicos é menosprezar o poder local e a democracia. Querer tirar ilações nacionais é não saber respeitar eleitores, é não saber respeitar o poder local, é não saber respeitar a democracia. Mas, pode-se verificar que os partidos políticos que assinaram o Memorando de Entendimento com a “Troika”, PS, PSD e CDS/PP mantiveram, nestas eleições autárquicas, a mesma percentagem de votos que tiveram nas eleições legislativas, com 2/3 dos votos dos portugueses. É significativo! O povo português não se deixa enganar e sabe o que quer. Mais uma vez o demonstrou!
José Maria Moreira da Silva
moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt
Edição 443
Carta aberta aos que em Guidões votaram PSD/CDS e aos outros.

« As freguesias agregadas e as que derem origem a freguesias criadas por alteração dos limites territoriais, constantes da coluna A do anexo I, mantêm a sua existência até às eleições gerais para os órgãos das autarquias locais de 2013, momento em que será eficaz a sua cessação jurídica.» ( n.º 3 do art.º 9.º da Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro, aprovada pelo PSD/CDS ). Significa que no passado dia 29 de setembro de 2013 a freguesia de Guidões morreu. E não sei se não terá perecido mesmo para aqueles que nela nasceram pois o n.º 5 do art.º 6 da mesma lei diz: « O Governo regula a possibilidade de os interessados nascidos antes da data de entrada em vigor da presente lei solicitarem a manutenção no registo civil da denominação da freguesia onde nasceram.»
Fui assaltado por um individuo e fiquei sem duzentos euros. O homem esperou pacientemente que eu chamasse a polícia. Mas eu preferi agraciá-lo com mais cem euros. O exemplo poderá ser absurdo mas a similitude é verdadeira. O PSD/CDS aprova uma lei que põe fim à nossa freguesia de Guidões e cerca de quatrocentos eleitores guidoenses foram recompensa-los com o voto. Não os eleitores do sul de Guidões. De facto, na mesa n.º 2 (Escola do Cerro), o PSD/CDS foi colocado no terceiro posto e não me lembro de alguma vez a CDU ter tido 30,70% nesta mesa. Mas na mesa do Norte, das populações do Outeiro, Póvoa, Bicho e arredores, já assim não aconteceu. A freguesia de Guidões acabou. E aqueles que votaram no PSD/CDS, têm culpa. Neste julgamento não vai nenhum sentido de retaliação, quando muito, alguma mágoa. Mas há que assumir responsabilidades. Tudo o que nos prejudique daqui em diante pela escolha que fizeram é responsabilidade de quem votou no PSD/CDS. Guidões ficou sem voz. Faltaram dez votos para que a CDU elegesse e assim retirasse a maioria absoluta ao PSD/CDS, para que houvesse diálogo, justiça e equidade. Como se não bastasse o aumento dos impostos, as reduções nos salários, pensões e reformas, a retirada de benefícios sociais, o corte nos serviços públicos de saúde e educação, os cortes no subsídio de desemprego, o PSD/CDS é ainda responsável pelo fim das freguesias, pelo fim da freguesia de Guidões. E houve gente que fez esta opção política! Não consegue ultrapassar o preconceito, apesar de estar demonstrado de que quem come as criancinhas não são os comunistas, quem mata os velhinhos é esta política atual da troika e do PSD/CDS, quem rouba as casas aos pobres é a política financeira através dos bancos, e não os comunistas. Mesmo assim, muitos votam a favor desta política. Aqui sim, há muito masoquismo. Resta-nos, a quem musica souber, compor um Requiem pelo fim da freguesia de Guidões. Será um Requiem com um andamento mais forte do que o do segundo andamento do Requiem Alemão de Brahms em que os timbales baterão com uma tal violência a matraquear a consciência desses eleitores de forma a deixá-la pesada e terminará com uma peça ainda mais dolorosa e sofrida do que a Lacrimosa dies illa do Requiem de Mozart pela dor dos verdadeiros Guidoenses.
As pessoas que votaram CDU, porque entenderam o perigo dos interesses da freguesia e das periferias ficarem desguarnecidos, porque alcançaram a necessidade de uma assembleia equilibrada em que a representação da CDU seria importante para que houvesse mais justiça e igualdade, porque desejavam manter viva a luta pela sua freguesia de Guidões, fizeram bem. Só a CDU, que praticamente duplicou a sua votação e a sua percentagem, estava em condições de retirar a maioria absoluta ao PSD/CDS. Faltaram apenas dez votos à CDU para isso, enquanto o PS teria de ter mais cento e dezoito votos para o conseguir.
O facto de respeitar o veredicto popular não significa que não me possa pronunciar sobre ele. Sempre o disse e escrevi: o povo é soberano. Mas terá também de arcar com as suas responsabilidades e saber que a sua vida depende das suas escolhas e da sua intervenção. Como o pregar à moda do padre António Vieira aos peixinhos nem sempre dá frutos é preciso dizer-se que, se hoje vivemos como vivemos com todo o pesadelo que ainda se aproxima, a culpa, em parte, é dos eleitores pela escolha que fizeram. Passado um tempo vociferam:« Eu não votei neles…são todos iguais…etc…». Mas, de facto, votaram. E por isso perdemos o emprego, diminuímos na saúde, na educação, no salário, na reforma, e até sem a freguesia ficamos. Tudo graças às escolhas que o povo fez ao longo dos anos com o seu voto no PSD/CDS e no PS. Esta é uma verdade indesmentível.
Atanagildo Lobo
Edição 443
I still have a dream. (Eu ainda tenho um sonho)

Como vão distantes a palavras de Martin Luther King, que em frente à casa branca americana, dizia “ Eu tenho um sonho. Que um dia brancos e negros se possam sentar à mesma mesa (…)”, que influenciaram a minha adolescência e que me vieram à memória ao escrever este texto, porque para mim a vida só tem sentido se as pessoas forem tratadas com a dignidade que merecem. Porque uma vida digna só tem sentido se a justa distribuição da riqueza for uma realidade. Só tem sentido se cada um e cada uma puder livremente construir a sua realização pessoal, a sua felicidade!
Vivemos tempos duros. Tempos de mentira e de hipocrisia de Estado. Tempos em que adivinham ruturas profundas com o que era considerado adquirido, “normal”, e que está todos os dias a ser alterado, todos os dias a ser cortado, todos os dias a ser posto em causa!
O povo português tem uma cultura de poupança, uma cultura de deixar o futuro “arrumadinho” aos seus filhos e preparar que os dias de velhice sejam tranquilos, dentro do possível. Tem também uma cultura de pagar a quem deve, apontando e criticando os que de alguma forma ficam a dever deixando-os socialmente mal vistos… e é a este povo, a esta forma de estar, que hoje os meninos recém-saídos do infantário, a maioria deles sem qualquer experiência laboral, mas titulares de altos cargos conseguidos por jogos de influências, que nunca tiveram que esticar o salário para que ele chegue até ao final do mês, são eles que do alto da sua altivez moral nos apregoam “Que vivemos acima das nossas possibilidades”!
Esquecem-se estes projetos de gente, que quando se sentam nas baloiçantes cadeiras de ouro que ocupam, quando assumem as mordomias escandalosas normalmente inerentes a essas posições, que quem está a pagar-lhes os luxos é o povo. Aquele humilde povo que espera diariamente horas intermináveis por um transporte público, que está sujeito à obrigatoriedade de apresentações periódicas às “autoridades” apenas para provar a continuidade da sua triste condição de desempregado, que aguarda ordeira e pacientemente horas a fio debaixo de um escaldante sol de verão apenas para ser atendido nos serviços de Segurança Social, que vai de madrugada para a porta do seu Centro de Saúde desejando ter a sorte de conseguir uma consulta médica, que desespera largos anos por uma cirurgia tardia num qualquer hospital público, e que na maioria dos casos leva para casa pouco acima dos quinhentos euros, pagando ainda os pesados impostos, para que tudo aquilo que não tem continue a ser esbugalhado por quem não precisa!
Estas serão algumas das razões que têm levado largos milhares de Portugueses a sair recorrentemente à rua ao longo dos últimos meses. Um número cada vez maior, mais denso e mais decidido. Estão cansados, estão revoltados, querem pôr um BASTA porque isto ultrapassa tudo o que poderia ser considerado admissível!
Com os aumentos brutais de impostos, os salários cortados, os subsídios amputados, os convites à emigração, a vida toda de pernas para o ar, o governo, os tais moralistas que nos dão as lições diárias porque fomos esbanjadores, continuam a esbanjar. Continuam a não conseguir cumprir os défices. Continua a ficar muito acima do que devia. Mais uma vez falhou, não foi capaz, perdeu toda a sua credibilidade!
Se a todo este sacrifício, comprovadamente em vão, juntarmos o alegre e despudorado anúncio do senhor “vice” sobre as medidas draconianas inseridas no próximo OE, ficamos com a certeza que estamos a trilhar o irrevogável e improfícuo caminho da miséria neoliberal.
Não nos faltarão pois razões para que já no próximo dia 19 de outubro agitemos o país. É urgente fazer rachar as cadeiras douradas, aluir o nacionalismo de lapela e abduzir as surreais mordomias de Estado. Este é o tempo de sermos povo. Este é o tempo de defendermos o nosso Estado. Mostrar-lhes que temos voz, que somos gente, que não somos seus escravos, nem números de uma contabilidade experimental, falhada e absurda, que nos retira o ar que respiramos e que não nos permite viver com dignidade!
E não estaremos sós.
Estaremos com todos e todas que defendem Portugal e uma Europa assentes nos direitos sociais, no trabalho digno, num projeto de sociedade democrática, humanista e livre!
I still have this dream …
Gualter Costa
Coordenador Concelhio Bloco de Esquerda Trofa.
gualter.costa@outlook.com
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