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Esmiuçar o “poucochinho”

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Muito se tem falado sobre os resultados das últimas eleições autárquicas: os votantes; a abstenção; os vencedores; os perdedores; os que mereceram; os que não mereceram; os que tiveram um resultado falsamente maravilhoso; os que tiveram um resultado desastroso. Mas ainda ninguém falou da falsidade e da honestidade que surgiu na noite das eleições, pois houve quem cantasse vitória estrondosa que não veio a ter e quem assumisse a derrota que teve, ao contrário do passado que só havia vencedores.

A primeira análise vai para o valor da abstenção – 68,99% -, a 6ª mais elevada da União Europeia, que foi de 49,18%, a mais baixa em 20 anos, mas o mais grave foi o que aconteceu nas comunidades portuguesas, que apenas 1% dos portugueses inscritos votaram para as eleições europeias. Os partidos políticos têm de repensar a sua forma de fazer política e fazer campanha eleitoral, mas a governação também tem de pensar a melhor forma de atrair os nossos emigrantes para votarem nas eleições.

A segunda análise vai para as sondagens, que mais uma vez tiveram valores bem diferentes dos resultados reais e fizeram previsões na noite eleitoral, que mais tarde, mas só muito mais tarde é que retificaram. Quem deixou de ver os canais informativos por volta das 22 horas ficou com a convicção que o PAN tinha atingido valores superiores a 6,5% e que ia eleger 2 deputados, quando na realidade teve 5,1% e elegeu 1 deputado, e que o BE tinha conseguido atingir o resultado bem superior aos 12% e tinha feito eleger 3 deputados, mas não atingiu a taxa de dois dígitos e elegeu 2 deputados.

A terceira análise vai ser para esmiuçar o “poucochinho”, pois o partido vencedor, o PS, que atingiu 33,39% e cantou uma vitória estrondosa, só que não ficou muito longe do resultado das anteriores eleições europeias, quando António Costa derrubou o seu antecessor, António José Seguro, de uma forma pouco ética, com o argumento que o PS tinha ganho por “poucochinho”, pois tinha conseguido uma vitória com apenas 31,47% dos votos. Agora, o PS, sob o “reinado” de António Costa conseguiu uma vitória, com um resultado “estrondoso” de apenas mais 1,92%, mesmo tendo governado o país nos últimos quatro anos, com uma política de devolução de rendimentos durante a legislatura, com a economia a crescer e o desemprego a recuar, e até a fraca oposição que pouco se fez sentir, mas não ficou muito longe dos valores que o seu antecessor, com um resultado que não chegou para apagar a classificação de “poucochinho”, com que António Costa classificou o resultado de António José Seguro.

Afinal o “poucochinho” tanto dá para derrubar a liderança, como dá para cantar vitória “estrondosa”, não interessa a percentagem que se obtém, mas apenas quem é o líder e o seu poder de sedução, matreirice, manipulação e comunicação. É este tipo de promiscuidade dos truques políticos, que afasta os eleitos dos eleitores, e no dia de votar muitas pessoas optam pela abstenção e escolhem ir passear até à praia.
Por último, uma análise sobre os partidos considerados perdedores na noite das eleições. Os dois partidos que anteriormente se apresentaram coligados (PSD/CDS-PP) obtiveram nestas eleições europeias mais percentagem de votos, a soma dos dois partidos foi de 28,1%, quando em 2014 se apresentaram coligados e obtiveram 27,7%, mas foram considerados grandes derrotados. Pela primeira vez os partidos perdedores assumiram a derrota, como foi o caso dos líderes e dos cabeças de lista do CDS-PP (6,2%), CDU (6,9%) e PSD (21,9%), mas também da maioria dos pequenos partidos, que assumiram os maus resultados que tiveram. Uma honestidade política, que merece aplausos.

moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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