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Edição 702

É preciso repensar ou mesmo refundar a direita

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Os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas foram desastrosos para os partidos políticos que se posicionam no centro e na direita do espectro político português, principalmente para o CDS-PP que teve uma hecatombe eleitoral (4,25%) e para o PSD que teve mais uma derrota histórica (27,9%). Não vale a pena meter a cabeça na areia, como a avestruz, pois os resultados estão à vista de todos e já foram mais que escrutinados pela opinião pública.

Até parece que estes dois partidos caminham a largos passos em direção a um abismo político, depois de terem desbaratado em quatro anos, um património que foi difícil de construir e consolidar, ao longo de quatro décadas de democracia, muitas vezes em tempos bem difíceis e complicados, como foi no «verão quente» de 1975. Durante a última legislatura foram uma oposição frouxa e confrangedora, ora apresentando propostas a destempo e descabidas de senso político ora desaparecendo do combate político, para se refugiarem na penumbra do ócio.

Ao longo de quatro anos, quer o PSD quer o CDS-PP viveram em permanente guerra intestina que originou cisões, fissuras e desgaste. Também por isso, não conseguiram ser uma oposição forte e eficaz, nem souberam construir uma verdadeira alternativa à “geringonça”, como era seu dever, e o resultado desta caminhada aos solavancos foram os poucos votos que tiveram nas últimas eleições.

O desastre político do PSD não foi assumido por Rui Rio, enquanto Assunção Cristas apresentou a demissão da liderança do CDS-PP, que até tinha tido um brilhante resultado nas últimas eleições autárquicas. Em 2017, na candidatura à Câmara Municipal de Lisboa, Assunção Cristas conseguiu ficar em segundo lugar e atingir 20,6% dos votos, o dobro que tinha conseguido Paulo Portas em 2001, mas nas legislativas de 2019, em Lisboa, o CDS-PP apenas conseguiu ser o sexto partido mais votado, com apenas 4,4%.

A hecatombe eleitoral do PSD e do CDS-PP também se fez sentir no distrito do Porto, onde as lutas intestinas mais se fizeram sentir, principalmente no CDS-PP que mudou recentemente a sua liderança, contra a vontade nacional, mas com o apoio da estrutura da Trofa, que exigiu contrapartidas nada úteis para a concelhia, que esteve refugiada nos últimos anos na penumbra do ócio.

O desastre eleitoral foi muito sentido no Concelho da Trofa, onde os dois partidos estão coligados e em maioria no executivo camarário, na assembleia municipal e nas freguesias, exceto na Freguesia do Coronado, mas o PSD apenas conseguiu 36,81% ganhando por 3 votos ao PS e o CDS-PP apenas conseguiu 3,41%. Tão pouco para dois partidos que estão no poder autárquico!

Para que haja um futuro promissor é preciso repensar ou mesmo refundar a direita a todos os níveis, local e nacional, antes que aconteça o que aconteceu ao partido gaulista francês (RPR), que já foi um partido do poder e agora não conta para nada, pois desapareceu do mapa político. Os dirigentes do PSD e do CDS-PP devem deixar de olhar para o seu umbigo e colocarem os seus partidos, não a olharem para o seu quintal, mas para o país, que está ávido de uma direita forte e moderna disposta a fazer Portugal avançar na senda do progresso, e que combata eficazmente uma esquerda sem ideias, retrógrada e esclerosada, que está comodamente instalada na cadeira do poder.

moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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Tesouros Locais: Vendas e Estalagens instaladas na Via Romana (Trofa e Famalicão)

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Durante o período da ocupação romana, Vila Nova de Famalicão e Trofa integraram o eixo viário que estabelecia a ligação entre Bracara/Cale, (Via XVI ) aproveitando as condições geográficas do rio Pelhe e a travessia do Rio Ave na freguesia de Lousado pela Ponte da Lagoncinha. A via seguia em direcção a São Martinho de Bougado”…como indica um marco miliário do tempo do Imperador Carino…”

Fruto desta herança, em Famalicão e Trofa, considerados já nesses tempos povoados de circulação, foram criadas condições de acolhimento ao longo do traçado viário que ligava Braga ao Porto. As estalagens e as vendas são o melhor exemplo para explicar a importância da circulação inter-regional para o desenvolvimento local. Na Trofa, ao longo do traçado viário, existem referências a inúmeras vendas, que remontam ao século XV, como refere o Prof .Napoleão Sousa Marques ao recorrer a um documento datado de “…a 8 de Junho de 1462, D. Afonso V dava bom acolhimento a uma súplica de Tomé Domingues, cidadão do Porto, e aí morador, que tinha uma venda que era em Terra da Maia, que se chama a Trofa. ( o autor referir-se-ia a uma Venda, que terá existido na Trofa Velha ?). Queixava-se Tomé Domingues que(a dita concorrência?) lhe retirava a clientela localizada(…) na estrada que vai do Porto para Braga.(…)”

De referir que os termos: “Vendas”, “Estalagens”,“Dormidas”ou ”Hospedarias”, designavam, para além de estabelecimentos que vendiam pão, vinho ou outro “comestível”, também casas que acolhiam os viageiros, ou eram locais onde estes descansavam ou pernoitavam, assim como os animais que os acompanhavam.
Pequena anotação sobre a antiga estalagem da Samogueira: “De uma outra estalagem, junto da fonte, resta o edifício sem adulterações de maior: portal de padieira rematada com pirâmides a ladear a cruz do meio, terreiro e varanda debruçada sobre ele. Aí encontramos há mais de meio século, escritas a lápis sobre a cal da parede, os nomes de escolares de Coimbra que lá se aposentaram, nos primeiros anos do século XIX. (Napoleão de Sousa Marques no seu livro “Ponte Pênsil da Trofa”, a páginas 72).

Houve uma estalagem na Carriça,(construída no último quartel do século XVII) que viria a ser muito conhecida por todos os viageiros que faziam o percurso Porto-Braga ao longo do século XIX, e que é descrita num conto intitulado “Miguel Ângelo de Santo Thyrso”, publicado no 4º volume da Revista Occidente(1881), do escritor Alberto Braga:” Ainda me lembro com saudades da pitoresca estalagem do Silva, na Carriça! Era uma casa de um só andar, isolada em meio de uns campos de milho, ao fundo dos quais havia um pinhal. Tinha à frente 3 janelas de peitoril e por baixo das janelas três grandes portas, por onde se entrava para a loja. Dum lado da casa via-se um ripado onde os galos cantavam ao meio-dia; do outro lado, ficavam as estrebarias, tendo ao correr uma verde ramada… Apenas chegava a diligência- e chegava aí pelo meio-dia, mais minuto menos minuto-aparecia logo à porta da casa o estalajadeiro-um homem grosso, vermelho, barba ruiva, pançudo, quase sempre em mangas de camisa, faixa à cinta e cachimbo ao canto da boca. Era o Silva. Havia sempre uma animação encantadora, como nas alegres estalagens de Teniers. Dentro do mostrador andava numa roda viva, daqui para ali, como pássaro de gaiola, a sobrinha do estalajadeiro. Era o encanto da casa, a rapariga. Tinha os cabelos pretos, olhos pretos, lábios de cor de cereja

Toda ela uma rapariga fresca, de grandes peitos , muito alegre. Nas mesas era sempre grande a algazarra, feita pelos almocreves e recoveiros que ali buscavam abrigo nas horas mais ardentes do dia, abancados no jogo, com grandes coporrões de vinho ao lado!”

No lugar do Padrão (actual união de freguesias de Bougado ‘S.Martinho e Santiago’), no local onde hoje existe o Restaurante Padrão, outrora, este edifício foi a “Estalagem do Padrão”. Na parede do referido restaurante, há ainda vestígios de “argolas “ que teriam serventia para prender os animais, afim de eles não fugirem, enquanto os seus donos descansavam da jornada ou tomavam algumas comidas e bebidas….

No século XVIII, a forte afluência de viajantes que circulavam na região, é também referida nas Memórias Paroquiais de 1758 pelo Abade Inácio Pimentel “… no lugar da Barca da Trofa, onde é passagem da estrada real que seria mui útil tivesse uma ponte por facilitar melhor a contínua passagem de toda a província do Minho…”

“A VELHA ESTRADA DOS CONVENTOS” (no Vale de Bougado)

Há cronistas que apontam ter existido uma “Estrada Real, ”Velha(na Idade Média-em pleno séc. XV), que fazia ligação entre o Convento de Santa Clara ( Vila do Conde), Mosteiro Beneditino de Vairão e o Mosteiro de São Bento (em Santo Tirso) e que a mesma via terá sido construída nas “margens do rio Ave”. Chamavam a esta via “carreteira”: por nesta velha estrada circularem pessoas e mercadorias entre os Conventos atrás referidos. Uma dessas “estradas reais”, vinda de Azurara… entrava no actual concelho da Trofa em Guidões, vinha junto ao rio, passava pelo Massaquil, Maganha, Bairros (junto às Alminhas), transpunha o ribeiro de Covelas (actual Rio Trofa) na ponte “ de pedra tosca”da Corredoura.

Por esta ponte, segundo descreve o antigo pároco de Covelas, reverendo José Pinto Meireles,”…passa … a antiga estrada que ia de Guimarães por Vairão e Azurara, e que por sua vez cruza com a estrada real do Porto a Braga, no lugar do Padrão.”(Nota: Esta ponte também ficou na história pela travessia das tropas napoleónicas, comandadas pelo general Soult, na II Invasão Francesa, em 1809.).

A “estrada do Convento” como era também apelidada, continuava marginando o Rio Ave, passava pelo “Fundo da Aldeia” da Lagoa (por detrás da Igreja Matriz de S. Tiago de Bougado), seguindo até ao lugar do Padrão, a escassos passos do lugar do Vau (antigo “porto” de Fromariz / continuaria (entrava) na “Via Romana XVI” que se dirigia para a Ponte da Lagoncinha e a partir daqui para o Mosteiro beneditino de Santo Tirso. De notar que as comunidades que quisessem ou tivessem necessidade de deslocar-se entre estes Conventos/ e Mosteiros tinham que pagar uma taxa pela utilização dessa “estrada”

PONTES ROMANAS DESTRUÍDAS(?) PARA SEREM “SUBSTITUÍDAS” POR OUTRAS?

Ao longo da Via Romana XVI (Bracara-Cale), no troço que atravessava o actual concelho da Trofa , existiram pelo menos 3 (três) pontes romanas:

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-A primeira situava-se na Trofa Velha,(Santiago de Bougado), foi construída pelos romanos sobre a ribeira de Sedões/Covelas (actual rio Trofa); foi demolida entre 1844 e 1846 para ,em seu lugar, ser construída outra para servir a Estrada Real Porto-Braga. Segundo Napoleão de Sousa Marques, em Cidade da Trofa-Duas Comunidades,…Um só Povo, “…Aquando da rectificação do perfil desse troço da velha estrada real, acabou-se com aquela descida e subida-de que restam vestígios no local- e por força do nivelamento pretendido, foi necessário construir uma nova ponte, que é a actual.

Demoliu-se então a velha ponte de arco de cantaria, e as suas aduelas, presumivelmente, foram aproveitadas”(?)” para o único arco da nova, que é o que se presume, tendo em devida conta os recursos da época. Pois foi ali que apareceram os miliários, ao ser demolida a ponte velha.”. Será que não existiu(e) mais nada (de interesse histórico), para além de 2 miliários, expostos ao público, (actualmente ) na Casa da Cultura?

-Uma segunda ponte romana situava-se em Real (São Martinho de Bougado), com o nome de Ponte Romana sobre o ribeiro de Real ou de Paradela. Esta foi também substituída por uma em betão, no ano de 1960…

-A terceira ponte romana foi construída sobre o ribeiro de Ervosa, (em território que durante várias centenas de anos terá pertencido à antiga paróquia de São Bartolomeu de Ervosa, e depois, território de São Martinho de Bougado… Ou de Lousado, presentemente?). Esta ponte chamava-se Ponte Velha sobre o rio(ribeiro) Ervosa…Também está quase “irreconhecível”, cheia de vegetação daninha…Terá sido a única que não sofreu qualquer “substituição/remodelação?!?!?!

Todo ESTE PATRIMÓNIO(que ainda subsiste ao longo do trajecto da antiga Via Romana XVI ‘Carriça-Lagoncinha’) que poderemos considerar com mais de Mil e Quinhentos anos de história, foi “deixado ao Deus dará”, e que só conheceu (no passado)o verbo “destruir”, não poderá admitir(pela positiva) outros verbos?: PRESERVAR,(os nossos monumentos históricos) REQUALIFICAR aquilo que AINDA FOR POSSÍVEL e sobretudo PÔR PONTO FINAL AO ABANDONO A QUE TEM SIDO VOTADO !

2ª INVASÃO FRANCESA… “DE TRISTE E MÁ MEMÓRIA”

Para memória futura, há que referir ainda um outro dado histórico, de um facto, ocorrido já no século XIX: Na 2ª (segunda) Invasão francesa operada pelas tropas comandadas pelo general Soult, a ponte da Lagoncinha foi palco de uma grande batalha , na manhã do dia 25 de Março de 1809. Vindos de Chaves, passando por Braga, em direcção ao Porto, os franceses pretenderam atravessar o Rio Ave por esta ponte medieval. As forças portuguesas tentaram opor-se “bravamente” à passagem das tropas napoleónicas, mas foram vencidas. Deste combate, o general francês anotou nas suas “Memórias” o seguinte registo: “ O inimigo estava entrincheirado na margem esquerda do rio Ave: as pontes estavam cortadas, e muitos canhões defendiam consideráveis entrincheiramentos. A minha coluna do centro foi obrigada a parar na Barca da Trofa ( outra batalha em defesa da mesma Barca). Teve de subir ao longo do rio para forçar a ponte da Lagoncinha, que estava erigida de barricadas. O 17º de Infantaria, comandada pelo general Foy, apoiado pela artilharia, levou de vencida todos os obstáculos, atirou-se para a margem esquerda e apoderou-se de toda a artilharia.”

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Edição 702

Memórias e Histórias da Trofa: Igreja Paroquial de Guidões

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A caminho de Vila do Conde, encontra-se a freguesia de Guidões, já encostada ao vizinho concelho de Vila do Conde. Apesar de passar praticamente despercebida a muita da comunidade trofense, a mesma reveste-se de especial importância, porque no seu seio acolheu a primeira experiência de industrialização no futuro concelho da Trofa, em época bastante remotas, na idade moderna, perto da época contemporânea.

A crónica desta edição tem o objetivo de abordar a história do seu templo, um templo com especial importância, atendendo que as suas festas são uns dos marcos do ADN do Município Trofense.

Procurando elementos para a sua construção, a data de 1879, estando escrito no tímpano do frontão: “JOANNES EST / NOMEN EJUS / S. LUC CAP. 1.º / V. LXIII”. Na base da ventana da face principal da torre, a inscrição: “JOZE RODRIGUEZ FERREIRA DA SILVA / FRANCISCO FERREIRA DIAS / ANTONIO FERREIRA DIAS / 1881 MANDAROA ACABAR ESTA TORRE 1881”. Um elemento principal para perceber quem ajudou a custear esta obra, como também para compreender a data da sua construção.

Necessário abrir um parêntesis para perceber que a sua data de construção é anterior ao século XIX, podendo recuar ao século XVIII, com a existência de uma inscrição nas proximidades da sua sacristia a ser de 1731.

Procurando trazer mais elementos para a compreensão das dimensões desta estrutura religiosa, é importante afirmar que, em 1758, nas memórias paroquiais, escritas por Manuel Tomé dos Santos, é referido que a paróquia era nesse tempo remoto dedicado a S. João Batista (tal como é o no presente), apontando a existência deste culto para se realizar há mais de 200 anos. Mantendo a sua comunidade uma grande fé para a Nossa Senhora da Rosa e S. Sebastião.

Não devendo ser ignorada nesse mesmo documento a existência da Capela de Santa Bárbara, que era pertencente aos fregueses e que parte da sua talha religiosa tinha sido encaminhada para a Igreja de S. João Batista.

As datas referidas no presente corpo de texto do século XIX seriam apenas referentes à reconstrução, concretamente de ampliação porque o padre Manuel Tomé dos Santos, nas inquirições, queixava-se que a igreja era de reduzidas dimensões.

Uma de muitas obras que se realizaram em várias localidades que foram pagas com o tributo de beneméritos em prol da sua comunidade que era prática corrente da época.

Uma pequena achega para perceber a história da Trofa e de uma das suas freguesias, concretamente de Guidões, para o reforço da nossa identidade.

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Edição impressa do jornal O Noticias da Trofa de 23 de março de 2023

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