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Edição 454

Depois da Trofa, falso padre ataca em Mondim de Basto

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Morador em Covelas, um homem que se faz passar por padre voltou a burlar, mas desta vez em Mondim de Basto há cerca de um mês.  Na Trofa, criou uma associação de cariz social.
Manuel Leite Martins continua, alegadamente, a usar o disfarce de padre para continuar as suas burlas. Há cerca de um mês, ter-se-á apresentado em Ermelo, Mondim de Basto, como Manuel Martins, padre e presidente da Fundação Mão Unida, de apoio a pessoas carenciadas.

Segundo notícia avançada pelo JN, depois de procurar, acabou por encontrar uma moradia, que seria perfeita pelas vistas e sossego para os seus velhinhos carenciados, tendo combinado com o empresário a sua compra por 15 mil euros. Com as chaves na sua posse, o alegado padre tomou conta da casa e tornou-a aconchegante. Já o empresário nunca mais o viu, pois, apesar dos insistentes contactos telefónicos, Manuel Martins alegou sempre afazeres impeditivos para formalizar a aquisição, marcando datas posteriores que nunca cumpriu.

Seguiu-se a compra de um camião de lenha, que dizia ser para aquecimento dos velhinhos, que nunca ninguém viu. O vendedor nunca viu o pagamento de 300 euros. Outra dívida, no valor de 450 euros, fez no Restaurante Sabores do Alvão, em Ermelo, após ter pago com um cheque careca, a refeição e o presunto que levou.
Manuel Leite Martins tem 55 anos e há mais de 15 anos que se auto-intitula padre, enganando, pelo menos desde 1998, as populações por onde passa. Na Trofa, em maio de 2013, criou a Associação Mão Unida, com sede na Rua da Liberdade, em S.
Romão, da qual é presidente.

A associação foi registada num cartório da Maia, no dia 9 de maio de 2013. Segundo o documento a que o NT teve acesso, Manuel Fernando Leite Martins é “casado, natural de Aboadela, em Amarante, e residente em Querelêdo, em Covelas”.
A associação, “sem fins lucrativos”, foi constituída juntamente por dois moradores em Covelas.

Segundo os Estatutos, anexados ao documento do cartório, a associação tinha como objetivos “promover e socorrer, material e moralmente, pessoas carentes, sem discriminação de etnia, género, opção sexual e religiosa, proporcionar educação e
ensinar, quando possível, às pessoas necessitadas, uma profissão através de cursos profissionalizantes, desenvolver atividades junto a crianças, adolescentes e jovens, proporcionando o seu pleno desenvolvimento, amparar a velhice carente e promover
junto às autoridades e a organizações privadas tudo o que possa servir de amparo aos carentes, inclusive firmar convénios”.
 Além disso, a associação pretendia reconstruir uma casa “na Rua da Pena, no lugar de Querelêdo” para “acolhimento de crianças deficientes” e “mais tarde” seriam “construídos uma nova casa para acolhimento de crianças em risco, um Lar para a terceira idade, um Centro de Dia com atendimento na área da saúde para os mais desfavorecidos e uma cozinha e refeitório para dar alimentos confecionados aos mais desfavorecidos”.

Antes de ser apagada, na página do facebook da associação podia ler-se uma mensagem de Manuel Martins, publicada no dia 16 de novembro de 2013, que escreveu que “terminou tudo, acabou associação, estágios e IPSS e terminou assembleia”.
“Na segunda-feira vou saber como posso legalmente destituir a associação e não quero falar mais com vocês todos. Agradeço que me deixem em paz. Podeis resolver a vossa vida comigo não conteis mais e tudo termina aqui. Aquilo que nunca devia ter começado. Felicidades a todos”, podia ler-se.

Em resposta, um associado, através da Associação, referiu que “a página é controlada por quatro membros que o diretor ameaçou que os ia expulsar devido a não poderem comparecer a supostas reuniões por motivos adversos, que como todos sabemos têm de ser informadas via carta registada”, sublinhando que “tudo se saberá a seu tempo”.
Além disso, deixou “um pedido de desculpas a todos os fornecedores que andam atrás da associação ou do presidente por falta de pagamento”, prometendo que “brevemente” entraria “em contacto com vocês todos”.
Pouco depois de ter sido conhecida a burla em Mondim de Basto, a página foi eliminada.

Recorde-se que em março de 2013, o NT deu conta que o falso padre tentou abrir na mesma rua uma instituição de cariz social denominada Dom Manuel Martins Leite. No entanto não conseguiu registá-la porque o autarca local, Guilherme Ramos, o pároco da freguesia, Rui Alves, o vigário da Vigararia Trofa/Vila do Conde, Luciano Lagoa, e o vice-presidente da Câmara Municipal, Magalhães Moreira, descobriramque o indivíduo não era
um padre mas sim um burlão. A loja nunca abriu.
O diretor da alegada instituição intitulava-se “Dom”, título que é exclusivo a bispos. De acordo com relatos de várias pessoas o indivíduo apresentava-se “com uma cruz ao peito” e assumia-se “como padre”. Na altura, Rui Alves e Luciano Lagoa foram à GNR apresentar “uma denúncia para tentar perceber se, realmente, ele é padre ou se não é padre e se a instituição está correta ou não”. Também a Câmara Municipal “agiu de imediato”, participando o caso “à GNR”, para que encetasse “uma investigação”, e
“informando” os padres e a Polícia Municipal sobre a situação.
O NT apurou ainda, junto de fonte policial, que Manuel Martins esteve preso várias vezes desde 1989, por crimes de burla qualificada, a última das quais com início em março de 2010, tendo alegadamente saído em liberdade condicional em meados de julho de 2012, tendo como morada conhecida desde então uma rua em Covelas.
Em dezembro de 2004, segundo a Agência Lusa, Manuel Martins foi a tribunal depois de ter sido acusado de burla por um homem que lhe terá vendido uma autocaravana.
O caso remonta a agosto de 1998, quando Manuel Fernando Leite Martins, envergando um “cabeção” identificativo dos padres, terá contactado um residente de Vilarelho, Caminha, para lhe comprar uma autocaravana, que terá pago com um cheque de 19 mil euros, sobre o Banco Central-Hispano. Como o homem usava cabeção e apresentava “aquele ar bonacheirão de padre de aldeia”, o proprietário da
autocaravana nem sequer pensou que poderia estar a ser burlado, até que o seu banco o informou de que o cheque não tinha cobertura.

O NT tentou por diversas vezes o contacto com a associação, mas os telefones estiveram sempre indisponíveis. Na sede da associação também não encontramos ninguém.

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