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Edição 513

Cruz Vermelha e Junta de Bougado em rutura

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A Cruz Vermelha da Trofa e a Junta de Freguesia de Bougado estão de candeias às avessas. Com instalações no edifício do Mercado da Trofa há mais de três anos, cedidas pela Câmara da Trofa através de protocolo, a delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) viu esta semana o acesso ao espaço da cantina social Porta de Sabores impedida por um stand da Feira Anual da Trofa, mandado colocar pela organização.

A presidente da delegação da Trofa, em declarações ao NT esta quinta-feira, demonstrou o descontentamento da instituição com a colocação de um “verdadeiro engenho de arquitetura”, em frente à porta de entrada da cantina social. Depois de reclamar, Daniela Esteves ficou ainda mais perplexa quando constatou que apenas foi “removido parte do expositor (stand), sensivelmente metade”. “Um verdadeiro requinte de malvadez por parte do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Bougado”, atacou a presidente, elucidando que a “antipatia” do governante para com a delegação da Cruz Vermelha começou a “24 de julho de 2014”, quando a instituição “não” compareceu na assinatura do protocolo com a entidade a que preside, por “desconhecer absolutamente o conteúdo do mesmo”.
Face a esta situação, o diretor-geral nacional da CVP, Luís Névoa, esteve no espaço da cantina social no edifício do mercado da Trofa para se “inteirar” da situação e “transmitir à direção da delegação o apoio da CVP ao esforço e vontade que esta direção tem tido para prestigiar a CVP, mas sobretudo para servir as pessoas necessitadas”. “A nossa relação com os municípios e as juntas de freguesias de todo o país é excelente. Nunca tive uma situação com estes contornos e fiquei muito surpreendido, porque no momento atual e depois de tentarmos fazer uma renovação, que tem tido êxito, do trabalho e da atividade da delegação da Trofa através da nova direção, pareceu-me que a situação criada é contraditória com todo o trabalho que vem sendo desenvolvido por esta direção o que é altamente desmotivador”, mencionou.
Para Luís Névoa, esta situação deixa-o a pensar “se não serão úteis no concelho”, recordando que as instalações, em época da Feira, servem para angariar “receitas que revertem para atividades que têm sustentabilidade social, mas que não tem sustentabilidade económica”. “Obstruir ou menorizar este espaço parece-nos uma coisa estranhíssima, não vislumbro qual o motivo desta situação ocorrer aqui depois de dois anos em que a CVP tem feito um grande esforço. É muito significativa a ação da CVP na Trofa”, explicou, acrescentando que está marcada “uma reunião com o presidente da Câmara”, a 10 de março, onde vai “tentar levar até ao fim as negociações para encontrar uma solução para a situação deste espaço”.
A delegação da Trofa da CVP pretendia utilizar o espaço da cantina social “Porta de Sabores”, situada no Mercado e Feira da Trofa, durante a Feira Anual, para “uma ação de contacto com a comunidade e de angariação de bens”, pretensão anunciada numa reunião na Câmara Municipal da Trofa (CMT), a “26 de janeiro de 2015, com um representante da Junta de Freguesia de Bougado, Miguel Costa”.
Durante as “intervenções de manutenção e limpeza das instalações”, direção e voluntários da instituição foram confrontados, a “23 de fevereiro”, com “uma falha no abastecimento de energia, à semelhança de um episódio que havia já acontecido a 17 de novembro e que resultou em volumosas perdas de géneros alimentares guardados nas arcas conservadoras que abastecem a cantina social”. Segundo Daniela Esteves, “contactada a vereadora de Ação Social da CMT, Lina Ramos informou que a responsabilidade do contador que sustenta a energia da Cantina Social é da Junta de Freguesia de Bougado”. Contactada a Junta “via telefone e email”, o “próprio presidente da Junta de Freguesia de Bougado, Luís Paulo”, apenas “acusou a receção do mesmo”.
Daniela Esteves teceu ainda críticas à atuação da autarquia municipal. “Entendemos que a CMT deveria ser agente direto interveniente na resolução deste processo com os responsáveis da organização do evento na defesa dos interesses desta instituição”.
Num comunicado enviado aos órgãos de comunicação, a Cruz Vermelha da Trofa fez ainda saber que a “8 de outubro de 2014, numa reunião na CMT perante o executivo da autarquia”, o presidente da Junta de Freguesia de Bougado anunciou “aos elementos da direção da CVP da Delegação da Trofa uma cisão com esta instituição”. A presidente recorda que a “13 de novembro de 2014”, a CVP foi contactada por um “mensageiro” do presidente da Junta de Bougado, a informar que “deveriam entregar as chaves das instalações da Cantina Social, alegadamente porque o Sr. Presidente necessitava do espaço para armazenar materiais para a Feira Anual”. “Curiosamente, a 17 de novembro de 2014, falha o abastecimento de energia nas mesmas instalações, provavelmente por razões de ordem técnica, mas que resultaram em significativas perdas de géneros alimentícios”, concluiu.

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“Nunca nos ocorreu que a CVP quisesse ocupar aquele espaço”
Confrontado com esta situação, Luís Paulo, presidente da Junta de Freguesia de Bougado, afirmou que “não há, nem podia haver, nem podia ser pensado” num barramento parcial da entrada da cantina social, pelo “respeito que, como cidadão e responsável pela Junta, nunca ocorreu nem podia ocorrer”. “Era impensável alguma entidade pública ter alguma atitude para prejudicar a Cruz Vermelha Nacional. Não houve, não há, nem nunca vai haver intenção da nossa parte de querer prejudicar”, frisou.
Luís Paulo contou que a Junta tinha “recebido uma carta registada com aviso de receção a dizer que abandonaram o espaço por falta de condições”, em outubro de 2014. Como “não houve qualquer pedido” da delegação para participar na Feira e “nunca ocorreu que a CVP quisesse ocupar aquele espaço por não ter condições”, a Junta “vendeu o espaço (em frente à porta de acesso ao espaço da Cruz Vermelha) e montou os stands”. “À posteriori, fomos confrontados com a intenção de ocuparem o espaço e nós tentamos minimizar, passando um que estava vendido para menos de 50 por cento para dar acesso à porta, e eu acho que o acesso está digno. Tudo fizemos para criar condições para eles desenvolverem com normalidade a sua atividade”, garantiu.

Cantina social abre a 9 de março
Daniela Esteves garantiu que no “final da Feira Anual, a 9 de março, as refeições voltam a ser servidas na cantina social, “usando a cozinha da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa (AHBVT), porque a da Porta de Sabores “ainda não tem condições”. “Este espaço que está com uma maquilhagem minimalista, mas que já dignifica para a participação no certame e para a entrega das refeições que servimos diariamente”, salientou.
A presidente da Delegação da Trofa explicou que o protocolo com a AHBVT tinha o objetivo de “saírem das instalações da cantina social para que se pudessem criar melhores condições e mais dignas, porque estas estavam absolutamente degradadas”. “O protocolo com a AHBVT é muito válido, mas a título precário porque o celebramos para três meses, ainda que a boa vontade possa permitir alguma continuidade”, concluiu.

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