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Concelho da Trofa é fruto de décadas de inconformismo

Daniel Sousa também era criança e acompanhou a mãe na comitiva. Desse dia recorda “os chapéus de papel” que todos envergaram na caminhada até à Assembleia da República, de “ver a Amália Rodrigues” a espreitar à janela e a acenar aos milhares de trofenses.

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Com a autonomia, alcançada em 19 de novembro de 1998, a Trofa viu a sua história tomar outro rumo. Era o início de uma etapa que leva já 25 anos de altos e baixos e de muitas mudanças. Vinte e cinco anos depois muita coisa mudou, mas a história continua a ser a mesma…

A Trofa, cidade fundada em 1991, mostrava sinais de crescimento e ansiava ser sede de concelho. Mas para trás já se contavam anos de inconformismo com a atenção que lhe era dada de quem governava.

A história do concelho remonta a 1836, quando as oito freguesias – hoje reduzidas a cinco, fruto da reorganização administrativa decorrente da afamada “Lei Relvas” – foram separadas do concelho da Maia para passarem a integrar o de Santo Tirso.

Reza a história que foi a partir daqui que começou a contestação dos trofenses e, partir dos anos 20, intensificou-se, tendo “adormecido” com o salazarismo.

Nos anos 60, a ideia da criação do concelho volta a ganhar força. Em 1981, a meta da cidade com dez mil habitantes foi ultrapassada.

Em 1989, é dado o passo decisivo para a criação da Comissão Promotora do Concelho da Trofa, que toma a liderança do grupo que almejava a autonomia administrativa do território. Apenas dois anos mais tarde, é apresentada na Assembleia da República a primeira petição para a criação do novo município.

Mas foi na Assembleia de Freguesia de S. Martinho de Bougado, realizada em 14 de dezembro de 1990, que ficou decidido nomear uma Comissão que teria como primeira finalidade estudar a possibilidade da criação do concelho da Trofa, que deveria abranger as oito freguesias a ocidente de Santo Tirso. Na presidência da Junta de Freguesia de S. Martinho de Bougado estava Armindo da Costa Azevedo e na presidência da Assembleia de Freguesia estava Pedro Alves da Costa, ambos autarcas do Partido Socialista que mesmo assim não hesitaram em ir contra o seu partido, colocando em primeiro lugar os interesses da Trofa.

A comissão eleita para “comandar” a batalha, constituída por 13 elementos, era mandatada pela Assembleia de Freguesia de S. Martinho de Bougado, e dela faziam parte Pedro Alves da Costa, José da Costa Pereira Serra, Aníbal Guimarães Costa, José António da Costa Ferreira e Armando Martins, assim como Augusto Vaz e Silva, José Gregório Sá Torres, António Sousa Pereira, Francisco Ferreira Lima e Manuel Rodrigues da Silva, todos eles fazendo parte da Junta de Freguesia de Santiago de Bougado, e ainda José Luís Campos Reis e Adélio Pereira Serra.

Em janeiro de 1998, a petição de 91 é atualizada e na memória descritiva apresentada, fica comprovado que a Trofa cumpre os requisitos exigidos por lei para ser município. E apenas um mês depois CDS/PP, PCP e PSD apresentam os projetos-lei, todos eles diferentes, mas com um objetivo em comum: a criação do Concelho da Trofa.

Finalmente, a 19 de novembro de 1998, a Assembleia da República aprova, na generalidade e na globalidade a elevação de Trofa a Concelho. Nas galerias e no exterior da Assembleia, milhares de trofenses fizeram a festa com a Banda de Música da Trofa a entoar o Hino Nacional, seguindo-se depois o Hino da Trofa, acompanhada pela voz das milhares de pessoas que, ainda de madrugada deixaram a Trofa nos cerca de 130 autocarros para ir à Capital buscar o concelho.

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“Nesse dia histórico, recordo-me que a Trofa literalmente parou! Não fui às aulas e, juntamente com milhares de trofenses, trouxe esta grande conquista para as nossas gentes. Que bela romaria pelas ruas de Lisboa, sempre de forma ordeira e exemplar. Ainda me lembro de estarmos à espera no exterior da Assembleia da República e, de vez em quando, espreitavam os elementos da Comissão por uma das janelas, a manifestar sinais positivos da sessão”, recordou Pedro Couto, um dos trofenses que viajou até à capital.

Daniel Sousa também era criança e acompanhou a mãe na comitiva. Desse dia recorda “os chapéus de papel” que todos envergaram na caminhada até à Assembleia da República, de “ver a Amália Rodrigues” a espreitar à janela e a acenar aos milhares de trofenses e de “ouvir o hino da Trofa”, vezes sem conta, na viagem de autocarro. Vinte e cinco anos depois, com família constituída e a residir na cidade, ainda almeja por sonhos antigos: “A alternativa à Estrada Nacional 14, a linha do metro, mais infraestruturas desportivas e uma Trofa mais apelativa do ponto de vista turístico”.

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