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Edição 586

Clube Desportivo Trofense: HELP ME…!

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O problema atual do C.D. Trofense tem na sua essência um cariz financeiro a que se junta a falta de estratégia, muito marcado por uma permanência fugaz na 1ª divisão do futebol profissional, sem que tivessem sido acauteladas fontes de financiamento alternativas, que mantivesse a coletividade nas “mãos” dos seus verdadeiros donos – os associados.
Torna-se por isso necessário, para perceber o presente, mergulhar na história recente do Clube…
Recorde-se a época de 2005/06 em que a direção, liderada por José Leitão, viu-se forçada a tomar a decisão de, por falta de financiamento, tornar o Clube amador. Nesse ano, surpreendentemente, o Clube vive um enorme sucesso – e ascende à Liga de Honra.
A realidade do C.D. Trofense já não era famosa, pois as suas atividades eram maioritariamente custeadas pela família “Silva” que, ano após ano, se mostrava benemérita publicitando as camisolas da equipa principal (RICON). A par, a Câmara Municipal da Trofa, sem “rei nem rock”, liderada por Bernardino Vasconcelos, tratava de injetar dinheiros públicos, colmatando necessidades e garantindo que o passivo da coletividade fosse sempre controlado. Estima-se que, por esta altura, o passivo se situasse perto dos 200 mil euros sendo, por isso, bem coberto pelos ativos – terreno e infraestruturas do seu estádio.
Muitas gerações tinham trabalhado para que o estádio fosse digno e até tivesse uma sede, que albergava serviços administrativos, um pequeno bar para ponto de encontro de associados e simpatizantes, sobrando ainda espaço para guardar troféus e possibilitar arrumos.
Iniciou então um processo de profissionalização de toda a estrutura, tendo Rui Silva tomado o lugar de José Leitão, para jogar na “Liga Profissional”, injetando milhões do seu bolso que permitiu a manutenção, na época de 2006/07, a que se seguiu a subida ao escalão máximo do futebol na época de 2007/08.
A ascensão meteórica impôs melhorias no seu estádio de futebol, concretizadas de forma rápida, e que visavam cumprir obrigações emergentes do novo estatuto “de equipa do futebol profissional”, um novo terreno de jogo, balneários e gabinetes, excelentes condições para a imprensa, a que se juntaram bancadas para cerca de 6.000 lugares sentados!
A aquisição dos terrenos de Paradela (por usucapião) e a melhoria do complexo foi mais um grande investimento, sob o pretexto de aposta na formação para um posterior aproveitamento na equipa profissional, facto que praticamente nunca aconteceu!
Muitas oscilações na participação na prova maior do futebol português, onde na época 2008/09 desceu “por um ponto”, a que se seguiu a época de 2009/10 onde não subiu, novamente “por um ponto” e que podia ter trazido um desfecho diferente a esta aventura, ditou a retirada de Rui Silva e a consolidação de um passivo superior a 6 milhões e 750 mil euros!
O regresso de José Leitão à liderança, numa altura em que o Clube em assembleia-geral se preparava para deliberar o “encerramento de portas”, ditou a formação de uma Comissão Administrativa, que garantiu a participação nos campeonatos profissionais da época de 2010/11, onde o clube conseguiu uma inesperada manutenção.
A endividada Câmara Municipal da Trofa, liderada por Joana Lima (entre 2009 e 2013), manteve-se afastada do Clube, como aliás da generalidade do movimento associativo, com o pretexto de desastre similar nas contas do município.
Para o Clube, apareceu uma aparente viabilização pela via de apresentação de um PER (Plano Especial de Revitalização). A ideia iniciada pela equipa de José Leitão foi terminada por Paulo Melro, que conduziu os destinos da coletividade na época de 2011/12, sempre com Rui Silva por perto! O plano apresentado acabou por convencer os credores, passando a dívida a cifrar-se nos 2 milhões e 700 mil euros (60% de perdão). E assim foi “jogada”, a época de 2012/13, 2013/14 e 2014/15, onde o infortúnio viria a atirar o Clube novamente para os campeonatos de futebol amador, reflexo da grande exposição financeira e, em consequência, má estratégia desportiva.
A criação de uma Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), gerida por Nuno Lima, que praticamente se endividou desde a sua constituição, deu continuidade à sucessão de más opções e nunca reveladora de qualquer solução efetiva para a resolução dos problemas, passando mesmo a constituir mais um peso estrutural.
Manteve assim o Clube incumprimentos, dos pagamentos estipulados pela negociação “PER”, no acordado “pacto com credores” – de onde se sobressaíam Estado, Segurança Social e alguns jogadores que não viram os seus contratos cumpridos, entre múltiplos fornecedores de bens e serviços.
A C.M. da Trofa, através do recém-eleito Sérgio Humberto, não “percebendo” que o Clube tinha uma realidade única (departamento de formação e clube sénior), com apenas um número de contribuinte, o que os torna parte integrante da mesma realidade e, por isso, indissociáveis, decide apoiar as ações direcionadas para os mais jovens, planeadas por Manuel Wilson e Paulo Melro, injetando 135.000€, através de um Subsídio, sob o qual pesa grandes dúvidas do seu real fim, mas que de todo serviu de “balão de oxigénio” para manter viva uma ilusão de recuperação!
Seguiu-se a época de 2015/2016 onde, uma vez mais, os resultados foram medíocres e o êxodo de jovens jogadores das camadas jovens passou a ser a tónica dominante! Com o plantel principal sucederam-se os relatos de faltas de condições básicas e de dignidade humana, em condições de trabalho, com queixas de vencimentos em atraso, dificuldades de sobrevivência por parte de jogadores sem estruturas familiares por perto e onde até o básico do departamento médico faltou!
O bom nome do Clube e da Trofa, pelo sexto ano consecutivo (desde a época 2009/10), estava a ser achincalhado e sem que uma medida de fundo tenha sido tomada!
Recentemente, e num contexto de preparação da época 2016/17, o problema agudizou-se dado que deixou de haver direção e passou novamente ao modelo de Comissão Administrativa (cuja lei, lhe confere poderes limitados), que tomou posse liderada por um novo rosto – Luís Lima. Este, com a sua equipa, procura novamente dar o seu melhor, como todos os que antecederam, mas com um peso histórico recente difícil – são precisos mais de 150.000€ para pagar dívidas do passado, antes mesmo de se pensar num orçamento corrente para fazer face aos custos de uma época desportiva e assim será por largos anos!
Enfrentarão estes novos elementos o problema pela raiz, como a atual situação a isso obriga, chamando credores e “pagando a quem se deve”? Conseguirão eles a verba necessária “de entrada” que permita um fundo de maneio que devolva poder negocial a um órgão de gestão? Terão visão diferente dos antecessores, com ações concretas, que marquem um caminho claro de recuperação do bom nome da coletividade e lhe dê garantias de continuidade?
Outras soluções já podiam ter sido iniciadas na Trofa, há muito tempo, veja-se por exemplo o caso do histórico “Salgueiros”, que recuperou o seu nome – SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS, assim como o seu emblema original, através de acordo feito entre a direção do “Salgueiros 08”, clube criado em 2008, para que as atividades associativas prosseguissem naquela freguesia de Paranhos, e a administração de insolvência do antigo clube, igualmente denominado de Sport Comercio e Salgueiros, que será válido a partir desta época desportiva que agora se inicia – a 2016/17. Oito anos foi o tempo que demorou a corrigir erros de má gestão passada, concretizando-se assim os interesses (possíveis) dos credores, cidade e “família” salgueirista que recuperaram igualmente a sua “ALMA” e o bom nome do Clube.
O exemplo, fez seguir as pisadas, em Ribeirão com o “Ribeirão 1968”, em Felgueiras com o “Felgueiras 1932”, no Marco de Canaveses com o “Marco de Canaveses 09” e na Maia com o “Maia Lidador” a nascer com um projeto de formação.
A esperança será sempre a última a morrer, que o diga as gentes de Ermesinde que também com uma nova entidade tentam a todo o custo recuperar o seu velhinho estádio – o estádio dos sonhos – estando a Câmara Municipal de Valongo a ponderar o exercício do direito de reivindicar “Interesse Público”.
“Interesse Público” deve por isso ser a tónica dominante de todas as ações, individuais e coletivas, para que não se perca mais tempo e o Clube Desportivo Trofense retome a posição, que nunca deveriam ter abandonado, de ser efetivamente a maior associação do concelho e um porta-estandarte da nossa terra. Acredito que a gente da Trofa não será insensível a esta realidade – desde que lhes falem verdade e lhes apontem caminhos claros – e que, apesar do afastamento, acabaram por sentir novamente o Clube como seu, afinal 86 anos de história não podem acabar assim!

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