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Edição 731

“Uma das nossas bandeiras é a despoluição do Rio Ave”

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Fernando Flores é militante do PAN “há muito tempo”, mas só recentemente decidiu envolver-se na vida do partido, disponibilizando-se para ser porta-voz da estrutura concelhia da Trofa. Eleito pelos restantes militantes trofenses que compõem a comissão política, o empresário trofense deu a conhecer ao NT quais os pilares que sustentam o projeto do PAN neste território: a despoluição do Rio Ave, a variante à EN14, o metro e consciencialização ambiental.

O Notícias da Trofa: Em que contexto nasceu a estrutura do PAN na Trofa?
Fernando Flores (FF):
O PAN tem um conjunto de filiados, na Trofa, com diferentes áreas de formação, que se juntaram para trazer uma nova visão e debate político à Trofa. Neste processo político, tivemos o apoio da Distrital do PAN do Porto, que nos deu o suporte necessário para o arranque dos trabalhos da concelhia. As pessoas que constituem a concelhia, são pessoas preocupadas com a perspetiva atual do futuro da Trofa, particularmente, com decisões políticas que têm sido tomadas, que põem em causa as gerações vindouras. Queremos transportar para o concelho os valores e os ideais do PAN, que tem tido uma inegável importância na decisão política, quer a nível nacional, quer a nível regional. Notamos que existe uma forte polarização política na Trofa, pelo que vamos trabalhar para que as pessoas possam ver na nossa estrutura uma alternativa credível para o concelho. Queremos trazer uma forma diferente de fazer política, que não se perca em questiúnculas e ataques pessoais e fomentar o envolvimento dos trofenses nas decisões políticas, auscultando as suas preocupações e ideias.

NT: Quais são os principais pilares em que assentam a estrutura?
FF:
O PAN alimenta-se de valores e princípios que se focam na garantia do futuro das gerações futuras. E, de facto, os tempos que vivemos, e a questão da pandemia, são a prova de que é preciso mudar a forma como o ser humano tem tratado a sua casa, que é o planeta Terra. É fundamental reverter o modelo socioeconómico estrativista e produtivista que, até agora, tem sido regra. O antropocentrismo que nos trouxe até aqui tem que acabar. Queremos, então, como partido político que somos, promover políticas de consciencialização da população para o impacto que tem a nossa forma de viver em tudo o que nos rodeia e na nossa própria vida. Vamos então procurar viver estilos de vida saudáveis, sustentáveis e éticos, nomeadamente nas áreas de hábitos alimentares, formas e tipos de consumo, bem-estar animal e respeito pela Natureza e defesa do ambiente.

NT: Do trabalho que já fizeram desde que se constituíram como estrutura, que problemas já identificaram no concelho?
FF:
No que respeita às decisões políticas no terreno, há, quanto a nós, muito a fazer a nível local. A mobilidade deverá ser o maior problema do nosso concelho. A questão da variante à Estrada Nacional 14 e também o metro, que são fundamentais para o bem-estar e aumento da qualidade de vida das populações, mas também para tornar o concelho mais atrativo para o tecido empresarial. Os espaços verdes são, manifestamente, insuficientes e tanto assim é que podemos ver trofenses em parques de concelhos vizinhos, como o de Avioso.
Também a nível da defesa do ambiente e gestão de resíduos, também se pode e deve fazer mais e melhor.

NT: Quanto à mobilidade, refere-se à variante como projeto essencial para a Trofa. Por que é que o PAN defende-o, uma vez que pode fomentar o uso do automóvel?
FF:
Neste caso, temos de pensar nas empresas, que necessitam de fazer entregas ou visitar fornecedores e clientes e que não têm transportes públicos que consigam satisfazer a estas necessidades. É claro que defendemos a descarbonização, e os transportes a energia elétrica são um caminho a seguir, mas no caso da Trofa, esta variante é fundamental e não podemos escamotear essa lacuna.

NT: Assim como o metro…
FF:
Assim como o metro, que já promove essa descarbonização e a diminuição do uso do automóvel. Mas a este processo está associada uma questão de ética e de justiça, nomeadamente para a população do Muro, que ficou sem o comboio, e, em geral, para a Trofa, porque ficou sem carris com a promessa de uma linha de metro que chegaria durante a primeira fase da rede de metro do Porto. Fala-se de estudos que não garantem viabilidade financeira de uma linha de metro até à Trofa e da alternativa do metrobus do Muro até à cidade, mas esperamos que, pelo menos, seja salvaguardado que, se se verificar uma afluência que justifique, haja condições para transformar o metrobus em linha de metro.
Haverá muita gente, residente nos concelhos vizinhos de Famalicão e Santo Tirso, que trabalha na área industrial da Maia e que poderiam ter mais facilidade de mobilidade se houvesse a ligação entre o comboio e o metro, através da Trofa.

NT: Ao nível da gestão dos resíduos, como é que a Trofa poderá melhorar?
FF:
Ao nível da gestão dos resíduos, há situações bastante simples e, creio, pouco onerosas, que não acarretam grande dificuldade para a Câmara Municipal da Trofa. Até em situações relacionadas com a reciclagem. No nosso concelho, ainda notamos que não há instrução sobre como fazer reciclagem. Acreditamos que, a esse nível, pessoas com mais consciência e perceção dessa importância, podem, facilmente, mudar hábitos. Temos uma proposta relacionada com a Feira da Trofa, onde vemos que, apesar dos esforços e do trabalhos dos funcionários públicos na limpeza do espaço, há lixo que é espalhado no chão pelo vento. Propomos mais ações de sensibilização junto dos feirantes e colocação de ecopontos para tornar a Feira mais amiga do ambiente.

NT: Que trabalho político é que já fez o PAN Trofa, nomeadamente em propostas ou questões às entidades políticas que gerem o território?
FF:
Por sermos uma estrutura recente, não temos ainda nenhum representante nos órgãos políticos do concelho. Estamos a estudar os dossiers que interessam à Trofa, mas temos já várias ideias, que iremos apresentar muito em breve.
Uma das nossas “bandeiras” é promover a total despoluição do Rio Ave, envolvendo, naturalmente, todos os municípios do Vale do Ave. Acho que, a este nível, não tem sido feito o suficiente. Com o Parque das Azenhas, fizemos com que o concelho se voltasse, novamente, para o rio, mas é preciso que a Trofa abrace o Rio Ave, comprometendo-se com o desígnio de o despoluir para que, no futuro, a população possa, de novo, banhar-se naquelas águas.
Depois, temos propostas simples, como a criação de uma feira de produtos biológicos, como existe em Famalicão, com o apoio total do município, promovendo a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a ligação entre os pequenos produtores e o consumidor.
Há também um projeto importado e já aplicado por vários municípios, que é a chamada biblioteca das coisas. Está estudado que um berbequim, na sua vida útil, tem uma utilização média de 13 minutos. Este é um exemplo de um tipo de consumo que não é amigo do ambiente, tendo em conta o consumo de matérias-primas de que é feita a máquina. O que se pode tentar fazer é disponibilizar, a título de empréstimo, como se faz com os livros de uma biblioteca, um berbequim para uso casual.

NT: Como é que vão alinhar a vossa estratégia para ganhar expressão no concelho? Os jovens são um público que interessa captar, uma vez que estão mais sensíveis às questões ambientais?
FF:
A nível nacional, o PAN tem uma forte representação do público mais jovem, que representam a maior fatia dos militantes do partido. E é natural que assim seja, já que o PAN assenta os seus princípios, não só com o presente, mas também na garantia de um futuro promissor para eles e seus descendentes. Mas, como é óbvio, como estrutura concelhia, preocupamo-nos com todos os trofenses, pelo que vamos apresentar e promover políticas que protejam o bem-estar da população e os ideais do PAN.

NT: Qual é o objetivo do PAN para as próximas eleições autárquicas?
FF:
Pretendemos participar nas próximas eleições autárquicas, mas a forma como a nossa participação se vai efetivar ainda está a ser estudada e será decidida no tempo próprio. O que sabemos é que para que possamos fazer a diferença e influenciar as decisões políticas, é imprescindível que tenhamos uma forte expressão no concelho, no entanto, não vamos nunca pôr em causa os nossos valores e princípios para conseguir uma representação nos órgãos do poder local.

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NT: Que avaliação faz o PAN Trofa à atuação da Câmara Municipal da Trofa neste mandato?
FF:
Há algumas situações que ferem gravemente este mandato do executivo municipal. Como partido que defende o ambiente e o respeito pela Natureza, o dossier do aterro da Trofa não nos deixa indiferentes. O que mais nos choca é que a Câmara Municipal da Trofa tenha tentado legalizar um aterro numa área que obrigaria à alteração do PDM e, pior, numa área que é protegida a nível nacional.
Depois, na gestão da pandemia, ao nível das microempresas, comércio e restauração, ao contrário do que se vê nalguns concelhos do país, verifica-se um apoio reduzidíssimo ou praticamente inexistente.
A avaliação não é totalmente negativa, mas nas áreas às quais temos mais preocupação, as políticas têm sido, muitas vezes, colocadas de parte.

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