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Sérgio Humberto NÃO vota Marcelo Rebelo de Sousa

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Em agressiva intervenção no decorrer de uma das últimas sessões da Assembleia Municipal da Trofa, e secundado por “hurras” de apoio da parte de figuras de topo da elite política trofense, o autarca Sérgio Humberto esteve alguns minutos a expressar a sua revolta com alegadas e sucessivas recusas de Marcelo Rebelo de Sousa em aceitar convites que lhe foram endereçados pela autarquia, para estar presente nos mais variados eventos públicos realizados no nosso concelho, sem nunca apresentar uma prova ou referir os motivos que levaram o Presidente da República a declinar.

Num tom de irritação encenada, que encaixa na perfeição no estilo populista e histriónico a que o presidente da CM da Trofa nos vem habituando, Sérgio Humberto aproveita a oportunidade para nos revelar o seu lado mais preconceituoso, no limite entre o discurso decente e o da nova extrema-direita, do qual, não raras vezes, o autarca parece mais próximo do que daquele que caracteriza o conservadorismo moderado do PSD. Por entre gritinhos em tom ameaçador, Sérgio Humberto deixa sair mais uma daquelas maravilhosas pérolas democráticas, que nos diz muito sobre o autarca e sobre o inner circle da sua corte:

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– Eu até não sei como é que ele (Marcelo) não foi à China, visitar o coronavírus! Se calhar tinha dado jeito, ele ir à China!

Bem sei que a claque do senhor presidente não partilhará daquilo que é por demais evidente na mensagem do presidente da CM da Trofa, mas, de forma, resumida, é mais ou menos isto: Marcelo não quer vir à Trofa? Então que seja infectado pelo coronavírus.

Sim, eu sei, é muito grave. Mas não surpreende, vindo de quem vem. Vindo de quem dá ordem de emigração aos que dele discordam. Vindo de quem está disposto a destruir a maior associação juvenil da Trofa para levar a cabo uma vingança pessoal, prejudicando os interesses da Trofa. Vindo de quem censura e insulta órgãos de comunicação social, d’O Notícias da Trofa ao ultraconservador Observador. Vindo de quem pensa que pode confundir a sua vontade com a do concelho, acusando quem não alinha pelo seu diapasão de serem pessoas “que não gostam da Trofa”. Vindo de quem “gosta” da ideia de ver a Assembleia da República transformada numa câmara de gás. Não há surpresa em ver Sérgio Humberto desejar que Marcelo seja infectado. Está na sua natureza autocrática.

É interessante que, no meio de toda esta raiva encenada, Sérgio Humberto tenha afirmado que “acima de tudo, sou Trofense, e dou-me”. O que quererá isto dizer? Que a Trofa está, no entender de Sérgio Humberto, “acima de tudo e de todos”, para parafrasear Jair Bolsonaro, líder com o qual o autarca Trofense partilha algumas características? Mas, se assim é, como explicará Sérgio Humberto que tenha beneficiado, com nomeações, empregos criados de raiz e ajustes directos, amigos e militantes do seu partido? Ou que tenha transferido dezenas de milhares de euros para o embuste jornalístico Correio da Trofa, pedra angular da sua campanha de 2013, que mais não fazia do que disseminar a sua propaganda a partir da sede de campanha da coligação PSD/CDS-PP? Como é que alguém que enche o peito para dizer que acima de tudo é trofense, que aponta o dedo justicialista para acusar quem discorda de não gostar da Trofa, se sente tão à vontade de usar recursos de todos, da Trofa, em benefício dos seus e não do superior interesse do concelho da Trofa?

Não tenho explicação para tamanha contradição. Como não tenho explicação para quem deseja que um homem de 72 anos, que por acaso é Presidente da República, seja infectado pelo coronavírus, e se sujeite a falecer, só porque não lhe fez a vontade. Mais fácil será de explicar se o PSD Trofa decidir não apoiar Marcelo, que claramente não agrada a quem manda. Ou até um eventual mortal à rectaguarda, caso o discurso de Sérgio Humberto sobre o presidente incumbente mude radicalmente. Ou não estivéssemos nós perante alguém que, num curtíssimo espaço de tempo, foi passista, depois santanista, e muito crítico de Rui Rio, para acabar apoiante do actual líder o PSD.

Em todo o caso, André Ventura e o Chega assentam muito melhor a este presidente. Na forma, no método e no discurso.

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