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Edição 761

Sara decidiu ajudar as mulheres da Guiné-Bissau a terem dignidade menstrual

O projeto vai centrar-se, inicialmente, na Guiné-Bissau, em Bigene, onde as mulheres, que “não têm acesso a pensos higiénicos nem tampões” para conter o fluxo menstrual, usam “jornal, meias, miolo de pão, panos sujos e sacos de plástico”.

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Diminuir a pobreza menstrual, o absentismo escolar e laboral associado ao período menstrual por dor, vergonha ou mitos intrínsecos. Estes são os propósitos que servem de pilares ao projeto “Sublimes gotas de amor”, lançado, recentemente, pela trofense Sara Pereira.

A enfermeira, que já viveu experiências de voluntariado no Porto em São Tomé e Príncipe, decidiu “replicar” um tipo de projeto já desenvolvido por várias associações espalhadas pelo Mundo, e contribuir para “dignificar a criança, a adolescente e a mulher ao longo do seu ciclo de vida” em países em vias de desenvolvimento.
O projeto vai centrar-se, inicialmente, na Guiné-Bissau, em Bigene, onde as mulheres, que “não têm acesso a pensos higiénicos nem tampões” para conter o fluxo menstrual, usam “jornal, meias, miolo de pão, panos sujos e sacos de plástico”.
“Não têm casas de banho onde trocar os protetores menstruais nem acesso a água canalizada para higiene adequada, muito menos papel higiénico, nem sistema de recolha de lixo, que é enterrado ou queimado”, explicou Sara Pereira, em declarações ao NT.
Iniciado a solo, o projeto será agora desenvolvido em parceria com uma associação da região, através da realização de “uma formação e capacitação dos profissionais de saúde sobre tratamento de feridas e outra formação sobre educação menstrual, de 1 a 15 de abril”.
Além disso, o “Sublimes gotas de amor” ganha corpo através de kits, exclusivamente feitos pela trofense, compostos por “três pensos higiénicos de tecido de algodão reutilizáveis, um par de cuecas 100% algodão, um sabão rosa para lavagem dos pensos e roupa íntima, um sabonete para higiene pessoal e um folheto informativo sobre como utilizar os pensos higiénicos reutilizáveis e quais as instruções de lavagem”.
No arranque do projeto, e “a título particular”, Sara Pereira vai distribuir “50 kits”, com o objetivo, a médio prazo, de conseguir que aquela população feminina consiga reunir “ferramentas” para continuarem o projeto.
Além disso, a enfermeira decidiu, ainda, promover uma oficina de costura para quem estiver interessado “em aprender a fazer pensos higiénicos reutilizáveis e replicar o seu fabrico, criando uma possível fonte de rendimentos ou apenas para continuarem a ter pensos para sua utilização”.
“Quero dignificar o direito à saúde obstétrica e ginecológica de cada ser do sexo feminino e o seu direito à educação menstrual. Só com conhecimento, cada mulher poderá perceber melhor o seu corpo, os seus ciclos e o seu ritmo, fazer as suas escolhas de planeamento familiar (dentro da sua religião, cultura e crenças inerentes)”, frisou.
Este trabalho é, particularmente, desafiante na Guiné-Bissau devido à religião muçulmana e crenças culturais, sendo uma aprendizagem que tem que ser dada com muito tato e sensibilidade.
“Em parceria com formações desta área, está um elemento dedicado aos direitos humanos, sendo que este tipo de trabalho é validado para garantirmos o respeito pela cultura daquele povo e a adesão ao novo conhecimento”, explicou.

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