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Crónicas e opinião

Sábado, dia porreiro

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Numa vida feita maioritariamente de obrigações e alguns fretes, elejo o sábado como o dia “porreiro”. É neste dia que consigo pôr de lado as actividades obrigatórias e os fretes e convivo com quem quero, e comigo mesmo, e tenho mais tempo para fazer o que realmente gosto… à excepção de alguns afazeres domésticos, que garantem a estabilidade da coligação marido/mulher!
Enquanto há pessoas que para se sentirem bem têm que fazer coisas extraordinárias, e várias vezes (portanto nunca ou poucas vezes estão bem), eu tenho a sorte, nestes tempos de crise, de gostar muito de desempenhar actividades gratuitas ou baratuchas, como escrever, ler (e peço alguns livros emprestados), jogar à bola com o mesmo grupo de amigos, andar de bicicleta,… e de sonhar, conseguir fechar os olhos e viajar no tempo e no espaço! Mas depois abri-los e voltar à realidade.
Este sábado acordou soalheiro e eu quase acordei com ele… cedo. Depois de tomar o pequeno-almoço, que me garante a sustentação física, e depois de estender alguma roupa, para manter alguma harmonia no lar e garantir-me uma refeição quente, é altura do meu passeio com a Maria, a minha cadela, resgatada de uma situação de abandono.
Neste passeio, como de costume, tudo corria bem e, como é costume, a Maria fazia cocó e chichi e passeava-me com grande classe!
Numa das pausas da Maria, para cheirar mais não sei o quê, olho para o lado a ver quem passa. Quando os meus olhos retornam à cadela, ela já não estava a cheirar nada, mas sim a lamber o “cocó” de outro cão! Foi o horror!!!
Por mais liberal que possa ser quanto aos comportamentos caninos e humanos, não me choca ver um cão a sodomizar outro, ver uma matilha numa ramboiada sexual ou até uma cadela com cio a oferecer-se a qualquer cão…mas a minha Maria a lamber “cocó”, NÃO!
Em choque, o passeio foi encurtado e tomei as rédeas do mesmo e fomos directos para casa!
Em vez de me deitar, sentei-me, para não estragar o penteado, e custava-me a aceitar a lambidela da Maria no “cocó”, como deve custar a um pai ouvir da filha de treze anos que está grávida de um puto pobre, ou como me custa desfazer a barba (ainda falam as mulheres de depilação!)! O sábado, o dia porreiro, estava estragado!
Decidi sair de casa e caminhar…fui ao café!
Folheava “O Notícias da Trofa” e parei na notícia que falava do entorse do Bilinho num treino de captação do Trofense e exclamei:

– Poça, que azar?!
A Dona Micas, que estava sentada na mesa ao lado, ripostou:

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– Oh Zé, pior é se ele partisse a perna a fazer o pino!

Esta capacidade muito portuguesa de relativizar as coisas, de que pode sempre acontecer algo pior, de que há sempre alguém a passar por dramas maiores, dá-nos um aconchego, um quentinho fofinho na barriga!
A Dona Micas, sem saber, recuperou-me o dia com a sua observação. Fui para casa a pensar, “A Maria lambeu cocó, mas pior seria engravidar estando esterilizada!”.
O sábado…voltou a ser um dia porreiro!

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